Realidade Virtual e Realidade Aumentada: nova carta para a educação e a para construção da percepção de mundo entres os jovens
Evolução, adaptação ou inovação? Qual seria o mais adequado para descrever as mudanças que surgem no mundo da educação? O crescente uso de tecnologias da informação e comunicação associadas aos recursos audiovisuais da realidade aumentada prometem revolucionar a educação tradicional e levar aos alunos um método de ensino interativo, capaz de “transportá-los” para um lugar no tempo ou para situação específica na qual é preciso solucionar algo.
Implementar novas tecnologias para fins pedagógicos promete criar um ambiente educacional mais convidativo e interessante na era da informação. A criação de uma técnica de aprendizagem voltada para o experimental é semelhante ao comumente conhecido “aprender fazendo” e sem dúvidas passa rente ao que é chamado de aprendizagem ativa.
Será que a adoção destes meios vai acabar tornando a escola em um grande jogo? Ou ainda em um método de avaliação das capacidades e competências vocacionais dos indivíduos, como já foi abordado em livros e filmes em alguns universos distópicos?
Bem, antes de mergulhar nessas questões, seria ideal preciso aprender o mínimo sobre realidade virtual e aumentada e o funcionamento de alguns equipamentos usados para criar essas ilusões.
Primeiramente, talvez seja preciso fazer uma distinção entre realidade virtual e realidade aumentada, pois esses conceitos podem acabar se misturando. Na primeira, a tecnologia é usada para construir um ambiente de total imersão visual e sonora através de efeitos digitais.
Já a segunda, bem, a realidade aumentada pode ser definida como a interação entre o mundo real e o digital, como se uma dimensão extra fosse adicionada ao que é de fato verdadeiro.
De forma resumida, é possível descrever a realidade virtual (RV) como o indivíduo sendo “transportado” para um mundo virtual, esse pode ser totalmente criado para fins recreativos ou simular um período e acontecimento histórico para fins educacionais. Enquanto que na realidade aumentada (RA), elementos do mundo virtual são trazidos para o plano real, como no caso de animais ou até móveis renderizados na sua sala.
Os óculos mais modernos utilizados para RV não apenas iludem o cérebro criando uma ilusão 3D, mas também simulam um ambiente de 360° capaz de interagir com os movimentos do usuário. São utilizados dois displays, um para cada olho, para posicionar a imagem a diferentes distâncias. Já o head tracking, que é a capacidade de percepção do movimento do usuário, pode ser realizada de diversas formas, como através do uso de acelerômetros, giroscópios, sensores infravermelhos e magnéticos . Os movimentos captados são então traduzidos em um software e usados no sistema de realidade virtual.
Já a captação de ambientes reais, para conseguir projetar ou sobrepor um elemento virtual neles, é geralmente realizada através de câmeras. A imagem é então processada digitalmente e renderizada no software capaz de projetar ou realizar a sobreposição no estilo de RA. Isso pode parecer simples, como uma montagem em algum aplicativo de edição de fotos. Porém o desafio está em fazer essa captura em tempo real e possibilitar a interação dos usuários com os elementos virtuais como se eles estivessem verdadeiramente ali.
No âmbito educacional, trazer essas inovações têm o potencial de conseguir despertar o interesse e a curiosidade genuína nos alunos. Além disso, conceitos que são apenas explicados teoricamente poderão ser vivenciados pelos discentes. Imagine fazer um tour virtual em uma hidrelétrica ou em então pela revolução francesa? Ou ainda aprender a montar e desmontar um motor ou circuito eletrônico? Tudo isso sem precisar das peças físicas ou sem correr risco de causar um incidente. Parece um sonho futurista, não é mesmo? Porém já é possível e utilizado, apenas o custo não é exatamente acessível.
Porém, esse novo sistema educacional poderá trazer muitos desafios, tais quais a adaptação do corpo docente e o compromisso dos produtores de RV e RA com a verdade. Do contrário, uma aula de história pode facilmente se tornar uma ficção histórica digna de um seriado.
Além disso, é válido questionar até que ponto é positivo e saudável expor as pessoas a esses tipos de simulação. Não há ainda análises sobre algumas situações como a de vivenciar algo estressante em RV e RA. Poderia isso gerar algum efeito real psicológico no indivíduo ou até causar algum tipo de trauma? Ou ainda dessensibilizar as pessoas para alguma ocasião de risco real?
Outra coisa a se abordar é o impacto nas relações humanas, como vai ficar a relação entre professor e aluno? Na verdade, vale até mesmo perguntar até se irá existir espaço para os professores em breve ou se eles serão simplesmente substituídos por máquinas educadoras ou hologramas.
Parece um tanto assustador, afinal todo o processo de ensinar e aprender vai além de um mero conteúdo didático especificado por algum órgão ou autoridade, pois passa pela formação do ser humano, da apresentação de diferentes visões de mundo, das relações interpessoais e até do desenvolvimento coeficiente emocional da pessoa.
É preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre a tecnologia e o sistema tradicional e ter cuidado para que o virtual, falso, não substitua o real, verdadeiro.