Cientistas descobrem método inovador para transformar plástico em combustível
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, e do Instituto de Química Orgânica de Xangai, na China, descobriram um método único para transformar plásticos de uso único em compostos novos e úteis. Os resultados obtidos por esta pesquisa foram publicados na revista Science Advances no dia 21 de abril deste ano.
O plástico é produzido através de resinas derivadas do petróleo e pertence ao grupo dos polímeros, o que o torna bem resistente à decomposição. Este é o principal motivo pelo qual o descarte inadequado deste composto acarreta em tantos problemas. Comparativamente falando, restos de alimentos levariam apenas alguns dias para serem decompostos, já o plástico pode levar mais de 100 anos para se decompor completamente.
Todos os anos são gerados milhões de toneladas de resíduos plásticos pela humanidade, o que significa um problema ambiental seríssimo em muitos níveis. A título de exemplo, uma organização sem fins lucrativos alemã chamada Fundação Heinrich Böll divulga que apenas no Brasil são despejadas cerca de 70 mil a 190 mil toneladas de lixo no mar pela população costeira. Isto prejudica não apenas o meio ambiente, a fauna e flora marinhos, como também a saúde das pessoas, comunidades tradicionais e até a economia local por afetar o turismo, uma atividade econômica já impactada negativamente pela pandemia.
Nesse sentido, essa pesquisa visa mitigar o problema da poluição do plástico ao lhe dar um novo propósito com a transformação do material em um combustível líquido, o que permitiria a criação de uma economia circular, ou seja, um lugar onde a produtos que já não tem mais utilidade podem ser reaproveitados em algo novo. Até então, isto não era possível, visto que, de acordo com os pesquisadores, os métodos existentes tinham baixa eficiência, tempo de processamento longo, exigências de altas temperatura e energia bem como incapacidade de alterar a distribuição de produtos em prol de diferentes aplicações.
Já o novo processo descoberto pelos cientistas norte-americanos e chineses é mais eficiente, simples, requerendo metade da energia normalmente necessária para a reciclagem do material, além de não liberar gases poluentes na atmosfera. Não obstante, o processo também pode ser usado para transformar resíduos plásticos misturados em outros produtos.
Os cientistas utilizaram do processo químico conhecido como hidrocraqueamento para romper as cadeias químicas do plástico, depois adicionaram moléculas de hidrogênio para estabilizar o material resultante para uso futuro. É possível também definir qual tipo de produto será obtido com a técnica, bastando apenas regular o tempo do catalisador e da reação. Os catalisadores escolhidos podem ser utilizados também no processo de degradação de diferentes resíduos de plástico.
Entretanto, é preciso deixar claro também que a técnica ainda precisa ser melhorada a fim de poder ser usada a nível comercial. Um dos problemas, por exemplo, é o tempo do processo de degradação do plástico, que ainda está muito lento, durando mais de um dia.
Ainda assim, é uma notícia animadora para o futuro, visto que parte do combustível tão necessário na sociedade moderna poderá vir de resíduos plásticos um dia. Há muitos benefícios resultantes desta mudança, como a redução da dependência de petróleo e a reutilização de milhões de toneladas de lixo, que por sua vez não afetarão mais o meio ambiente.
Escrito por Samuel Cravo
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