Entrevista: Marcelo Batista do Amaral, UFJF, CEMIG
Marcelo Batista do Amaral possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1984), Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de São João Del Rei (1993), mestrado em Sistemas de Potência pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2004) e doutorado em Sistemas elétricos de potência com o tema “Modelagem Estática de Cargas Através de Medição Direta”, também pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2012). Trabalhou por 32 anos como Engenheiro eletricista da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) nas áreas de Geração, Transmissão e Distribuição.
- Como foi sua trajetória até a Engenharia Elétrica, e porque escolheu este curso?
No ensino médio, antigo segundo grau, cursei eletrotécnica, no então Colégio Técnico Universitário (CTU-UFJF). Onde através de um ensino teórico e prático, me interessei por eletricidade e resolvi aprofundar e seguir na carreira de engenheiro eletricista.
- Durante a graduação, quais foram os maiores desafios e motivadores acadêmicos?
O estudo da eletricidade, se dá através de conceitos melhor compreendidos por meio da medição e observação de seus efeitos, o que dificulta um primeiro entendimento unicamente através de descrições teóricas e científicas. Os motivadores, são exatamente os efeitos e confortos, produzidos e trazidos pela energia elétrica. A percepção de que a energia elétrica é um dos mais importantes elementos (molas “propulsoras”) do desenvolvimento das civilizações é o sentimento mais motivador e inspirador para o profissional de engenharia elétrica.
- Dada a sua formação, como foi encarar o mercado de trabalho da área ?
Na época, o mercado para o engenheiro eletricista recém-formado era relativamente promissor. O país atravessava uma fase de crescimento moderado, que demandava profissionais de engenharia em geral. Ao assumir o emprego na CEMIG, na área de geração , enfrentei dificuldades iniciais de adaptação ao modelo de trabalho e aplicação dos conhecimentos de engenharia elétrica. Na prática, as abordagens teóricas, aprendidas durante o curso, foram fundamentais, porém insuficientes para entender as terminologias, diagramas e esquemas praticados pela empresa. Muitas questões de operação de uma planta real só se aprende vivenciando os problemas práticos, reais.
- Por qual motivo decidiu manter-se atualizado e prosseguir na formação acadêmica, mesmo já estando empregado na área, numa empresa estável e segura como a CEMIG?
Os desafios da prática de engenharia requerem um constante aprimoramento dos conhecimentos acadêmicos de engenharia, de forma a buscar as soluções tecnicamente e economicamente mais adequadas, ou seja, as soluções ótimas. Sendo assim, mantive-me sempre ligado a projetos de pesquisa e desenvolvimento junto a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), onde prossegui com os estudos do mestrado e posteriormente doutorado.
- A sua dissertação de mestrado e tese de doutorado, foi direcionada ao tema Modelagem Estática de Cargas Através de Medição Direta. Porque escolheu este tema ?
O tema foi escolhido para tratar situações-problema reais de uma concessionária ligados aos estudos de planejamento da Operação e Expansão dos Sistemas Elétricos de Potência (SEP). Até então, as cargas eram representadas em suas respectivas barras como potência constante ou impedância constante, conduzindo a erros de diagnósticos do SEP, sejam voltados para a operação em tempo real, ou para os estudos de planejamento da expansão do SEP. Estes erros conduziam a prejuízos tecno-econômicos expressivos, impactantes para os resultados empresariais. Para contrapor a estas situações, foi apresentada uma nova metodologia de modelagem estática de cargas através de medição direta e técnicas de otimização.
- Quais suas sugestões e recomendações ao acadêmico, futuro engenheiro eletricista?
A recomendação básica é focar a teoria, mas sempre buscando e questionando sua aplicação e experiências, vivências práticas. Para isso, deve se procurar interagir, com profissionais de empresas por meio de visitas técnicas ou participação em eventos, feiras técnicas e palestras. É preciso buscar uma união entre a academia e a indústria a todo tempo para se ter uma formação mais completa e adequada, conferindo-lhe maior empregabilidade junto ao mercado de trabalho.