Estudo afirma que Europa pode ter matriz 100% renovável até 2050
Para atingir a meta, seriam necessários fortes investimentos em transmissão e em geração eólica e solar
Um sistema de transmissão totalmente integrado, capaz de fazer a energia transitar com facilidade por entre países, e o aproveitamento dos potenciais eólico e solar são apontados como caminho chave para que a Europa aumente a participação das fontes renováveis em sua matriz energética. Com essas estratégias e fortes investimentos, o continente poderia chegar a 2030 com 68% de sua energia gerada por fontes renováveis e, em 2050, ter uma matriz até 97% limpa. A conclusão é apresentada no estudo Battle of the Grids, lançado pelo Greenpeace na última semana.
O documento traça dois possíveis cenários para atingir as ousadas metas. Em um deles, chamado “high grid”, a Europa seria conectada ao Norte da África, o que permitiria ao bloco aproveitar a forte irradiação solar do continente africano para gerar energia. Com isso, os custos com produção de energia seriam menores, mas a transmissão exigiria mais recursos: estima-se que a solução custaria 581 bilhões de euros entre 2030 e 2050.
Já no cenário “low grid”, as usinas geradores se concentrariam em regiões com maior demanda, como grandes cidades e centros indutriais, o que reduziria os custos com a construção de linhas de transmissão. Nesse cenário, a rede receberia investimentos de apenas 74 bilhões de euros, mas os gastos disparariam na outra ponta, a de geração – uma vez que painéis solares acabariam instalados em regiões com menor potencial.
As principais fontes apontadas como o caminho para uma matriz renovável são a solar e a eólica – com usinas nucleares e movidas a gás natural perdendo espaço. O estudo prevê que, até 2030, a geração a gás servirá para cobrir a instabilidade dos ventos e do sol. A partir daí, essas plantas seriam substituídas por fontes limpas que também podem ser acionadas como reserva – hidrelétricas, geotérmicas, energia solar concentrada (CSP) e biomassa. Ja as usinas nucleares perderiam sua função justamente por sua característica de operar na base do sistema.
A ideia é de que, até 2030, sejam necessários 70 bilhões de euros em infraestrutura de redes para garantir segurança energética por 24 horas ao dia mesmo com 68% de energia limpa. Os especialistas apontam que, atualmente, turbinas eólicas chegam a ser desligadas em momentos de sobra de energia no sistema europeu, uma vez que fontes que operam na base, como a nuclear, ganham vantagem na hora de serem despachadas.
O estudo lembra que a rede também precisará evoluir rumo às smart grids – as linhas inteligentes. A necessidade aparecerá com a expansão da microgeração distribuída – com turbinas eólicas, painéis solares e sistemas de cogeração conectados ao sistema e enviando energia para a rede.
Clique aqui para acessar o documento do Greenpeace.`
Fonte: Jornal da Energia