Entrevista: Danilo Pinto, Ex-tutor do PET Elétrica UFJF

Entrevista: Danilo Pinto, Ex-tutor do PET Elétrica UFJF

Apresentação

Danilo Pereira Pinto é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) , e também nosso recém ex-tutor do nosso Programa de Ensino Tutorial da Engenharia Elétrica. Além disso, Danilo possui vasta experiência na área de sistemas de potência, eficiência energética, fontes alternativas de energia e educação para engenharia. Em Agosto de 2016, assumiu o posto de tutor no grupo PET Elétrica e nesta entrevista, irá contar um pouco sobre como isso marcou a sua vida.

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Foto 1 – Professores e tutores Danilo Pinto e Cristiano Casagrande junto aos petianos do período 2025.1
  • Quando e onde começou sua carreira como engenheiro? 

Iniciei minha trajetória acadêmica em 1984, quando concluí a graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro. Em seguida, ingressei no mestrado na COPPE/UFRJ, onde durante esse período, também atuei como docente na Universidade Católica de Petrópolis. Fui aprovado em concurso público e passei a integrar o corpo docente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), instituição onde desenvolvi toda a minha carreira. Em 1995, concluí o doutorado, consolidando minha formação.

  • Quais foram suas primeiras impressões do grupo quando assumiu? O que mais te surpreendeu durante a tutoria?  Teve algum desafio inicial que te marcou?

Minha aproximação com o Programa de Educação Tutorial (PET) ocorreu ainda na década de 1990, quando o grupo de Engenharia Elétrica foi criado na UFJF. Já conhecia o projeto por intermédio do professor Francisco José Gomes, o Chico,  tutor do PET Elétrica, e desde então participei como colaborador em algumas atividades, especialmente voltadas para o ensino e a extensão. Essa vivência foi se aprofundando à medida que avancei nos meus estudos sobre metodologias de ensino-aprendizagem e formação de professores, temas que sempre estiveram presentes em minha trajetória.

Em 2013, realizei um pós-doutorado, mais uma vez em parceria com o professor Chico, no qual nos dedicamos ao estudo das metodologias ativas e da formação docente. Pouco tempo depois, com a aposentadoria dele, candidatei-me à tutoria e assumi oficialmente o grupo em 2016.

Reconheço que o início foi desafiador. Substituir um tutor que permaneceu à frente do grupo por 25 anos inevitavelmente gerava comparações e, em certos momentos, desconfortos. No entanto, fui acolhido com entusiasmo pelos bolsistas, que se mostraram abertos às minhas propostas de trabalho. Esse apoio foi fundamental para que a transição se tornasse positiva e colaborativa.

Ao longo de nove anos como tutor, aprendi tanto quanto ensinei. Sempre me surpreendeu a maturidade dos estudantes e a riqueza de contribuições que traziam. O PET transformou não apenas minha prática pedagógica, mas também minha vida pessoal, levando-me a repensar métodos de ensino, postura em sala de aula e até mesmo minha forma de agir no cotidiano.

Foto 2 – Professor Danilo Pinto junto aos petianos e participantes do XII evento LinusBot
  • Fale um pouco sobre a evolução dos estudantes e do curso da elétrica ao longo do tempo. Como que o PET Elétrica ajuda na formação desses engenheiros?

Acompanhei mudanças importantes no curso de Engenharia Elétrica da UFJF. No início, o currículo era rígido e fortemente baseado em referências externas, com ênfase quase exclusiva em conteúdos técnicos. As diretrizes curriculares de 2003 e 2019 trouxeram transformações relevantes, valorizando também a formação cidadã do aluno. Contudo, ainda considero que precisamos avançar em alguns pontos, como a preparação pedagógica dos professores e o incentivo ao desenvolvimento de competências e habilidades fundamentais para os estudantes.

Dentro desse contexto, sempre reconheci no PET um diferencial essencial. O programa oferece, desde os primeiros anos do curso, a oportunidade de desenvolver competências como comunicação, trabalho em equipe, autonomia e responsabilidade. Essas experiências tornam o aprendizado técnico mais sólido e favorecem a formação de profissionais mais completos.

Notei também mudanças significativas no próprio grupo ao longo do tempo. Quando cheguei, a gestão era mais informal, com poucos registros. Aos poucos, consolidamos práticas mais organizadas, como relatórios consistentes, planejamento estruturado e uma cultura de avaliação constante — incluindo autoavaliação. Essas iniciativas trouxeram maturidade coletiva. Além disso, o grupo passou a dar maior atenção a pautas como inclusão, diversidade e combate ao machismo, ampliando o alcance e a relevância das ações. Outro ponto marcante foi a pandemia de COVID-19, que nos impôs desafios inéditos e exigiu grande capacidade de adaptação.

  • O que o pet representou pra você como profissional e como pessoa?

Ao olhar para trás, considero que a tutoria do PET foi a experiência mais significativa de minha carreira na UFJF. O programa foi o principal motivo da minha permanência na instituição até a aposentadoria, pois me proporcionou renovação profissional, autoconhecimento e motivação constante. Entre todas as atividades que desempenhei ao longo de 38 anos, ser tutor do PET Elétrica foi, sem dúvida, a mais marcante.

Foto 3 – Professor Danilo Pinto como coordenador da comissão organizadora do SudestePET junto ao Secretário de Educação Superior do MEC e último reitor da UFJF Marcos Vinicius David
  • Que conselho você deixa pro próximo tutor e para os petianos?

Aos estudantes: aproveitem intensamente sua vivência no PET, participem de projetos, eventos e atividades coletivas, pois essa experiência vai muito além do aspecto técnico. Ao grupo, cada aluno deve deixar sua marca. Aos futuros tutores: recomendo uma postura de abertura e diálogo, atuando como facilitadores do processo formativo. O PET não transforma apenas os alunos; ele também transforma profundamente aqueles que os orientam.

Maria Paula Martins