Dimensões da tecnologia nas guerras
“Durante anos, o setor tecnológico de Israel emergiu como um pilar que sustenta a economia do país. Agora, voluntários do setor começaram a reunir-se nos escritórios do grupo Gitam, onde uniram os seus conhecimentos com inteligência artificial e plataformas inovadoras para ajudar na identificação dos desaparecidos na sequência dos ataques.”
Conflito na Faixa de Gaza
A região da Faixa de Gaza se encontra no vórtice do conflito entre o grupo Hamas e o Estado Israelense. Nesse sentido, vale destacar a superioridade tecnológica do segundo, – claramente associada ao apoio dos Estados Unidos ao Governo Israelense – que conta com indústrias de segurança (incluindo cibersegurança), tecnologia da informação, tecnologias militares e bélicas.
O sistema de defesa aéreo israelense, denominado Domo de Ferro, opera desde 2011 em parceria com os Estados Unidos, que se tornou coproprietário da tecnologia. Ele desempenha um papel essencial na detecção e rastreamento de mísseis, apresentando uma taxa de interceptação de ataques aéreos de cerca de 90%.
Outro aspecto inovador deste conflito diz respeito a uma espécie de “sala de guerra” na qual voluntários do setor tecnológico israelense compartilham seus conhecimentos de inteligência artificial e plataformas inovadoras para ajudar na identificação dos desaparecidos após o ataque do Hamas. Assim sendo, foi criado um banco de dados com imagens dos reféns, que alimenta um software de IA especializado em reconhecimento facial. Afinal, a ação conta com especialistas em geolocalização, programadores e fluentes em árabe para que o resgate seja otimizado.
Conflito na Ucrânia
O conflito armado na Ucrânia desencadeou a maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e uma crise energética decorrente da imposição de sanções econômicas nos setores de gás natural e petróleo, além de promover o encolhimento da economia nacional da Ucrânia. No entanto, um dos maiores impactos da guerra foi a inovação tecnológica empregada na mesma. Nesse sentido, podem ser citados tanto o crescimento na indústria da defesa quanto o uso de drones e robôs no campo de batalha.
Podemos destacar o uso da robótica na melhoria das capacidades de combate, além de sua contribuição com a segurança de tropas. À exemplo do “TheMis UGV”, um robô de controle remoto que pode ser equipado com uma metralhadora e granadas ou utilizado para a eliminação de bombas .O uso da inteligência artificial na realização das tarefas multifuncionais do UGV de combate é de grande relevância, já que o robô atua na aquisição de alvos, patrulhamento e vigilância de fronteiras.
Vale mencionar também o novo caça de última geração usado pela Rússia: o Sukhoi Su-57. Ele possui tecnologia furtiva e multifuncional, de modo a não ser detectado por radares! Além disso, por usar materiais compósitos, formados pela união de outros materiais, o caça é capaz de voar em velocidade supersônica, podendo mudar rapidamente o ângulo de ataque e a linha de seu voo.
Impactos das duas grandes guerras no setor tecnológico
É inegável que o avanço do setor tecnológico ao longo das últimas décadas mudou completamente a lógica de conflitos armados. Especificamente, no intervalo entre as duas grandes guerras mundiais, as potências perceberam a importância da pesquisa científica e tecnológica para as guerras futuras. Foi a Segunda Guerra Mundial que marcou o crescimento do uso militar da ciência, destacando-se não somente pelas bombas atômicas, mas também pelos sistemas de radares e até os primeiros computadores.
Como mencionado na biografia de Alan Turing já postada em nosso blog, o matemático e cientista britânico projetou e desenvolveu uma máquina eletromecânica que garantiu uma vantagem decisiva em decifrar códigos alemães no auge da Segunda Guerra Mundial, denominada Bombe – que auxiliou no alcance do monopólio da informação inglesa em relação às estratégias alemãs, retardando assim o avanço de suas tropas. Apesar de não ser considerado exatamente um computador, Bombe foi precursor do Colossus, uma série de computadores eletrônicos britânicos.
Além disso, vale mencionar que a própria internet começou como um projeto militar estadounidense, de certa forma. O projeto se iniciou em meio à Guerra Fria, de modo a permitir um compartilhamento de informações advindas de diferentes localidades sem a necessidade de um centro de comando. Assim, estabeleceu-se uma rede de informação entre os centros militares e de produção científica nos Estados Unidos, consolidando um mecanismo de defesa contra a União Soviética.
Enfatiza-se então a rápida desenvoltura das tecnologias armamentistas no período das grandes guerras à guerra fria, em que os combatentes enfrentaram uma artilharia pesada nunca antes vista. Afinal, isso era apenas o começo do que estava por vir.
A guerra do amanhã
É inegável a forte presença da digitalização nos confrontos bélicos atuais. A chamada “guerra cibernética” já é uma realidade, mostrando-se presente nos conflitos na faixa de Gaza e na Ucrânia, por exemplo. Não só isso, mas há de ressaltar a corrida armamentista ocorrendo neste exato momento entre duas grandes potências mundiais, China e Estados Unidos, na qual a primeira investe cada vez mais em Inteligência Artificial a fim de se aproximar da segunda em termos de poderio militar.
Outro aspecto intimidador da guerra cibernética é a falta de fronteiras geográficas na realização de ataques, à exemplo do grupo Anonymous, capaz de atacar diretamente órgãos oficiais governamentais – assim como derrubaram o Ministério da Defesa russo em 2022, virtualmente e a partir de diferentes localidades. Em vista disso, atesta-se que as consequências do avanço das tecnologias em conflitos virtuais podem afetar diretamente empresas estatais e privadas com roubos de dados e até mesmo perda de dinheiro.
Por fim, diante do constante aperfeiçoamento tecnológico, a digitalização dos serviços, a consequente vulnerabilidade das infraestruturas críticas nacionais e seu potencial destrutivo, a ameaça de uma guerra cibernética tornou-se uma preocupação central no âmbito da defesa nacional e internacional.