High-Speed Rail(HSR)
A possibilidade de viajar longas distâncias num curto período de tempo é um dos avanços mais interessantes que a engenharia traz à sociedade. No último século, com o surgimento da High-Speed Rail(HSR)*, a melhoria nessa área é quase inacreditável. Para ter uma ideia, a linha de alta velocidade que conecta Shanghai à Beijing, duas dentre as mais importantes cidades da China, permite você percorrer os 1.318km que as separam em menos de 5 horas, uma redução de mais da metade do tempo que levava antes da tecnologia ser implementada.
Para melhor entendimento desta revolucionária tecnologia, podemos começar abordando 3 questões:
* Termo adaptado em português: “Alta Velocidade Ferroviária”.
1 – O que é isso?
Há muitas definições para o que é High-Speed Rail. De maneira geral, podemos definir como uma tecnologia que consiste de dois principais fatores: trens de alta velocidade (TAV), que viajam no mínimo em torno de 200 à 250 quilômetros por hora; e linhas dedicadas, que possuem curvas suaves, colinas pouco íngremes, e outros fatores topográficos que permitem o trem viajar sem perder aceleração frequentemente.
2 – Que vantagens isso tem?
O tempo rápido de viagem, o conforto dos trens, e os preços acessíveis de passagem são as principais vantagens que esse meio de transporte tem a oferecer pros passageiros. Além disso, são uma alternativa de transporte mais sustentável e possibilitam conectar comunidades fragmentadas.
3 – Onde começou?
A primeira rede ferroviária com essa tecnologia foi a famosa Shinkansen no Japão, que iniciou em 1964 e reduziu o tempo de viagem de Tokyo à Osaka em 2 horas. Por muitas décadas, o país foi o líder mundial no setor, mas atualmente o cenário é diferente. Observe a quantidade de trilhos de alta velocidade por país:
Situação da China:
Pela imagem, podemos perceber que a China é a líder em linhas de alta velocidade construídas, com cerca de 38.000 km em 2019 e uma diferença enorme em relação aos outros países. Mais surpreendente é que em 2008 eles tinham apenas 117 km.
Para o país, a construção dessas linhas é de extrema importância. Em 2018, China possuía 6 megacidades, enquanto Estados Unidos, Brasil e Japão possuíam duas cada, o Reino Unido apenas uma, etc. Eles são o país mais populoso do mundo, com quase 1,411 bilhões de habitantes atualmente. Por isso, eles investiram intensivamente em HSR, e tornaram o preço da passagem do trem relativamente barata (cerca de 4 vezes mais barato que na Europa), para eles o impacto econômico do câmbio de pessoas entre essas cidades é muito mais importante que o lucro com o preço da passagem.
Atualmente, cerca de 75% dos países com mais de 500 mil habitantes estão conectados por linhas de alta velocidade, e é esperado que eles tenham 70.000km de linhas dedicadas em 2035. Os engenheiros responsáveis lidam com um desafio enorme, considerando o enorme território da China e sua tremenda variedade em terreno, geologia e clima.
Na imagem abaixo, podemos observar o crescimento de sua HSR ao longo dos anos:
Caso dos Estados Unidos:
Considerando o poder tecnológico dos Estados Unidos, é estranho que o país não esteja alto no ranking de linhas de alta velocidade construídas. Muitas razões são atribuídas para explicar isso, dentre elas temos:
- A construção de linhas ferroviárias é uma tarefa dividida em muitas empresas e agências.
- Não possuem uma população tão concentrada quanto a de outros países.
- O problema com direitos de propriedade nas terras ideias para construção de linhas dedicadas.
Houve uma tentativa de fazer uma linha de alta velocidade na Califórnia, mas não foi concluída. O projeto foi fechado no governo Trump mas recentemente foi restaurado por Biden.
Caso do Brasil:
Durante o governo Lula e posteriormente de Dilma, foi anunciada a meta de conectar Rio de Janeiro e São Paulo por HSR. O projeto buscava criar o primeiro trem bala brasileiro, e foi criado uma estatal para gerenciar a tarefa, a ETAV. No fim, o prazo foi prorrogado diversas vezes, e ao fim do governo não tinha sido implementado. Em 2014, o político José Serra confessou ter atrasado o projeto propositalmente ao incluir Campinas para atrasar os estudos. A estatal responsável, a ETAV, foi transformada em EPL, e recentemente fundida à Valec formando a Infra S.A
Nem Temer nem Bolsonaro tentaram restaurar o projeto em seus governos. Ainda assim, rumores de um possível trem bala brasileiro são frequentes. Como alternativa, a Hyperloop Transportation Technologies (HyerloopTT) demonstrou interesse no país, realizou uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e junto estão estudando a criação um sistema hyperloop em Porto Alegre, capaz de viajar mais de 1000 km/h. Por enquanto, não se sabe muito sobre o projeto.
Autor: Gustavo Elias Cândido
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