Radia Perlman: A Mãe da Internet

Radia Perlman: A Mãe da Internet

Introdução

Radia Joy Perlman, nascida em Portsmouth em 1º de janeiro de 1951, é uma cientista da computação estadunidense e engenheira de redes. Reconhecida como a “mãe da Internet”, ela inventou o protocolo Spanning Tree (STP), essencial para a operação de pontes de rede mais conhecida por bridge (redes de computadores), enquanto trabalhava na Digital Equipment Corporation. Atualmente, é funcionária da Dell EMC, continuando a moldar o futuro das redes de computadores.

Vida Pessoal

Radia Perlman cresceu perto de Asbury Park, em Nova Jersey, onde seus pais trabalhavam como engenheiros para o governo dos EUA. Com um ambiente familiar voltado para a ciência e a tecnologia, Perlman desde cedo demonstrou interesse por matemática e ciência. Embora tenha achado essas disciplinas “fáceis e fascinantes”, também se destacou em outras áreas acadêmicas. Foi somente durante o ensino médio, ao fazer uma aula de programação, que Perlman considerou pela primeira vez uma carreira envolvendo computadores.

Educação

Durante sua graduação no MIT, Radia Perlman obteve seu primeiro emprego remunerado em 1971 como programadora em meio período no LOGO Lab, parte do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT na época. Sob a supervisão de Seymour Papert, ela desenvolveu o TORTIS (Sistema Intérprete de Tartarugas Próprias da Criança), uma versão infantil da linguagem de programação LOGO. Entre 1974 e 1976, crianças tão jovens quanto 3 anos e meio programaram um robô educacional chamado Tartaruga, destacando Perlman como pioneira no ensino de programação para crianças pequenas.

Enquanto estudante de matemática no MIT, ela ingressou no grupo MIT na BBN Technologies em busca de um orientador para sua tese. Lá, ela se envolveu no desenvolvimento de protocolos de rede. Perlman conquistou seu bacharelado e mestrado em matemática, além de um doutorado em Ciência da Computação pelo MIT em 1988. Sua tese de doutorado abordou o roteamento na presença de falhas de rede maliciosas.

Radia Perlman estudou no MIT no final dos anos 60, quando havia cerca de 50 alunas em uma turma de aproximadamente 1.000 alunos. Inicialmente, o MIT tinha apenas um dormitório feminino, limitando a quantidade de mulheres que poderiam estudar lá. Quando os dormitórios masculinos começaram a aceitar mulheres, Perlman mudou-se para um dormitório misto, onde se tornou a “mulher residente”. Ela se acostumou tanto com a desigualdade de gênero que a considerava normal, até perceber, ao ver outras alunas entre uma multidão de homens, que a situação era estranha.

Protocolo Spanning Tree (STP)

Radia Joy Perlman, enquanto trabalhava na Digital Equipment Corporation (DEC) em 1984, desenvolveu um protocolo simples para resolver problemas de loops em redes locais (LANs). Os loops ocorrem quando há mais de um caminho para um destino na rede, o que pode causar o colapso da rede. Perlman criou um protocolo que usava uma quantidade constante de memória, independentemente do tamanho da rede.

Ela aproveitou os endereços MAC únicos das pontes de rede e desenvolveu um algoritmo que permitia a comunicação entre as pontes. Esse algoritmo identificava uma ponte raiz e mapeava o caminho mais curto para ela, desativando caminhos redundantes. Embora o protocolo demorasse cerca de um minuto para se ajustar a mudanças na rede, tempo em que um loop poderia derrubar a rede, ele foi padronizado como 802.1d pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE).

Perlman destacou que a principal vantagem do protocolo era simplificar a interconexão das LANs, eliminando a preocupação com a topologia da rede. No entanto, ela criticou algumas mudanças feitas durante o processo de padronização.

Outras contribuições

Radia Perlman é uma renomada engenheira de rede e autora de livros sobre redes e segurança de rede. Com mais de 100 patentes em seu nome, Perlman foi a principal projetista dos protocolos DECnet IV e V, fundamentais para redes ponto a ponto. Ela fez contribuições significativas ao Protocolo de Rede sem Conexão (CLNP) e colaborou com Yakov Rekhter no desenvolvimento do Protocolo de Roteamento de Interconexão de Sistema Aberto (IDRP), que facilita a comunicação entre roteadores em redes de comutação de pacotes.

Durante seu tempo na Digital Equipment Corporation (DEC), Perlman supervisionou a transição para protocolos de roteamento link-state, que se adaptam rapidamente a mudanças na topologia da rede. Ela também melhorou o protocolo IS-IS para suportar IP (Internet Protocol), AppleTalk e IPX (Internetwork Packet Exchange), e seu trabalho foi crucial para o desenvolvimento do protocolo OSPF (Open Shortest Path First).

Mais tarde, na Sun Microsystems (atualmente Oracle), Perlman se especializou em protocolos de rede e segurança, obtendo mais de 50 patentes adicionais. Além de seu trabalho técnico, ela foi bolsista na Sun Microsystems e lecionou em instituições prestigiadas como a Universidade de Washington, Harvard e MIT. Perlman também foi uma palestrante ativa em eventos globais, recebendo prêmios como o Lifetime Achievement Award da Usenix e o SIGCOMM da Association for Computing Machinery.

Seu trabalho tem impacto duradouro no campo da rede, tornando a criação e manutenção de redes mais eficientes e seguras.

Mariana Saar