País terá 10 mil MW de bioenergia até 2020

SÃO PAULO – A co-geração de energia elétrica por biomassa no Brasil deve aumentar, em dez anos, para mais de 10 mil megawatts (MW), que serão ofertados em leilão e no mercado livre. A previsão é de Carlos Silvestrin, presidente da Associação da Indústria de Co-geração de Energia (Cogen).Atualmente, essa co-geração soma 5.400 MW instalados.

Segundo Silvestrin, desde 2005 foram comercializados 3.700 MW em leilões regulamentados.

Ainda de acordo com a Cogen e com o Programa Bioeletricidade 2011-2020, a participação na matriz elétrica brasileira das usinas a biomassa movidas a partir do bagaço de cana-de-açúcar deve passar do patamar atual de 4% para 12% no período.

“O mundo todo caminha para o sistema de co-geração de energia a partir de uma única fonte”, disse o presidente da Cogen.


Para Zilmar José de Souza, assessor de bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em 2009 o mercado de biomassa, através da produção de cana-de-açúcar, obteve uma boa performance: “Foi a fonte que mais agregou capacidade instalada: 1.112 MW no ano. Superamos as térmicas convencionais e as grandes hidroelétricas”, afirmou o assessor da Unica.

Ainda segundo Souza, o número de usinas saltou de 88, em 2008, para 100, no último ano. “Hoje, das 438 usinas do setor sucroenergético, 100 estão conectadas exportando bioeletricidade. Isso representa pouco mais de 20% do total”, explicou o assessor.

Apesar do bom desempenho do setor bioelétrico, Souza afirmou que não há apoio efetivo ao segmento por parte do governo federal. “Os investimentos são da iniciativa privada. Há a necessidade de se pensar em uma política setorial definida para as fontes alternativas”, acrescentou.

O setor de bioeletricidade brasileiro registrou expansão de 33% nas vendas de energia para o sistema interligado em 2009. Dados preliminares do Ministério de Minas e Energia (MME ) – aos quais a Unica teve acesso – apontam que foram exportados 5.872 gigawatts-hora (GWh) no último ano, ante 4.408 GWh em todo o ano de 2008.

Segundo o presidente da Cogen, o Brasil se destaca no cenário mundial porque conta com “47% de energia limpa, além de ser rico em fontes renováveis e generoso em termos de fontes de energia”. Outros países, no entanto, encontram-se abaixo deste percentual. “Geralmente, estão a um patamar bem abaixo [do brasileiro], em 20%. Países como a China, por exemplo, utilizam muita queima de carvão”, completou.

Apesar do destaque internacional no setor de biomassa, o governo brasileiro, segundo Zilmar de Souza, foi questionado em 2009. “Foi criticado por ter realizado leilões com uma quantidade alta de térmicas sujas, fato que pode refletir-se em 2014, 2015, quando tais empresas começaram a produzir queima [de energia]”, afirmou. Mas, o assessor faz uma ressalva: “Agora mudou-se o tom, e no primeiro semestre será realizado um leilão para o setor de eólicas, biomassa e pequenas centrais hidroelétricas, que são fontes alternativas”, concluiu.

Grupo USJ

O grupo USJ quer habilitar as termoelétricas a biomassa São João, de Araras (interior de São Paulo), e São Francisco, de Quirinópolis (GO), no leilão de energia de reserva, que será realizado no primeiro semestre deste ano.

Narciso Bertholdi, diretor comercial do Grupo USJ, contou ao DCI que há projetos para 2020. “Estima-se que teremos 280 MW instalados e para exportação um milhão MWh por ano. Será um investimento de R$ 800 milhões [valor que inclui um projeto em construção]”, afirmou. O diretor explicou que esse valor de R$ 800 milhões é especificamente direcionado aos projetos de co-geração do grupo.

Atualmente, o grupo tem três usinas (uma em construção). “Temos 92 MW instalados, com 170 mil megawatts-hora por ano para exportar”, afirmou.

Para participar do leilão, a unidade paulista depende da análise de viabilidade da expansão da potência instalada. O projeto de revitalização inclui um retrofit com troca de caldeiras 21 bar por equipamentos de 100 bar e a ampliação da co-geração existente de 12 MW para 70 MW. O investimento para tal projeto está calculado em R$ 200 milhões.

Fonte: DCI – Diário do Comércio, Industria & Serviços

Arthur Reis