S-PARK: Energia Limpa a uma pedala de distância

S-PARK: Energia Limpa a uma pedala de distância

Não é novidade para ninguém que o uso de energia elétrica é imprescindível no dia a dia da sociedade moderna. Usamos a eletricidade para carregar nossos celulares e computadores, para nos comunicarmos, para nos locomovermos, para congelar nossos alimentos e até para nosso conforto, ou seja, usamos para tudo e a todo momento.

Nos últimos anos, entretanto, muito tem sido discutido acerca das formas de geração de energia elétrica e seus impactos no meio ambiente e a busca por energias limpas está cada vez maior. Muitos países vêm trabalhando por anos em formas de substituir gradualmente suas matrizes energéticas baseadas em carvão, petróleo e outros combustíveis fósseis por meios considerados menos danosos ao meio ambiente, tornando a matriz mais sustentável e limpa.

Mas esse assunto não cabe apenas às grandes nações. É possível observar esse movimento em estados, cidades, bairros e até mesmo casas individuais. A instalação de placas solares está cada vez mais presente nas residências e edifícios no geral, que auxiliam na redução das contas de luz por requisitar um suprimento menor de energia dos sistemas de distribuição e transmissão, que consequentemente reduz a necessidade de geração de energia elétrica das usinas, e por fim, também reduz os impactos ambientais que seriam causados por essa geração.

Contextualização

A cidade de Amsterdã, na Holanda, possui planos de operar com 25% da energia gasta pela cidade sendo de fontes renováveis. Mas o desafio é muito maior que gerar energia proveniente de fontes renováveis, uma vez que Amsterdã, principalmente nos pontos centrais, não permite o uso de painéis solares devido à quantidade de monumentos históricos e edifícios protegidos e também pela falta de espaço para a implementação de outros dispositivos e infraestrutura necessárias para a utilização em massa desse tipo de energia, como subestações de distribuição de energia e transformadores, que também causam poluição visual e sonora. 

E é nesse contexto de menor porte que entram projetos como o S-PARK, que pretende combinar lazer, produção de energia elétrica limpa, práticas saudáveis para o ser humano e que ajudam na redução de emissão de gases provenientes da queima de combustíveis em automóveis.

Cidade de Amsterdã.

S-PARK

Mas o que é o S-PARK afinal? Trata-se de um projeto de um bicicletário que contém um propósito que vai além de ser um mero “estacionamento” de bicicletas.

Vista superior do S–PARK.

O S-PARK visa aproveitar a energia mecânica utilizada durante o uso de bicicletas por parte de membros de uma vizinhança ou comunidade, transformando em energia elétrica e armazenando essa energia em baterias. Para isso, as bicicletas deverão ser adaptadas com rodas frontais que permitem a realização de todo esse processo. Ao chegar em casa depois da pedalada, os moradores estacionarão suas bicicletas no bicicletário que distribuirá a energia gerada e armazenada anteriormente na rede elétrica local. 

Funcionamento do S-PARK.

As vantagens do projeto são diversas. A estimativa da energia elétrica gerada por 30 bicicletas, em que cada uma circula aproximadamente 3,6 km por dia, é de aproximadamente 1 kWh, ou seja, para cada 108 km pedalados, é gerado 1 kWh de energia elétrica. Para efeitos de comparação, estima-se que essa energia gerada pode ser o suficiente para alimentar toda a iluminação pública das redondezas do bicicletário ou para compensar o gasto de uma geladeira ao longo de um dia. Para o meio ambiente, estima-se uma redução na emissão de CO2 no ar em mais de 600 kg do gás ao ano, devido à redução da queima de combustíveis. Além disso, ainda podemos citar o incentivo à prática do ciclismo, que é muito benéfica para a saúde dos praticantes, o design do bicicletário, que é pouco invasivo na paisagem, podendo simplesmente substituir os bicicletários antigos sem causar poluição visual, e por fim, a redução dos gastos públicos com transporte público e infraestrutura para automóveis.

O S-PARK é um projeto que veio a princípio com o intuito de mudar uma cidade que “não pode” ser mudada, Amsterdã. Além das vantagens já citadas, ainda possui grande sinergia com os próprios hábitos dos cidadãos, uma vez que a cultura do ciclismo já é bem disseminada por lá, tendo um aumento de 40% nas atividades relacionadas ao ciclismo nos últimos 20 anos, o que fez com que a Câmara Municipal de Amsterdã investisse quase meio bilhão de reais em ciclovias e vagas de estacionamento para bicicletas na última década. Entretanto, nada impede a aplicação desse mesmo tipo de projeto em qualquer outro lugar do mundo.

O projeto foi idealizado por Guillaume Roukhomovsky e Blaž Verhnjak, e ganhou o prémio da categoria FUTURE IMPACT (Impacto Futuro) pela D&AD 2019 que é um evento que premia a criação de designs criativos e inovadores. O projeto também foi finalista no INDEX AWARD 2019, que celebra a criação de projetos inovadores que possuem o objetivo de mudar o mundo.

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Referências:

https://guillaumeroukhomovsky.com/s-park.php

https://cleanenergychallenge.whatdesigncando.com/projects/s-park/

https://theindexproject.org/post/s-park

https://www.archdaily.com.br/br/01-183178/o-plano-de-amsterda-para-aumentar-ainda-mais-sua-infraestrutura-para-o-ciclismo-urbano

Autor: Carlos Eduardo Duarte.

Carlos Eduardo Duarte dos Santos