Drones do bem vigiam o trânsito e monitoram enchentes
Os drones do bem vão “espionar” coisas como acidentes de trânsito, congestionamentos e rios que podem transbordar a qualquer momento. [Imagem: Fernanda Vilela/ICMC]
O site de varejo Amazon causou estardalhaço ao anunciar que está pensando em adotar drones para fazer suas entregas.
Já há algum tempo os pesquisadores na área afirmam que os quadricópteros podem substituir os carteiros e motoboys.
E eles podem fazer muito mais, segundo pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos (SP).
Duas alternativas que estão sendo testadas pelos pesquisadores brasileiros envolvem o monitoramento do trânsito e a prevenção de enchentes.
Redes veiculares
Uma rede que estabelece comunicação entre carros e sistemas de monitoramento das vias não é uma realidade muito distante: a próxima geração de veículos já prevê opcionais como sistemas de comunicação sem fio (Wi-Fi 802.11p) e tecnologia 3G ou 4G, utilizadas em redes de telefonia móvel.
Mas a equipe do professor Jó Ueyama quer fazer mais. A ideia é empregar microcópteros como agentes de trânsito, alertando sobre possíveis situações de risco.
Os microcópteros, pequenos helicópteros movidos à bateria e equipados com sensores, câmeras de alta resolução, GPS e tecnologias de redes sem fio, já são uma realidade.
Isso possibilita ao equipamento fazer voos autônomos, apenas com uma pré-programação que determine seu percurso, o que os coloca na categoria dosveículos aéreos não tripulados (VANTs), uma espécie de “drones do bem”.
Os carros poderão receber as informações diretamente dos microcópteros, ou de uma central de monitoramento, por meio de tecnologias de redes conhecida como VANETs (sigla em inglês para Redes Veiculares Ad Hoc).
“Assim como há uma rede de telefone celular, podemos ter uma rede de veículos, onde eles são equipados com computador e rede sem fio. O microcóptero, neste caso, serviria como uma ‘mula de dados’, ou como uma ponte de comunicação entre os veículos,” explica Ueyama.
As aplicações das redes veiculares possibilitam aumentar a segurança nas avenidas e rodovias, efetuar troca de informações para entretenimento ou comunicar sobre as condições de tráfego.
Enchentes, segurança e agricultura
Os microcópteros podem fazer voos autônomos mediante uma programação que determine seu percurso. [Imagem: Fernanda Vilela/ICMC]
Ueyama afirma que os microcópteros podem ser considerados “computadores voadores”, recebendo, processando e enviando dados, permitindo seu uso em outro projeto do grupo, que desenvolve sensores para alertar sobre a chegada de enchentes.
Essa rede de sensores sem fios para prevenção e alerta de enchentes já está instalada experimentalmente, e previu a enchente que atingiu a região urbana de São Carlos no último dia 22 de outubro.
Agregados a esse sistema, os microcópteros podem ajudar comunicando-se com os sensores já presentes no solo, instalados ao longo dos rios urbanos.
“Os microcópteros podem ajudar na disseminação dos dados das enchentes, auxiliando, por exemplo, no desvio do trânsito, para que os veículos evitem áreas alagadas,” explicou Ueyama.
Várias outras ideias de utilização da tecnologia dos drones autônomos estão sendo consideradas pela equipe, incluindo vigilância e uso agrícola.
Para isso o grupo está fazendo parcerias com outras instituições, incluindo pesquisadores do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC).
Fonte:InovaçãoTecnológica