O Brasil e a crise: como o setor de tecnologia está respondendo a atual situação econômica

Todos os bdias nos deparamos com notícias acerca da crise financeira que assola o Brasil, as previsões para alguns chegam a ser apocalípticas, achando que sua tendência é apenas se agravar nos próximos anos. Apesar disso, diversas pesquisas tem apontado um percurso diferente para o mercado de Tecnologia, representando uma verdadeira oposição ao que encontramos no mercado hoje.

Do ponto de vista dos profissionais, uma pesquisa da Landing.jobs, plataforma dedicada a arranjar empregos em TI (Tecnologia da Informação) no exterior, com 570 profissionais cadastrados no Brasil mostra que eles estão de olho no mercado lá fora: 45% pensam em sair do país por causa da possibilidade de crescimento profissional no exterior. A segurança é motivo para 12%.

A crise dos profissionais de TI

Para a Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), até 2020 o setor precisará de 750 mil novos trabalhadores qualificados, o que significa que até mesmo os jovens que ainda não se decidiram por nenhuma formação podem encontrar vagas na área de TI, disputando as vagas que não exigem muitas qualificações. Para os dispostos a estudar, muitos cargos promissores prometem ser abertos ao longo dos próximos cinco anos. Atualmente, a cidade de São Paulo lidera a lista das que mais empregam, com 32% das oportunidades anunciadas, Rio de Janeiro com 9,97%, seguido de Porto Alegre (9,77%), Curitiba (4,78%) e Belo Horizonte (3,66%).id146161

Para Daniel Rodrigues Costa, presidente da Catho, “As empresas precisam reduzir custos, melhorar processos, gerar novas oportunidades de negócios e a tecnologia hoje resolve isso”. E com esse bom panorama do aumento de vagas na área, o mercado de TI brasileiro pode ficar bem acima do PIB nacional e deve terminar 2015 como o sexto setor com mais investimentos (algo estimado em torno de 10%) o que pode trazer um fôlego tanto para a economia nacional, quanto para as próprias empresas.

O Programa Brasil Mais TI, do Governo Federal, é uma das muitas oportunidades para quem se interessa pela área. São 30 cursos gratuitos de educação à distância, todos voltados para tecnologia da informação. Os interessados em participar dos mesmos podem conferir a lista de cursos disponíveis no site do programa e se inscrever também. Uma das coisas mais interessantes neste projeto é o simulador de vida nele presente, onde a pessoa coloca as pretensões de salário e padrão de vida e descobre quais as ocupações dentro do TI pode escolher para atingir essa metas.

Em 2015, dentro do mercado de tecnologia, as áreas mais procuradas são desenvolvimento de sistema (análise e programação), infraestrutura (suporte e funcionamento das redes e dispositivos) e comercial em TI (vendas e marketing).

Empreendedorismo

Um dos pontos mais fortes da área de TI é o seu potencial no campo do empreendedorismo, algumas das principais encubadoras de projetos do país afirmam que de cada 10 projetos que chegam, oito são na área de TI. Este é o caso da Proine, uma incubadora ligada à Universidade Federal de Goiás, onde quase todos os participantes atuam no desenvolvimento de apps e outras soluções em TI.

Outro fenômeno do empreendedorismo moderno são as startups, que também tem as áreas tecnológicas como seu maior destaque. “Uma startup é uma empresa que tá começando, que normalmente está testando uma ideia nova em um mercado que tem bastante potencial de crescimento. Ela é uma empresa que tem poucas pessoas, enxuta, com um custo muito baixo no início, porque ela ainda está testando a ideia e, neste momento, normalmente ela não ganha dinheiro”, explica André Diamand, presidente da Associação Brasileira de Startups.

O fato é, este mercado em franca ascensão tem na criatividade a sua principal força motriz, o que vemos são milhares de pessoas comprometidas na resolução de problemas e na tentativa de se criar um mundo mais simples e descomplicado. Em Campinas, no interior de São Paulo, uma empresa está contratando funcionários para criarem, simples assim. Eles criaram um espaço chamado de garagem. Os funcionários podem inventar produtos como um que ajudou a reduzir a conta de luz, em R$ 18 mil por ano.

