Fórmula E e a Evolução da Sustentabilidade Automobilística

Fórmula E e a Evolução da Sustentabilidade Automobilística

O que é a Fórmula E?

Muitas pessoas conhecem a corrida de carros de alta performance, a Fórmula 1. Mas poucas pessoas conhecem a Fórmula E, corrida de carros 100% elétricos que tem como valores fundamentais o meio ambiente, a energia e o entretenimento da corrida. O evento, além de promover uma corrida sustentável, testa inovações da engenharia e conta com grandes construtoras, como a Porsche (que não se apresenta na Fórmula 1) e a McLaren. 

Além de possuir fontes 100% renováveis, os pneus utilizados são recicláveis e mais duradouros, incentivando também os telespectadores a reduzir suas emissões de carbono e serem mais sustentáveis.

Como funcionam os carros da Fórmula E?

Precisamos destacar, que carros de Fórmula (1, 2 e) E estão sempre com novos desenvolvimentos e buscando melhorar e ter uma melhor eficiência. Outro destaque é que essa modalidade de corrida passou a existir a partir de 2014, então existe pouco tempo de novos desenvolvimentos se levarmos em comparação às outras modalidades de corrida de carros.

Podemos começar falando da primeira temporada que aconteceu de 2014 a 2017: a Gen1. Esses primeiros carros lembram carros da fórmula 1, porém com pneus usuais de carros convencionais. Eles tinham baterias padronizadas, produzidas pela Williams e um motor de 150 kW (potência 200 cv) vindos da McLaren, vale destacar os pneus da Michelin. No entanto, esses carros não tinham bateria o suficiente para terminar as provas, obrigando os pilotos a trocar de carro no meio delas. 

A potência do carro correspondia a 268 bhp mas para preservar a energia, os pilotos eram indicados a utilizar somente 228 bhp durante a corrida.

Uma das perguntas seria também da falta de atratividade pela ausência de som da combustão do motor, o que é uma verdade, apesar do modelo Gen1 também apresentar um som bem específico,  o powertrain pode liberar um som de até 80 decibéis, podendo ser algo diferentemente interessante. 

Na segunda temporada, ainda com o carro Gen1, as equipes foram autorizadas a produzir seus próprios propulsores, o carro recebe um câmbio para controlar potências. Nesse período, até 2017, o carro consegue alcançar até 180 kW, com cerca de 240 cv.

Para começarmos a falar da Gen2, precisamos destacar as grandes mudanças que aconteceram nos carros, como por exemplo, o peso do carro e o comprimento – eram mais leves e mais curtos. Ele também usava o efeito-solo para gerar pressão aerodinâmica (o escoamento do ar ao redor do carro é interrompido pelo solo), dispensando o aerofólio traseiro. Além disso, a autonomia das baterias melhorou muito (com relação a Gen1) e os pilotos não necessitavam mais trocar de veículos durante uma prova. A potência nova dos carros de 250 kW (335 cv), permitiu uma aceleração de até 280 km/h. Esses carros estrearam na quinta temporada da Fórmula E, que aconteceu de 2018 a 2022. 

“Esse carro representa o futuro das corridas” – Fundador da Fórmula E e CEO Alejandro Agag – “Quando começamos a Fórmula E, nosso objetivo era quebrar o molde e desafiar o status quo – trazendo uma revolução no esporte motorizado. Essa nova geração de carros representa essa revolução.” 

Algo destacável é que o Gen2 foi o primeiro veículo projetado pela FIA.

”Estou muito orgulhoso de que a FIA estava a frente do desenvolvimento desse caro, isso é algo novo para a federação e o projeto foi um sucesso” – Jean Todt (presidente da organização).

Dando continuação às gerações dos carros, temos agora a Gen3, que representa os modelos de 2023 até atualmente. Os novos carros se apresentam mais silenciosos do que o normal, apresentando também baterias novamente produzidas pela Williams (coisa que não aconteceu na Gen2), agora com minerais sustentáveis e que terão células reutilizadas e recicladas ao fim da vida útil. Agora também existe um trem de força localizada no eixo dianteiro dos carros que serve para regeneração da energia gerada pelos eixos da frente. Esses carros também possuem apenas freios dianteiros, tem massa 60 kg mais leves que Gen2 e pode alcançar agora até 322km/h, com uma recuperação energética de 95% (mais do que cerca de 40% de um motor de combustão tradicional).

