Entrevista: Frederico Rocha de Araújo

Entrevista: Frederico Rocha de Araújo

Frederico Rocha de Araújo é o atual presidente da ABESCO, CEO na Empresa Deode Inovação e Eficiência, é empreendedor Endeavor seletiva Dubai 2012 e investidor da Caju Blue Ltda. Graduou em Direito na Faculdade Vianna Junior no ano de 2003, realizou especializações em MBA Executivo em Gestão de Negócios pelo Ibmec RJ(2013) e em LLM em Direito Empresarial pela Ibmec RJ(2006). Fez mestrado nas áreas de Executive Master of International Business pela Georgetown University(2015), Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas(2015) e mestrado-profissionalizante em Executive Master of International Business pela ESADE Business School – Barcelona Campus(2015). 

Frederico atua também como voluntário na GEMA (Grupo Espirita Mão Acolhe), assistência a população de baixa renda, visando apoio para a subsistência, foi sócio fundador e responsável pela área societária e internacional da Rocha & Araújo Advogados durante sete anos. Entre os anos de 2010 e 2012, atuou na área de Gerente Administrativo e Expansão da Novaprolink Tecnologia Ltda. e entre 2007 e 2013 nas áreas de Sócio e Coordenador Acadêmico da Novaprolink School, parceria essa com o Ibmec. Presidiu a G10 Educação e Consultoria por três anos, foi fundador e membro do Conselho Vulcanotech Colômbia e atuou como Gerente Administrativo na Thomson Reuters de setembro de 2012 à abril de 2013. 

No ano de 2016, Frederico começou na Deode Inovação e Energia como Diretor Executivo com um rendimento anual de 180 mil reais e um débito de 400 mil reais. Com mudança de estratégia, a equipe trabalhou para assim, quatro anos depois, conseguir eliminar todo o débito e atingir 35 milhões de receita. 

Você considera que a formação em Direito contribuiu para você gerir uma empresa?

A formação em Direito me possibilitou ter uma visão geral da empresa, bem como conhecimento específico nas normas que envolvem por exemplo direito do trabalho, civil (contratos), empresarial (regras de abertura de empresas, atos constitutivos e acordos entre sócios), tributário e administrativo. Isso contribui demais tanto para agilizar o processo de tomada de decisão como tomá-la de forma mais assertiva e segura. Sempre digo que o Direito dá uma visão muito boa da relação nossa com a sociedade de forma geral.

Você considera que as atividades extracurriculares das quais participou durante a faculdade te agregaram para chegar onde você chegou?

Sim. Todo e qualquer conhecimento que os estudantes consigam adquirir durante a faculdade é super válido para ampliar a visão das possiblidades futuras do mercado de trabalho e ainda aumentar as competências técnicas (hard skills) e habilidades (soft skills). Essas últimas estão mais em atividades práticas como estágios, projetos de pesquisa, empresas júniores, dentro outras atividades práticas. Para aqueles que consigam aplicar para estágios, projetos de pesquisa ou intercambio fora do país é super válido, pois experiencias internacionais contribuem muito não só para o aprendizado específico, mas principalmente para expandir a visão de mundo e cultura geral. 

Você sendo mestre em Negócios Internacionais pela Georgetown University – Washington DC e em em Estratégia pela ESADE – Barcelona, como descreveria a experiência de estudar em universidades do exterior?

Descreveria como uma experiência única em minha vida, não só pela diferença de metodologia de ensino e estrutura das universidades, mas por conseguir ter uma troca de conhecimento com pessoas do mundo todo, com diferentes históricos profissionais e acadêmicos, diferentes culturas, visões de mundo e forma de tomadas de decisão, por exemplo. Assim, foi super enriquecedor para minha vida profissional e pessoal. Foram 30 alunos de vários países do mundo, sendo apenas 3 brasileiros. Mantenho contato constante com boa parte destes profissionais o network é incrível. Além disso, o nível acadêmico das instituições, a metodologia e cobrança é muito diferente do Brasil. Não posso deixar de dizer que foi a realização de um sonho. Também ano passado tive a oportunidade de realizar outro sonho que foi estudar em Harvard. Fiz um dos melhores cursos de negociação do mundo lá. Novamente participei de uma turma internacional com 140 alunos de várias nacionalidades, sendo cerca de 20 deles brasileiros. Outro momento de muita troca de conhecimento que torna o aprendizado muito mais completo. 

O que te levou a investir na DEODE, uma empresa de inovação e eficiente voltada para Engenharia e se dedicar todos esses anos? Qual você considera ter sido o maior desafio durante o crescimento da DEODE? 

