Editorial – A disparidade de poder entre os gêneros e sua influência no meio acadêmico

Editorial – A disparidade de poder entre os gêneros e sua influência no meio acadêmico

Grandes feitos realizados por mulheres

A história da humanidade está cheia de mulheres incríveis que transformaram o mundo a sua volta. Mulheres de todas as idades, cores, credos e tempos têm mostrado que são capazes de mudar o seu próprio mundo, o daqueles a sua volta e até mesmo o nosso. 

Malala Yousafzai, uma garota paquistanesa, foi a pessoa mais nova a receber um Nobel da Paz. Por conta de sua luta pelos direitos das mulheres à educação e de sua história de vida (levou um tiro na cabeça quando tinha apenas 14 anos), se tornou um símbolo de luta pelos direitos das mulheres e de força e resistência. 

Outra mulher, que nos inspira é Yoani Sánchez. Ela luta pela liberdade de expressão em Cuba, onde a política é totalmente centralizada no Partido Comunista Cubano e a mídia é controlada. Yoani conseguiu levar informações internas para fora do país e se tornou uma voz importante para a reaproximação Cuba/EUA. 

Uma brasileira que marcou na história das mulheres é Maria da Penha. Vítima de graves agressões por parte do marido que a deixaram paraplégica, buscou por justiça para o seu caso e criou movimentos em defesa de outras vítimas. Ela dá nome à Lei Maria da Penha no Brasil. 

Piera Aiello, a política “fantasma” da Itália, precisou concorrer ao cargo de deputada com o rosto coberto por conta de ameaças da máfia. Ela foi forçada a se casar com o filho de um chefe da máfia aos 14 anos. Depois de ser eleita, ela finalmente revelou seu rosto ao público. Hoje ela usa sua experiência para defender os direitos dos informantes da polícia e de seus filhos. 

Enquanto a África do Sul enfrenta taxas crescentes de assassinatos e estupros contra meninas e mulheres, Lucinda Evans atua como porta-voz. A ativista lidera marchas em todo o país cobrando o governo a tomar ações para combater a violência contra a mulher. Ela também fundou a Philisa Abafazi Bethu, uma organização sem fins lucrativos que oferece serviços de aconselhamento, comitês de busca de meninas sequestradas e hospedagem segura para mulheres vítimas de violência doméstica. 

Greta Thunberg também tem mudado o mundo com seu ativismo pelo clima. Ela começou a protestar do lado de fora do parlamento sueco às sextas-feiras. O que começou como uma greve individual se transformou desde então em um protesto mundial contra as mudanças climáticas. As ações dela mobilizaram ativistas em todo o mundo, com milhões de jovens aderindo ao movimento que ficou conhecido como “Fridays For Future”.

Nas ciências, Frances Arnold, professora de Engenharia Química, Bioengenharia e Bioquímica, também tem mudado o mundo. Vencedora do Prêmio Nobel de Química, seu trabalho sobre enzimas é utilizado em diversos laboratórios na fabricação de vários produtos que vão desde remédios avançados a detergentes. 

Outra pessoa é MiMi Aung, gerente de projetos do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL) e encarregada do desafio de construir uma aeronave leve o suficiente para voar na finíssima atmosfera de Marte. 

Um nome brasileiro é Mayana Zatz, geneticista. É um dos maiores nomes no estudo de doenças neuromusculares e uma autoridade nas pesquisas com células-tronco. A cientista, que hoje trabalha no Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu uma importante técnica que ajuda na compreensão dos mecanismos causadores de doenças genéticas. 

Katie Bouman, professora assistente de matemática e ciência da computação no Instituto de Tecnologia da Califórnia, ficou conhecida depois de fazer a primeira imagem de um buraco negro. Ela liderou o desenvolvimento do algoritmo que resultou na imagem. 

Rana el Kaliouby, doutora e cientista egípcio-americana, é especialista e pioneira em inteligência artificial (Emotion AI). Foi cofundadora da startup Affectiva e desenvolveu um software que pode entender emoções analisando expressões faciais através de uma câmera. A tecnologia está sendo instalada em veículos para detectar motoristas sonolentos. Também defensora apaixonada da igualdade de gênero no ramo tecnológico, Rana é uma jovem líder do Fórum Econômico Mundial. 

Françoise Barré-Sinoussi, cientista francesa, descobriu o vírus causador da AIDS, o HIV, com o auxílio de dois colegas. Ela recebeu o prêmio Nobel de Medicina junto com seu mentor, Luc Montagnier. Hoje, ela é presidente da Sociedade Internacional de AIDS. 