O carro Gen4, apesar de não estreado ainda, já promete algumas mudanças, podendo estrear em 2026 ou 2027, buscando uma capacidade de regeneração de até 700 kW, aumento de potência de 600 kW e melhorias na segurança. Tais mudanças e o avanço desse estilo no mundo automobilístico normaliza e aumenta a produção de carros elétricos populares de rua. 

“Os estudos de novas tecnologias adotadas nas corridas precisam se tornar realidade na vida real da mobilidade urbana, ou seja, no dia a dia do motorista”, defende. “Veja o caso do equipamento de recarga da Fórmula E, que já é utilizado pela Shell em alguns eletropostos das cidades. No final das contas, é disso que estamos falando: de avanços que, acima de tudo, estimulem o usuário a querer andar de automóvel com combustíveis sustentáveis.” – Luciano Nassif, CEO da ABB Brasil (empresa de automação e eletrificação que patrocina a Fórmula E).

Diferenças dos carros da Fórmula 1 e da Fórmula E

É claro que a fórmula 1 e a fórmula E apresentam diversas diferenças ao tratar de seus carros. Mas algo que é importante destacar é que a fórmula 1 teve sua primeira estreia oficial em 1950, enquanto a fórmula E teve sua primeira temporada em 2014, somando aproximadamente 11 anos somente. Isso é memorável para entendermos o quanto a fórmula E evoluiu em 11 anos e o seu potencial de evolução, ainda trazendo o fator sustentabilidade. 
Os principais aspectos de diferença são os tamanhos e pesos, o carro da fórmula E pesa aproximadamente 230 kg a mais e mede 0,22m a mais também. Com relação ao motor, é algo óbvio: o da fórmula 1 é o V6 1.6 turbo, enquanto o da fórmula E são 2 elétricos. A potência na E é de 420 cv com uma velocidade máxima de 322 km/h, a da Fórmula 1 apresenta cerca de 1.000 cv para uma velocidade máxima de 360km/h. Vale destacar que as técnicas empregadas nos carros mudam muito, dentro de regras, assim como as tecnologias de cada construtora dentro de uma fórmula também se altera. 

Tecnologias da Fórmula E aplicadas em carros urbanos

Como já citado anteriormente, um dos pilares da fórmula é poder testar a engenharia o poder trazer novas tecnologias para carros urbanos, para que as pessoas possam usufruir desses materiais e ainda desempenhar um papel de sustentabilidade durante o dia a dia. Dessa forma, podemos destacar tecnologias já implementadas em carros de rua:

  • Revolução na frenagem regenerativa: converte energia cinética em eletricidade nas frenagens, carregando a bateria para uso posterior na tração do carro; foi usado primeiramente na Fórmula 1 mas evoluiu na Fórmula E; os carros da Fórmula E com frenagem regenerativa passaram a gerar quase que metade da energia necessária para uma corrida completa, permitindo que os pilotos não trocassem de carro durante uma prova;
  • Motores elétricos mais potentes e mais resistentes: como citado anteriormente, possuem eficiência superior a 90%;
  • Gestão de baterias: aprimoramento de sistemas de gerenciamento (BMS) o que gera maior durabilidade e desempenho mesmo em condições extremas. Isso foi essencial para carros urbanos, otimizando o carregamento da bateria e a sua vida útil;
  • Sustentabilidade;
  • Compreensão da aerodinâmica necessária.

Muitas outras tecnologias de carros urbanos foram desenvolvidas na Fórmula E e em diversos outros carros. Acima estão alguns exemplos para demonstrar a importância da corrida de carros de alta performance no setor sustentável e elétrico. 

Teste 100% feminino

A Fórmula E escolheu sua primeira sessão de testes exclusivamente feminina para um campeonato da FIA, evento esse que aconteceu em Madrid. Isso proporcionou às pilotas de elite a oportunidade de pilotar o novo carro 100% elétrico, capaz de ir de 0 a 100km/h em 1,82s (30% mais rápido que um carro de fórmula 1).

Anna Ridzi