Acho que primeiramente é importante destacar que me considero um empreendedor. Já desenvolvi vários negócios que passaram por escritório de advocacia, cursos de pós-graduação e formação executiva, indústria de móveis, TI, educação profissional e agora engenharia. Ao estudar o negócio da Deode percebi uma oportunidade de investir e desenvolver um negócio de grande impacto socioambiental e inovação tecnologia, com o mesmo propósito. Sendo assim, iniciei a Deode em 2012 com outros 2 sócios, mas em 2016 que comecei a trabalhar na empresa, momento que assumi a gestão. Vivenciamos vários desafios deste a criação da empresa e em 2016 tivemos que definir uma reestruturação, buscar novos sócios que complementassem as competências que faltava aos fundadores e atrair capital. Fizemos o dever de casa e vivemos os primeiros anos focados em nossa proposta de valor, mesmo sem lucratividade. E acredito que tivemos algum sucesso neste foco. Agora em 2020 estamos prontos para um crescimento ainda mais agressivo para os próximos anos e todo o mundo foi surpreendido com o COVID19. Algo que não era esperado e que afetou todo o mundo em questão de 5 meses. Gerenciar essa crise cheia de incertezas e que não há nenhuma experiência no passado que conseguimos aprender com ela, sem dúvida nenhuma é o maior desafio que estamos vivendo na Deode. Isso porque a cada dia uma mudança no mercado afeta a tomada de decisão do dia anterior e temos que rever a direção e dar novos rumos para a empresa. Todo o planejamento estratégico está sendo revisto e estamos tendo que repensar ou antecipar várias ações, buscando nos adaptar ao mercado presente e futuro. Ainda tomar todas as decisões pensando na família Deode, que hoje somam 62 pessoas. Isso é super desafiador. 

Quais são as características que você considera importante para se tornar um bom CEO?

Logicamente que para chegar a liderar bem uma empresa é necessário conhecimento e experiência de vida e profissional, porém habilidades como relacionamento interpessoal, liderança, empatia, flexibilidade, resiliência, criatividade e capacidade de se adaptar são fundamentais, principalmente em países instáveis como o Brasil. Quanto mais você tiver dos atributos e habilidade mencionadas você conseguirá encurtar o caminho para o sucesso, reduzindo os erros. Isso é natural. Quanto mais você tem uma mente aberta para aprender, independentemente da sua experiência e cargo, você será um melhor líder e CEO. Sugiro que quem quiser essa posição de liderança, deve começar hoje sendo um ótimo estagiário e trabalhando em todas as posições de base possíveis. Isso também lhe dará empatia e experiência na base para a sua construção do CEO que você quer ser.

Você considera a motivação no ambiente de trabalho importante? 

Motivação é tudo em nossas vidas. Tecnicamente é mover, ou seja, é o impulso interno que leva a ação. O problema é que muitos colocam a motivação nas mãos dos outros. Nunca podemos esquecer que ela nasce e está dentro de nós mesmos. As empresas, a sociedade, nossos amigos e nossas famílias podem alimentar a nossas motivações, mas se não conseguimos ter o que nos move, não sairemos do lugar. Falando do ambiente de trabalho, creio que as empresas e seus líderes devem que ter uma atenção especial em promover um ambiente de trabalho onde as pessoas possam explorar as suas motivações. Assim, esse ambiente acaba por criar um meio pelo qual as pessoas exploram ao máximo seus motivos internos e desenvolver o máximo do seu potencial. 

Como é sua atuação profissional em outros países?

Durante a minha carreira tive a oportunidade de trabalhar em diversos países, atuando como advogado, na área de educação e em negócios. Hoje em dia a empresa tem atuação eminentemente nacional e fazemos compras internacionais, principalmente com a China. Estamos abrindo uma nova empresa que fará a fabricação dos seus produtos na China a partir do final do segundo semestre deste ano. Além disso, temos constante contato com o exterior para buscar conhecimento em congresso e feiras internacionais. 

Qual sua proposta para presidência da ABESCO durante esses próximos dois anos? Você considera que o coronavírus será um fator negativo para posicionar a Abesco ainda mais forte externamente?

Na Abesco estou focado nos próximos 2 anos em fortalecer institucionalmente e politicamente a instituição, além de buscar amadurecer o mercado de ESCOs no Brasil. Acredito que tem um mercado muito interessante no Brasil para serviços de conservação de energia que ainda é muito incipiente. Temos espaço para consolidação do setor no Brasil, mas ainda precisamos de consolidar instrumentos jurídicos e financeiros. 

A COVID19 tem sido um desafio para o setor, visto que temos tido muitas incertezas sobre a manutenção ou não do Programa de Eficiência Energética – PEE Aneel, que hoje é uma importante fonte de financiamento para as ações de eficiência energética no país. Por outro lado, neste momento desafiador temos tido a oportunidade de aproximar de vários stackeholders importantes, como Aneel, Ministério das Minas e Energia – MME, Empresa de Pesquisa Energética – EPE, Câmara dos Deputados e Senado Federal. Há três semana, fiz uma conversa com o Ministro Bento Albuquerque e secretários do MME e na semana passada com o Presidente e toda a diretoria da Aneel, além de todos os dias falar com deputados e senadores, buscando uma integração para reduzir incertezas e fortalecer o setor no pós pandemia. 


Camilla Schettino