Gada Kadoda, uma engenheira sudanesa, tem ajudado mulheres em áreas remotas a usar energia solar para levar eletricidade a seus vilarejos, treinando-as como engenheiras comunitárias. Ela foi nomeada pelo Unicef como uma inovadora e força motriz por trás do primeiro laboratório de inovação do Sudão. Também é fundadora da Sudanese Knowledge Society, que oferece a jovens pesquisadores a oportunidade de interagir livremente com cientistas e acadêmicos de dentro e fora do país.

Conhecida como “mulher espacial da Índia”, a designer de espaçonaves Susmita Mohanty fundou a primeira startup aeroespacial do país. Ela também é ativista pelo clima e usa seus negócios para ajudar a monitorar e entender as mudanças climáticas a partir do espaço.

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Como estudante de graduação, Charlene Ren criou o MyH2O, uma solução para a falta de água potável na zona rural da China. Hoje em dia, sua plataforma sem fins lucrativos criou uma rede nacional de mapeamento de informações sobre a água, treinando moradores e estudantes para que eles façam testes por conta própria, orientando as organizações ligadas à água sobre onde agir e quais comunidades precisam. 

Por fim, Jocellyn Bell Burnell, astrofísica britânica, descobriu, junto com seu professor Antony Hewish, as primeiras estrelas de nêutrons – as pulsares -, que apresentam campo gravitacional até 1 bilhão de vezes maior que a gravidade da Terra. Lamentavelmente, o trabalho, premiado com o Nobel, não citava a cientista. Portanto, esta mulher brilhante não recebeu a honraria, que permaneceu com seu mentor e um de seus colegas, Marin Ryle.

Para alguns pode parecer que a mulher já conquistou o seu lugar na sociedade, mas essa realidade está muito longe do ideal.

O machismo e a violência presentes no dia a dia

A cada quatro minutos uma mulher é agredida. Esse dado foi fornecido pela Folha de São Paulo que postou uma reportagem sobre a violência, sobretudo doméstica. O portal de notícias Agência Brasil também publicou, em Abril deste ano, que São Paulo teve um aumento de 44,9% de violência contra a mulher durante a pandemia.  Não são apenas boatos, são histórias que acontecem todos os dias, muitas vezes com o agressor conhecido e dentro da própria casa. Muitos desses casos, inclusive, não recebem denúncia. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que 52% das mulheres preferem ficar caladas. Por quê? Quem se submeteria a permanecer em um estado caótico dentro da própria casa? 

“E, no final, a vítima sempre é culpada. A gente tem medo de ser julgada pelos outros”. Essa frase foi retirada de uma reportagem da Folha de São Paulo onde a entrevistada explicava o por que de não ter denunciado o ex-marido quando esse invadiu sua casa e a atacou.

O artigo publicado pela Débora da Silva Cristina Cordeiro lista 3 de vários porquês das mulheres não denunciarem seus agressores, sendo esses: dependência afetiva e econômica de seus parceiros; medo de possíveis novas agressões; falta de confiança nas instituições públicas responsáveis pelo enfrentamento da violência contra a mulher. Um outro fator muito importante é o fato de que muitos desses agressores não estão presos. Como uma mulher pode confiar na justiça sendo que esses homens estão soltos? E se ela fizer uma denúncia e o agressor não for julgado como culpado? Quais são as chances dele ir atrás dela? 

Em Agosto de 2017 uma jovem de 20 anos foi estuprada por dois assaltantes atrás de um motel em Vila Velha, no Espírito Santo. Ela estava indo com o noivo comer pizza. Não há indícios de que os estupradores tenham sido presos. 

A escritora Clara Averbuck, que já havia sido abusada aos 13 anos, foi estuprada dentro de um uber quando voltada de uma festa. O motorista foi afastado da Uber, mas não foi preso.

A influencer Mariana Ferrer foi vítima de abuso e teve sua bebida drogada por um empresário. Ela teve o caso julgado na quarta feira (09/09) e seu caso teve a denúncia declarada como improcedente contra o empresário que a estuprou, alegando falta de provas, mesmo existindo um vídeo do empresário levando ela pra um lugar exclusivo dentro do ambiente.

Sendo um ato muito recorrente, infelizmente, a realidade do Brasil ainda é triste, já que ele é o quinto país com a maior taxa de homicídios de mulheres segundo dados levantados pelo Mapa da Violência 2015.

