Entrevista: Lindemberg Nunes Reis

Lindemberg Nunes Reis possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2007), pós-graduado em Sistemas de Produção, Refino e Transporte de Petróleo pelo SENAI – RJ, MBA em Finanças pelo IBMEC-RJ. Atua no setor de regulação de serviços públicos (como distribuição e transmissão de energia elétrica, saneamento e gás natural) desde 2007 como consultor em regulação na Siglasul Consultoria LTDA. A partir de 2017 trabalha como Gerente de Projetos na Siglasul Consultoria LTDA, contando com uma equipe de, aproximadamente, 15 consultores envolvidos nos mais distintos projetos regulatórios. Além disso, é professor associado da COPPE – RJ e palestrante pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Por que escolheu cursar Engenharia Elétrica?

Um dos motivos que me fez escolher o curso de engenharia elétrica foi um curso técnico que eu fiz, então, daí um exemplo da relevância de se fazer cursos técnicos. Há muitos anos eu fiz um curso técnico de eletricista de manutenção pelo SENAI e eu gostei demais das matérias dadas lá. Elas eram aulas práticas e teóricas conjugadas e gostei muito da parte de energia elétrica. Além disso, havia a questão da aptidão também pela área de exatas. Sempre gostei muito na minha época de escola da área de matemática, física, química, sempre foram as matérias que mais tive aptidão. 

E, bom, juntando esses dois fatores: a aptidão pela área de exatas mais o curso técnico de eletricista de manutenção me fez desenvolver um anseio para me tornar um engenheiro eletricista no futuro. Embora, na época que eu fiz vestibular, assim como muitos estudantes, eu não tinha muita noção do que um engenheiro faz. E digo até mais, até perto da minha formatura, não tinha muita noção do que um engenheiro eletricista fazia de verdade. Somente o mercado de trabalho me ensinou esta particularidade, como será nossa vida profissional.

Durante a graduação, quais foram as suas principais experiências, desafios e motivadores acadêmicos? Alguma dica para os alunos do curso?

Eu sempre quis experiências práticas durante minha graduação e, na época, me interessei em uma vaga que era de monitor do laboratório de eletrotécnica. Na época, o laboratório era conduzido pelos discentes Vicente e Acácio, dois professores do meu tempo de estudante, não sei se ainda estão em atuação. Mas o fato é que o laboratório tinha tudo a ver com o curso técnico que fiz, porque ele ensinava aos estudantes exemplos práticos de desafios do profissional. 

Então, por exemplo, os estudantes tinham que montar um circuito paralelo de lâmpadas, demonstrar seu funcionamento, tinham que fazer alguns exercícios práticos de eletrotécnica propriamente dito e isso era muito interessante. Gostei demais daquela experiência como monitor de eletrotécnica e o fui por muitos anos, o que me deu muita bagagem para continuar em um curso que era muito teórico. Esse laboratório era muito prático então balanceava aquela parte um pouco morosa da teoria. 

Então, qual a dica que eu dou para um aluno de graduação, não desista perante o volume de matérias teóricas que o curso de engenharia elétrica tem. Na minha época, entendiamos que a teoria era necessária, mas que faltava um aspecto no curso. Minha dica seria misturar o teórico e prático sempre que possível e fazer estágios. É algo sempre desejável, que te diferencia de outros graduandos. 

Após a sua formatura, se sentiu preparado para o mercado de trabalho? Quais foram as suas maiores dificuldades?

Eu sempre fui muito auto-confiante em relação a isso, como comentei anteriormente, eu fui monitor do laboratório de eletrotécnica e também estagiei na empresa Arcelormittal. Além disso, eu conjuguei durante a graduação uma área que sempre me interessou, que eram tarifas de energia elétrica. Não havia uma disciplina específica para isso, então precisei estudar por conta própria, então me senti preparado para o mercado de trabalho, pois o pouco que eu sabia de tarifas, por exemplo, era o suficiente para eu saber que era o que gostaria de trabalhar no futuro. 

Hoje em dia trabalho com regulação, então entendo que sim, me senti preparado. Além disso, a época que me formei era um tempo muito grato para novos graduandos, pois não tínhamos tantas dificuldades de entrar no mercado de trabalho devido ao boom socioeconômico no país em 2007. Então, eu diria que a maior dificuldade que tive foi de identificar empresas que trabalhassem com o que eu gostaria de atuar, tarifas de energia. Felizmente, logo, logo isso surgiu na minha vida e eu comecei a trabalhar na Siglasul. 

Como é o dia a dia do seu trabalho na Siglasul?

Se tem uma coisa que eu gosto de trabalhar na Siglasul é que trabalhamos com regulação, algo que eu amo. Regulação em todos seus aspectos técnicos, econômicos e financeiros. Uma das particularidades do meu trabalho é que raramente eu faço um projeto que é semelhante ao que acabei de finalizar, ou seja, é uma área muito dinâmica, sempre trabalho com novos desafios. 

Não existe uma receita de bolo para se seguir, todos os projetos são diferentes. Então, posso dizer que eu nunca repito uma atividade que já foi executada. Por um lado, você não tem ganho de escala com isso, mas por outro traz algo que eu adoro que é não viver de processos. Eu os acho muito chatos, burocráticos, então profissões que trazem em si muito o aspecto de processos, de repetição de atividade eu respeito quem goste, mas não é do meu perfil. 

Então, meu cotidiano na Siglasul é de trabalhar intensamente, muito focada, cinco dias na semana, às vezes sete dias, oito horas, nove horas, dez horas diárias, mas trabalho com o que eu gosto então essa é a grande vantagem.  

O que você considera fundamental para um engenheiro atualmente?

É ser uma pessoa de ampla visão, eu acho que quando se especializa demais, fica muito bitolada naquele item, muito afunilado seu nível de conhecimento. Ela reduzirá cada vez mais sua área de atuação, suas possibilidades. Considero fundamental que os engenheiros de hoje em dia tenham uma visão ampla do todo, saber um pouco de tudo, não tudo de pouco. É uma dica que eu dou para o profissional de hoje, mas que eu acho válida para o profissional de ontem e será válida para o profissional do amanhã. É óbvio, sempre manter-se estudando, quem para de se atualizar está fadado a ser repulsado pelo mercado de trabalho. 

Você gostaria de completar com algo?

Como mensagem final, gostaria de agradecer ao PET como um convite para participar dos 30 anos do grupo. Agradecer a UFJF por nos dar essa oportunidade de fazer essa parceria entre Siglasul e a Universidade Federal de Juiz de Fora, e, especialmente, a Faculdade de Engenharia com seu curso de engenharia elétrica que é o berço de grandes nomes do setor elétrico nacional. Agradeço e desejo vida plena a todos e que os alunos consigam ser cada vez melhores no que fazem. Nós não podemos deixar a peteca de Juiz de Fora cair, porque a cidade possui uma excelente universidade. Desejo a todos vocês um ótimo semestre de 2021 e um próspero 2022.