Entrevista: Virgínia Helena Varotto Baroncini
Virgínia Helena Varotto Baroncini possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1994), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Paraná (2004) e doutorado em Engenharia Elétrica e Informática Industrial pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2015). É professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná desde 1996, no campus de Ponta Grossa. Tem experiência na área em Sistemas Eletrônicos e Dispositivos Fotônicos para Escoamento Multifásico.
Virgínia, sabemos que o número de mulheres na engenharia elétrica é menor do que homens, imagino que na sua época isso deveria ser ainda maior, como foi o seu processo de escolha do curso na área da Engenharia Elétrica?
A escolha de um curso superior é sempre algo marcante e desafiador, era muito jovem na época, entrei no curso de Engenharia Elétrica aos 17 anos e aos 22 anos estava formada. Confesso que fui a primeira mulher no PET e que o fato de haver poucas mulheres no curso nunca foi um incômodo, sempre me senti muito respeitada e admirada pelos amigos que fiz no curso e também pelos meus professores. Além disso, quando escolhi o curso de Engenharia Elétrica, minha madrinha de batismo já era engenheira eletricista e trabalhava na CEMIG e também uma prima havia se formado a dois anos quando entrei na faculdade. Gostava muito da área de exata, matemática e física, tinha muita curiosidade por tecnologia, por isso acredito que não poderia ter escolhido um curso melhor. Sinto-me extremamente feliz por ser engenheira eletricista formada pela UFJF.
Sabemos que o PET Elétrica nos marca de diversas formas tanto em nossas vidas pessoais quanto profissionais, mesmo depois de tanto tempo como você descreveria sua experiência no PET?
Vocês tem razão, o PET da Engenharia Elétrica da UFJF marca mesmo nossas vidas pessoais e profissionais. A minha não foi diferente, marcou intensamente e por isso sinto muita saudade. Foi uma experiência extremamente gratificante, foi o início de trabalhos em pesquisa, com bolsas para os acadêmicos. Naquela época, isso era raro pois a maioria dos professores ainda não possuíam doutorado, apenas o professor Francisco Gomes. E ele nos proporcionou uma experiência com grandes desafios que não estávamos acostumados a lidar ainda, éramos alunos que se destacavam no curso.
Como suas experiências no PET influenciaram sua escolha de carreira? Elas te proporcionaram alguma oportunidade fora da faculdade?
A minha formatura em Engenharia elétrica aconteceu em janeiro de 1995 e em fevereiro de 1995 casei e vim morar no Paraná, onde moro até hoje. Quando penso no que poderia ter feito se não tivesse casado logo que saí da faculdade… por ter participado do PET gera um pouquinho de tristeza… pois escolhi gerar uma família ao invés de crescer primeiramente profissionalmente. Porém, ter sido acadêmica de PET da Engenharia Elétrica, abriu muitas oportunidades. Em março 1995, já estava trabalhando aqui, no Paraná, como engenheira eletricista, tinha facilidade em programação o que muitos engenheiros da época não possuíam ainda. E no final de 1995, houve o curso público para professor da UTFPR, naquela época não necessitava de pós-graduação e fui aprovada em primeiro lugar. É claro, que ter sido uma petiana, ajudou-me na entrada para o mestrado na UFPR.
Atualmente você trabalha na UTFPR, poderia nos contar um pouco da sua trajetória e como é sua atuação na Universidade?
Nesse ano de 2021, completei 25 anos que trabalho na UTFPR, tenho uma profunda gratidão por trabalhar aqui, fiz grandes amigos e tive muitas oportunidades de crescimento profissional. Fiz mestrado na área de Sistemas Eletrônicos na UFPR e doutorado em Fotônica no CPGEI da UTFPR. Assumi alguns cargos de gestão na universidade, entre eles, chefe de Departamento de Engenharia Elétrica. Adoro o contato com os alunos e com os grupos de pesquisas que montamos aqui. Sinto-me muito realizada profissionalmente, estar na área acadêmica é bastante gratificante.
O que você considera fundamental para um engenheiro atualmente?
Acredito que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, por isso é importante aproveitar ao máximo as oportunidades dentro da sua faculdade. Além de ter bons conhecimentos técnicos e científicos, percebo que é muito importante ter domínio de línguas estrangeiras como inglês e espanhol, saber trabalhar em equipe, sabendo negociar e tendo um espírito de liderança, ter noção de linguagens de programação atuais. Como qualquer profissional, o engenheiro precisa estar sempre atualizado em relação às novidades da sua área de atuação.
Você gostaria de complementar com algo?
Apenas gostaria de agradecer a oportunidade de participar desse evento. Pensar que o PET da Engenharia Elétrica da UFJF, está comemorando 30 anos, me trouxe uma imensa alegria, e muitas recordações felizes do meu tempo de universidade como acadêmica e petiana. Parabéns a todos os envolvidos nesse evento e também aqueles que ajudaram a construir essa história de 30 anos… isso é uma grande conquista para todos. Um grande e forte abraço.