“Todo ato de violência baseado em gênero que tem como resultado possível ou real um ato físico, sexual ou psicológico, incluídas as ameaças, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade, seja a que aconteça na vida pública ou privada. Abrange sem caráter limitativo a violência física, sexual e psicológica na família incluídos os golpes, o abuso sexual às meninas, a violação relacionada à herança, o estupro pelo marido, a mutilação genital e outras práticas tradicionais que atentem contra a mulher a violência exercida por outras pessoas – que não o marido – e a violência relacionada com a exploração física, sexual e psicológica e ao trabalho em instituições educacionais e em outros âmbitos, o tráfico de mulheres, a prostituição forçada e a violência física sexual e psicológica perpetrada ou tolerada pelo Estado, onde quer que ocorra.” (OMS/OPS, 1998 apud MIZUNO; FRAID; CASSAB, 2010, p. 17).

A luta das mulheres negras é muito mais complicada e diferente, visto que além da luta feminista também lutam pela igualdade racial. A BBC News Brasil publicou, em junho de 2019, que o número de homicídios de mulheres no Brasil é de 13 por dia e que 66% dessas mulheres são negras.

Casos de violência contra mulheres estão longe de ser recentes. O machismo é intrínseco à sociedade e por isso é tão difícil para as mulheres serem ouvidas. Se falar das conquistas feministas hoje em dia ainda é difícil, podemos imaginar como era antigamente. 

Em 1827, através da Lei Geral, meninas foram liberadas para frequentarem além da escola primária pela primeira vez. 

A autora da obra “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, Nísia Floresta, foi a primeira mulher brasileira a denunciar em uma publicação o mito da superioridade do homem e defender as mulheres como merecedoras de respeito igualitário, em 1832.

Foi apenas em 1879 que as mulheres conquistaram o direito ao acesso às faculdades, apesar de isso não ter interferido no machismo e no preconceito vivido dentro do curso. Quantas vezes uma mulher já não foi diminuída por estar fazendo um curso de majoritariedade masculina, como por exemplo os cursos de ciências exatas e engenharias?

Ao falarmos das conquistas femininas, temos que entender que grande parte desses feitos está atrelado ao fato das mulheres também terem ingressado o mundo da política. Foi em 1910 que o primeiro partido político feminino foi criado e, 22 anos depois, as mulheres conquistaram o direito ao voto.

Todas essas pequenas conquistas alcançadas por mulheres refletem diretamente na sociedade na qual vivemos hoje. Os anos de distância entre um feito e outro mostram como o machismo atrelado na sociedade é difícil de ser combatido, e por isso é preciso muita luta para tal. 

Em Dezembro de 2019, o jornal O Globo publicou uma reportagem na qual falava que mulheres levarão, pelo menos, 257 anos para adquirir os mesmos direitos que os homens. Ainda assim, virtualmente com os mesmos direitos, o que ainda se vê é uma enorme desigualdade, seja no âmbito social, econômico ou acadêmico.

Presença das mulheres no ensino superior: conquistas e desigualdade persistente

De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020, divulgado pelo Instituto Semesp, cerca de 57% dos estudantes matriculados no ensino superior no Brasil são mulheres. No entanto, neste contexto, a predominância feminina dentro das universidades não mascara um problema vivenciado por mulheres ao redor de todo o país: a desigualdade de gênero dentro das universidades, enraizada na própria academia em suas mais diversas esferas.

Segundo o levantamento feito pelo Semesp, as mulheres são maioria nos campos de educação e ciências sociais, jornalismo e informação. Entre os cursos com maior predominância de mulheres está o de Pedagogia, com 92,5% dos estudantes. Já os homens continuam maioria em campos como tecnologia da informação e comunicação, engenharia, construção e produção. Apesar de presentes na ciência, as mulheres são minoria entre seus principais dirigentes – atualmente, dentro da faculdade de Engenharia da UFJF, as mulheres não ocupam nem um quinto dos cargos como professores titulares. 

Ao longo dos últimos 20 anos, houve um avanço da participação feminina em todo o mundo. Passou de 29% para 38% o número de mulheres entre os autores de pesquisa científica.

“Para a mulher vencer na vida, ela tem que se atirar. Se erra uma vez, tem que tentar outras cem. É justamente a nova geração a responsável para levar avante a luta da mulher pela igualdade”. A frase é da ativista feminina, bióloga e cientista brasileira Bertha Lutz (1894 – 1976).

Durante sua trajetória na ciência, Bertha também impulsionou a partir de 1919 os ideais feministas no Brasil. A luta de Bertha contra a invisibilidade da mulher na ciência abriu caminho para que outras mulheres também se tornassem cientistas. A realidade atual é fruto da conquista de várias mulheres que lutaram por igualdade e reconhecimento no passado e daquelas que continuam a lutar. Por isso, o número de mulheres cientistas cresce cada vez mais.