Fatores negativos da crise para TI

Claro que nem tudo são flores, uma crise financeira sempre vai gerar também diferentes problemas que devem ser enfrentados. Uma das coisas que foram apontadas este ano foi o aumento da rotatividade nas empresas do setor. Segundo o censo anual do mercado de Tecnologia da Informação, que é feito pela Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro Nacional), a rotatividade no mercado de trabalho do setor é maior no Brasil que a média da AmSem títuloérica Latina.

Segundo esta pesquisa, cada empresa brasileira de TI contratou 33 e demitiu 31 profissionais ao longo do ano, um saldo positivo para o mercado, mas preocupante para quem quer construir uma carreira longa e progredir dentro de uma só empresa.

“A crise econômica e até mesmo a escassez de mão-de-obra qualificada explicam essa alta rotatividade e a dificuldade das empresas brasileiras em segurarem os funcionários”, diz o presidente da Assespro Nacional, Jeovani Salomão.

Ainda de acordo com o censo de 2014, 62,2% dos empresários entrevistados empregaram, no máximo, oito profissionais. Já 58,7% das companhias registraram até oito desligamentos voluntários e 52,3% acabaram demitindo o mesmo número de funcionários.

A alta do dólar também traz algumas consequências negativas, como o encarecimento dos “materiais” de trabalho, que sofrem mais ainda com preços caros por causa da discrepância da moeda. É isso que afirma Davi Paladini, mestrando na área TI pelo Inmetro: “alta impactará diretamente nos custos de infraestrutura, fazendo os orçamentos ficarem reduzidos. Além disso, o capital estrangeiro foge do Brasil com essa alta volatilidade do dólar, pois investir em projetos de software, que apresentam resultados em médio/longo prazo passam a ter riscos altos demais. A alta do dólar pode apresentar uma redução no custo da mão-de-obra brasileira no cenário internacional, porém o medo da volatilidade não tornará isso num fator positivo.”r

Os desenvolvedores de jogos

Atualmente no Brasil, 32% dos usuários de smartphone têm nos games o seu principal fator de atração. A mesma pesquisa, indica que o Brasil espera aumentar em até 50% o número de celulares no país até 2017, indo dos 49 milhões atuais para 72 milhões, mostrando que este mercado está funcionando a pleno vapor e desenvolvimento.

Ainda que a maioria dos nossos entrevistados acredite que o setor ainda esteja começando no Brasil, quase todos parecem estar empolgados com as possibilidades nesta área. Rafael Bringel, Lead Programmer e GameDesigner na Dumativa, fala um pouco sobre esse crescimento:

“A médio prazo a maior mudança foi a inclusão de quase 60 milhões de brasileiros no mercado de jogos por conta da popularização dos Smartphones. No curto prazo é a questão da facilidade de produção para esses meios, hoje é muito mais barato produzir para celular em termos de custo de equipamento e licenciamento, apesar de produzir jogo pra celular (que seja rentável) exige bastante tempo e experiência. O mercado de jogos ainda é experimental, nem todo jogo que funciona nos consoles funcionam no celular e vice-versa, isso facilita a gente poder inovar.”

Segundo ele, o Brasil é o 11º mercado consumidor de games e só aumenta o número de seus jogadores. Apesar de criticar a baixa injeção de capital no setor, a qual dificulta a competição, ele acredita que o volume de mercado é grande o suficiente para compensar esta defasagem, além disso, para ele, como desenvolvedor, é muito mais fácil falar com o brasileiro do que com o público internacional. Certamente isto não inviabiliza seus planos de exportar o que ele produz aqui; ele enxerga os mercados da Coréia do Sul, dos países do Mar do Norte e da Rússia como excelentes oportunidades de se fazer negócio.

Apesar dos depoimentos positivos, nem todos concordam com esta visão do mercado brasileiro, como é o caso de Davi Paladini. Para ele o país ainda engatinha nessa área. Apesar de bons projetos, existe um grande vazio na área de pesquisa. Para Davi, a solução é deixar o país para explorar outros mercados:

“Já tive experiência trabalhando fora do Brasil e meu projeto pessoal sair daqui assim que terminar o mestrado. Meu objetivo atual é a Irlanda, por ter identificação com a cultura e pelo mercado de trabalho na área de TI estar crescendo e com bons salários em Euro. A Irlanda foi considerada o “Tigre Celta” no começo dos anos 2000 e decaiu muito com a crise econômica de 2008. Contudo vem apresentando novamente um boom no mercado de TI.”

 

Fonte: Tudo CelularLogo Pet 2

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