Robô maleável ‘veste’ o coração para manter o batimento normal

Robô maleável ‘veste’ o coração para manter o batimento normal

‘Luva’ foi criada como alternativa ao intrincado transplante do órgão

Um mecanismo desenvolvido não só para ajudar um coração debilitado a bater, mas também para permitir que o músculo recupere forças e funções perdidas. A revista “Science Translational Medicine” publicou, em sua mais recente edição, o resumo de um estudo que pode ser um alento a pacientes com insuficiência cardíaca em estágio avançado e que, por uma série de razões, não podem se submeter a um transplante.

Pesquisadores da Universidade de Harvard e do Hospital Infantil de Boston desenvolveram esse chamado “robô de forma maleável”, que, posicionado em volta do coração, é capaz de se torcer e de se comprimir concomitantemente ao músculo cardíaco. O aparelho é composto por um invólucro de silicone com atuadores pneumáticos.

Movidos por uma bomba de ar, esses atuadores podem expandir-se, contrair-se e torcer-se para auxiliar os músculos do coração. Enquanto um conjunto de atuadores se expande e contrai, outro fica responsável por “girar” todo o invólucro – o que resulta num movimento muito similar ao do coração.

Na verdade, existem atualmente, no mercado, alguns artifícios similares. Mas o grande avanço garantido pelo novo robô reside no fato de ele não entrar em contato direto com o sangue, diminuindo, assim, o risco de formação de coágulos – e, consequentemente, eliminando a necessidade de o paciente ter que tomar medicamentos anticoagulantes, conhecidos por “ralearem o sangue”.

Experiências feitas com o invento em animais (no caso, porcos) cujos corações só operavam com 47% de sua capacidade mostraram que eles, após a implantação do robô, retornaram suas funções a 97%. De acordo com a cientista Ellen Roche, o aparelho pode ser “customizado”: se o coração apresenta uma debilidade maior no lado esquerdo, por exemplo, os atuadores ali situados podem ser ajustados para fazer mais força – assim como vão aplicando menos força com o tempo, conforme a evolução do paciente.

Um campo propício à pesquisa

Como o dispositivo foi testado apenas em porcos (que, na verdade, tiveram sua atividade cardíaca reduzida), a revista salienta que mais testes e mudanças de engenharia são necessários antes que o aparelho possa ser efetivamente empregado em seres humanos. De toda forma, o sucesso do dispositivo até agora mostra que aparelhos robóticos mecânicos de forma maleável podem ser uma área interessante para pesquisa médica.

“Esse trabalho é uma interessante prova conceitual para robôs de forma maleável, mostrando que eles podem interagir de maneira segura com tecidos moles e levar a melhorias na função cardíaca”, assegura Conor Walsh, um dos autores do estudo.

FLASH

Um estudo publicado na revista “Arquivos Brasileiros de Cardiologia”, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mostra que 50 mil pessoas morrem por ano no país por complicações cardíacas.

Fonte : O Tempo

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