O Brasil é um dos países com a maior porcentagem de artigos científicos assinados por mulheres, seja como autora principal ou como coautora: cerca de 44,25%, de acordo com a Revista Pesquisa Fapesp. Contudo, apesar de assinar a maior parte dos artigos científicos, quando analisados os números de mulheres pesquisadoras que publicaram no período analisado, são menores que os dos homens. As diferenças se acentuam principalmente nas áreas de pesquisa, de forma que entre as engenharias elas representam apenas 32% dos autores.

Além da desigualdade de gênero enfrentada dentro das universidades, as dificuldades não se encerram ao fim do curso superior. Ser mulher é sempre estar sendo colocada a prova, com constantes questionamentos sobre sua competência dentro de sua área de atuação, de forma que no mercado de trabalho não poderia ser diferente. De acordo com o relatório feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as mulheres têm 34% mais probabilidade de se formar no ensino superior do que os homens, mas também menos chances de conseguir emprego.

Segundo o relatório, a empregabilidade de mulheres brasileiras de 25 a 34 anos com ensino superior é de 82% e cai para 63% entre mulheres com ensino técnico e para 45% entre mulheres sem essa capacitação. Já entre os homens brasileiros, os índices são bem mais altos. A taxa de empregabilidade dos que têm ensino superior é de 89%; de 76% dos que têm ensino técnico e 76% dos que não tem nenhuma formação superior.

Violência sexual e de gênero nas Universidades

Em uma breve pesquisa realizada pela equipe do Energia Inteligente, cerca de 78% das mulheres entrevistadas, afirmaram já terem enfrentado ou testemunhado alguma situação machista dentro do ambiente acadêmico. Seja de modo aberto ou velado, praticado por alunos, professores e funcionários, o machismo também se faz presente nas universidades. Salas de aulas e corredores universitários são cenários perfeitos para a reprodução do poder masculino.

O machismo estrutural enraizado em nossa sociedade está presente no cotidiano de muitas mulheres, afetando suas vidas em diversos aspectos. Situações de assédio e abuso são muita das vezes legitimadas por uma sociedade na qual as mulheres são reprimidas e silenciadas diariamente.

A pesquisa sobre violência de gênero no meio universitário realizada por nossa equipe também revelou que cerca 28% das alunas entrevistadas já teriam sido vítimas de violência e assédio no ambiente acadêmico. As mulheres são vítimas prioritárias dessas relações violentas, que por muitas vezes não são só físicas, mas também psicológicas e discriminatórias.

Um dos meus professores disse em sala de aula que as meninas não precisavam se preocupar em estudar para a matéria dele, pois ele não reprovava mulheres, uma vez que nós não temos a capacidade de aprender’’

O professor relatou que outras alunas, por serem da educação física, usavam colã nas aulas e que portanto não era culpa dele de olhar.’’

O meu professor de desenho técnico corrigiu minha prova três vezes na minha frente, porque, segundo ele, eu era mulher e não poderia tirar notas altas, pois em um ambiente de trabalho as mulheres não podem mandar nos homens.’’ 

Nas salas de aulas das universidades torna-se evidente uma majoritária presença de homens entre os docentes. Infelizmente, ainda é comum que muitas estudantes escutem discursos que compactuam com comportamentos machistas. 

Um professor expressava um favoritismo relação à mim, me dava notas boas mesmo quando eu devia ter ido mal, pontos extras injustificados, sempre inventava uma desculpa pra eu precisar ir sozinha na sala dele, como por exemplo esquecer de levar minha prova, meu trabalho ou precisar conversar comigo sobre algum erro em particular. Ele fazia comentários sobre a minha aparência, minhas roupas e minhas ações que mesmo sendo “elogios” me constrangiam e faziam eu me sentir exposta.’’ afirma uma  aluna entrevistada.  

Mulheres carregam séculos de luta para garantirem seus direitos básicos, mas cada uma ainda está presa a uma corrente diferente: e uma mulher só vai ser livre quando todas as outras também forem. Quando uma mulher descobre a força que tem, nada mais pode pará-la. Elas são mais do que beleza: são inteligência, ambição e talento. Querem ter vez e voz. A busca por um lugar de fala ainda é uma luta constante das mulheres. Em ambientes acadêmicos é extremamente importante debater e esclarecer questões sobre desigualdade e violência de gênero dentro das faculdades, de modo a tornar o ambiente mais seguro e acolhedor para as estudantes, docentes e funcionárias. 

Agora me responda: o que você já deixou de fazer por ser mulher?

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Juliana Quinelato