Ônibus movido a eletricidade e hidrogênio está pronto para uso no Brasil

Ônibus movido a eletricidade e hidrogênio está pronto para uso no Brasil

Com 8 mil quilômetros rodados, o projeto de ônibus híbrido elétrico-hidrogênio, que transportou mais de 30 mil pessoas, está apto para uso comercial.

Os resultados dos testes do projeto – iniciado em 2012 – fruto do programa de Pesquisa & Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica, foram apresentados na última quarta-feira, 5 de abril, no Rio de Janeiro (RJ). 

O projeto foi desenvolvido pela Coppe/UFRJ em parceria com Furnas e a Tracel. O investimento no ônibus demandou cerca de R$ 10 milhões.

A autonomia do veículo é de 330 quilômetros e ele teve disponibilidade de mais de 90% e consumo de 6,7 kg de Hidrogênio a cada 100 km, com o ar condicionado ligado. Nos jogos olímpicos, ele transportou atletas para a Vila Olímpica. Aspectos como a tecnologia, sistemas de tração e armazenamento de energia poderão ser usados por Furnas no futuro. A estatal pode usar as patentes criadas e pode aplicar as tecnologias em outros projetos em outras áreas de conhecimento. O professor Paulo Emílio de Miranda, coordenador do laboratório de hidrogênio da Coppe, considerou o trabalho como exitoso. O projeto vem colecionando prêmios internacionais. Segundo ele, o arranjo tecnológico propiciado por ele, criou um diferencial grande. “O veículo é aquele que tem a melhor eficiência energética dentre os dados já reportados de desenvolvimento de ônibus desse tipo”, aponta.

Dados apresentados por Miranda mostram que apenas 0,4% da eletricidade usada no país vai para o setor de transporte. “Vivemos uma era da eletrificação do transporte. Mais e mais vamos ver notícias sobre veículos elétricos, dos mais diferentes tipos, com ônibus, embarcações, caminhões e automóveis”. Ele aposta na inserção de veículos elétricos no mercado. O custo total por quilômetro ficou em US$ 2,61, envolvendo manutenção, equipamento e consumo. Para a evolução do projeto, é necessária a consolidação das inovações realizadas, por meio de uma frota pioneira, mais testes de longa duração e capacitação tecnológica.

De acordo com Nelson de Araújo Santos, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento de Furnas, a produção comercial do ônibus em escala depende do reconhecimento de um parceiro privado. Segundo ele, esse passo só pode ser dado com o envolvimento da cadeia produtiva de transporte. ‘Há necessidade de se buscar o parceiro. Depende da vontade da indústria”, afirma. Com a criação da escala, os custos seriam cada vez mais reduzidos. Ele acredita que haverá uma aproximação natural da indústria, uma vez que muitos componentes do veículo são de fabricantes tradicionais, que tiveram boa impressão do projeto. Ele ainda abrange o desenvolvimento de um ônibus híbrido movido a etanol e elétrico e um totalmente elétrico. Este último, cujo fase de testes deverá terminar ainda esse ano, foi desenvolvido visando o transporte escolar e será mostrado para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Segundo Jacinto Pimentel, coordenador do projeto, caso o ônibus receba uma sinalização positiva da FNDE, ele terá mais chances de entrar em escala. ‘O próprio mercado vai abraçar isso, é um mercado que abre para quem tem a expertise do equipamento”, avisa. Em julho ele deve começar a sua fase de testes e serão verificados aspectos como capacitação, custo, aplicabilidade, período de manutenção e de carga.

Na apresentação dos resultados do ônibus híbrido elétrico-hidrogênio, também foi anunciada a criação da Associação Brasileira do Hidrogênio, que será presidida pelo professor Paulo Emílio de Miranda. A Associação vai organizar bancos de dados com informações sobre o insumo e vai integrar a Associação Internacional para a Energia do Hidrogênio, que possui entidades de vários países. Em 2018, conferência mundial será realizada no Brasil.

Fonte: EngenhariaÉ

1008jia2001