O trágico fim de Ignaz Semmelweis, o médico internado em manicômio por insistir na importância de se lavar as mãos

Você sabia que dia 5 de maio é considerado o Dia Mundial da Higienização das Mãos e que esse hábito não era muito comum antes de um procedimento hospitalar até meados do século XIX?

O hábito de higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel é uma das principais formas de prevenção para reduzir a proliferação de vírus como o da epidemia de Covid-19.

Por volta de 1848, um dos problemas da área de obstetrícia era a alta incidência da infecção pós-parto, conhecida como “febre do parto”.  Ignaz Semmelweis, médico húngaro, estava disposto a descobrir qual era a causa desse problema.

Vale ressaltar que nessa época não se tinha conhecimento sobre microorganismos infecciosos e com isso era muito comum que os médicos dissecassem cadáveres para se descobrir o motivo das causas da morte.

Primeiramente, Ignaz Semmelweis, observou uma grande discrepância em números de mortes no hospital que trabalhava que possuía duas salas obstétricas, uma atendida por estudantes de medicina e outra por parteiras, e observou que as salas atendidas pelos alunos de medicina tinham até 3 vezes mais mortes das atendidas pelas parteiras. O hospital já tinha observado a discrepância, porém, associou-se ao fato de serem estudantes homens e serem mais brutos que as parteiras.

Logo depois, o médico percebeu que sempre que uma mulher morria de febre, um pastor caminhava lentamente pela sala médica com seu assistente tocando a campainha. No início, Semmelweis acreditava que esse tipo de ritual deixava as mulheres tão apavoradas após o parto que acabavam tendo febre e morrendo. Após pedir ao padre que baixasse a campainha, ele descobriu, frustrado, que a mudança não surtiu efeito.

Em 1847, seu amigo foi acidentalmente ferido pelo bisturi de um aluno durante uma necropsia veio a falecer e seus sintomas possuíam aspectos semelhantes aos exames das mulheres que morriam de febre puerperal e começou a pensar “Será que os médicos que trabalham na sala de autópsia levavam “partículas cadavéricas” para as salas de parto?”

Logo ele percebeu que a diferença das quantidades de mortes entre as salas eram que os médicos realizavam autópsias e as parteiras não. Então, o médico húngaro decidiu realizar um experimento. Antes do parto, os médicos deveriam usar solução de cloro para limpar as mãos e os instrumentos. Poucos meses depois, o resultado: a taxa de mortalidade materna após o parto atingiu impressionantes 18%, caiu para 1%.

Porém, os seus colegas médicos não queriam aceitar, como maioria dos médicos da época eram de classe alta não acreditavam que eles eram os causadores da morte de alguém, pois se consideravam muito mais limpos do que qualquer outro trabalhador braçal.

Quando seu contrato no hospital de Viena não foi renovado, Semmelweis, retornou para a Hungria e lá começou a trabalhar na maternidade sem remuneração e onde a morte por febre puerperal era altíssima, até que ele conseguiu praticamente elimina-lá.

Mas nada fez com que sua teoria fosse aceita e que convencesse seus colegas a adquirirem hábitos de higiene e seu comportamento foi considerado irregular para a medicina.

Um dia, seu amigo e sua própria esposa pensavam que ele estava com desequilíbrio mental, e, a pretexto de visitar um novo instituto médico, o levaram para um asilo de doentes psiquiátricos e quando ele percebeu o que estava acontecendo tentou sair, porém, foi contido com violência, submetido a camisa de força e colocado numa cela escura. Duas semanas depois ele veio a falecer devido um ferimento na sua mão que gangrenou.

A teoria de Ignaz Semmelweis só foi reconhecida depois da sua morte quando Louis Pasteur (1822–1895) desenvolveu a teoria dos germes das doenças, revolucionando o combate às infecções – Pasteur confirmou, com suas experiências científicas, as observações de Semmelweis. Depois, em 1894 foi erguido um monumento em sua homenagem, na cidade de Budapeste.

 Escrito por Bianca Cardoso

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Fonte

https://www.bbc.com/portuguese/geral-49817726