Corte na tarifa de energia faz Eletrobras ter o maior prejuízo de sua história

As mudanças nas regras do setor elétrico implantadas no ano passado pelo governo Dilma Rousseff levaram a Eletrobras a registrar em 2012 prejuízo de R$ 6,8 bilhões, o maior desde que a companhia foi criada, em 1950.

Após prejuízo recorde, Eletrobras está perto de virar uma Petrobras.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira (28) pelo presidente da empresa, José da Costa Carvalho Neto.

Entre outubro e dezembro de 2012, a elétrica teve perda de R$ 10,5 bilhões, maior prejuízo trimestral nominal (sem ajustar pela inflação) de uma empresa de capital aberto no país desde 1996, segundo levantamento da Economatica.

O prejuízo decorreu exclusivamente dos efeitos da MP do setor elétrico, que obrigou as companhias a reduzirem suas tarifas para antecipar a renovação das concessões.

Sem isso, a empresa teria um lucro de R$ 5,9 bilhões.

“Nós limpamos tudo e chegamos ao fim do poço. Agora só tem coisa para melhorar”, afirmou Neto.

Apesar do mau resultado, as ações da Eletrobras subiram 16,2% na Bovespa hoje, sob impacto de um plano de reestruturação que deve cortar custos e melhorar o desempenho da empresa.

Para não repetir prejuízo em 2013, ano em que deve perder R$ 8,7 bilhões em receitas, a companhia abriu um plano de demissão voluntária para reduzir 20% de seus 27 mil trabalhadores.

Também anunciou redução de 30% nas despesas operacionais –que, segundo Neto, não afetará a manutenção das usinas e linhas de transmissão– e que quer zerar os prejuízos operacionais das seis distribuidoras de energia que abastecem consumidores no Norte e Nordeste. “Até 2015, elas vão ter que dar lucro”, disse o presidente da companhia.

INVESTIMENTOS

Todo o esforço de enxugamento da companhia, contudo, não será suficiente para que ela tenha caixa para realizar seu plano de investimentos até 2017, estimado em
R$ 52 bilhões. A Eletrobras terá de obter R$ 19 bilhões em recursos, o que poderá incluir dinheiro público.

Como a companhia ficou com índice de endividamento alto, empréstimos convencionais estão descartados por enquanto segundo o diretor financeiro, Armando de Araújo.

Uma solução é vender ativos da empresa, principalmente participações em usinas e linhas de transmissão.

Outra é a capitalização, o que envolveria recursos públicos porque o governo tem 67% das ações.

A terceira opção é obter empréstimos em bancos públicos, garantidos pelo Tesouro. Em 2013, será necessário captar R$ 3 bilhões em bancos públicos, disse Araújo.

Fonte: Folha de São Paulo

 

1008jia2001