Sistema CRISPR dá Nobel de Química para duas mulheres pela primeira vez na história
O sistema CRISPR, do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, nada mais é do que uma ferramenta que realiza edição do genoma, mas é o acoplamento do CRISPR e do sistema Cas9 que permite a deleção seletiva do DNA. Ou seja, o CRISPR é simplesmente uma “tesoura genética” que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula.
Mas por que ele se tornou tão importante nos últimos tempos?
Recentemente foi realizado um estudo feito em embriões humanos geneticamente modificados que pode ajudar a transformar tudo em realidade. Ou seja, com essa tecnologia seria possível achar a cura para doenças genéticas.
E como ele funciona?
Dentro das nossas células, temos um núcleo que contém uma sequência de DNA. Com a ajuda do CRISPR, os cientistas são capazes de “recortar” um pedaço desse material genético. Logo depois, o RNA vai se juntar às proteínas Cas9 para editar a fita do DNA. As proteínas do Cas9 também vão ter “tesouras” que, guiadas pelo RNA, vão procurar por pedaços específicos para “recortar”. Dessa forma é possível mudar o gene que for de interesse do cientista guiadas pelo RNA transportador.
Atualmente, o CRISPR é fácil de ser utilizado já que foi amplamente difundido na pesquisa básica, frisando nas alterações de células e de animais de laboratório com o objetivo de compreender como funcionam e interagem diferentes genes durante o curso de uma doença.
Atualmente, também estão sendo estudados em laboratórios genes de porcos para desenvolver órgãos que possam ser transplantados em humanos sem que haja rejeição, segundo Zatz.
Quais são os problemas do uso do CRISPR?
Uma das polêmicas com a ferramenta é que o CRISPR, segundo o G1, é que este pode “cortar” a parte errada do genoma, ou fazer mudanças que não eram as pretendidas. Por isso, ela não pode ser usada em embriões humanos que vão ser implantados em tratamentos de reprodução assistida, por exemplo. Em reportagem feita pelo site, a bióloga Mayana Zatz explica: “Não há controle se, ao editar o gene que causa a doença genética, não se está criando mutações, ao acaso, em outros genes, e que não podem ser controladas”.
Mulheres ganham juntas, pela primeira vez, o Nobel de Química
Na Quarta-Feira, dia 7 deste mês, Outubro, a Academia Real de Ciências da Suécia anunciou que o prêmio Nobel de Química de 2020 foi destinado à Emmanuelle Charpentier, atual diretora do Instituto Max Planck de Biologia de Infecções em Berlim e a Jennifer A. Doudna, professora da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. O prêmio é num valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$6,3 milhões) que será dividido entre as vencedoras.
Antes de Charpentier e Doudna, apenas cinco mulheres já haviam ganhado o Nobel em Química: Marie Curie (1911), Irène Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964), Ada E. Yonath (2009) e Frances H. Arnold (2018). Na porcentagem total de prêmios Nobel já ganhos, as mulheres somam apenas 5% em vencedoras desde 1901.
Em reportagem ao G1, Emmanuelle Charpentier declarou: “Eu gostaria de passar uma mensagem positiva a meninas que gostariam de seguir o caminho da ciência. Acho que nós mostramos a elas que uma mulher pode ter impacto na ciência que elas estão fazendo. Espero que Jennifer Doudna e eu possamos passar uma mensagem forte às meninas”.
Escrito por: Camilla Schettino
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