Brasil deve avançar na área de energia hidrelétrica e fontes alternativas, analisa Serra

O Brasil está sofrendo um retrocesso na área de energia “porque 60% da nova energia entre 2012 e 2016 vão ser de energia poluente, de energia fóssil”, disse hoje (27) o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, após palestra a militares da reserva no Clube da Aeronáutica, na capital fluminense.

Para o candidato, um modelo baseado nesse tipo de energia fóssil aumenta a dependência em relação à energia que produz gás carbônico. “Esse é um modelo que nós temos que rejeitar”. Serra indicou a necessidade de que seja acelerada a aprovação de projetos hidrelétricos. “Tem 100 [projetos] em carteira, inclusive de pequenas hidrelétricas (PCHs), que não andaram”, disse.

Ele ressaltou que no caso das usinas hidrelétricas, é necessário cuidar da questão ambiental. “É o oposto do que se fez com Belo Monte. Uma coisa atropelada. E acaba se fazendo uma usina com dinheiro do governo, sem o risco empresarial, com subsídios fortíssimos. Muito discutível do ponto de vista ambiental e muito obscuro do ponto de vista econômico”. Serra afiançou que essa não é a melhor estratégia para aproveitar a hidroeletricidade do país.

O candidato do PSDB recomendou que se deve procurar fortalecer a bioenergia derivada da cana de açúcar, com aproveitamento de todo o potencial que não está sendo utilizado hoje, além de se investir na energia eólica [ventos] e solar, cujo potencial é grande no Brasil. Segundo Serra, houve poucos avanços em relação a esses dois tipos de energia alternativa no país nos últimos tempos. “Com 10% do que vai [investido] em um projeto malfeito de Belo Monte, você turbinaria a energia solar e dos ventos 100 vezes mais do que é hoje”, afirmou.

O candidato também falou sobre o processo de capitalização da Petrobras, manifestando uma posição favorável à medida, mas ressaltou que ele precisa ser feito com critério. “Não pode ser um tiro no pé”. Quanto à exploração de petróleo na camada do pré-sal, destacou que o aproveitamento deve ser efetuado de forma racional. “Na América Latina, ter muito petróleo não significou desenvolvimento para três países: o Equador, a Venezuela e o México”.

Ele observou que a Venezuela, inclusive, tem muito petróleo e uma economia precária. “Significa que o petróleo é ruim? Não. Petróleo é muito bom quando tem políticas inteligentes para explorá-lo e para obter os dividendos econômicos e sociais que o petróleo pode trazer. Mas, para isso, precisa de uma política bem feita. Eu vou fazer uma política bem feita, você pode estar certa, de exploração racional dos recursos existentes e de maneira segura para o meio ambiente”, disse.

Outro ponto destacado pelo candidato do PSDB, foi sobre a segurança no processo de extração de petróleo no mar. Serra alertou que se não forem tomadas medidas mais apropriadas para prevenir acidentes, poderão ocorrer calamidades naturais, como a registrada este ano no Golfo do México pelo vazamento de óleo devido ao afundamento de uma plataforma de petróleo operada pela British Petroleum (BP).

José Serra defendeu ainda a criação de um fundo mundial de preservação do meio ambiente e a contribuição do Brasil a esse fundo, porque, a seu ver, o país teria um retorno ainda maior. Dono de um significativo patrimônio florestal, o Brasil poderia, a partir desse fundo, transformar esse patrimônio em riqueza, por meio de ganhos em termos de preço de mercado e valorização, “porque isso é que vai permitir a sua preservação”, afirmou.

Fonte: Correio Braziliense

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