Conheça Carolina Motter: a brasileira que ganhou destaque por suas pesquisas com bioimpressão 3D de pele humana para teste de cosméticos.

Conheça Carolina Motter: a brasileira que ganhou destaque por suas pesquisas com bioimpressão 3D de pele humana para teste de cosméticos.

Recentemente tem circulado nas redes sociais o curta-metragem “Salve o Ralph”, a animação em stop motion foi idealizada pela Humane Society International e  tem como objetivo promover uma campanha contra testes em animais na indústria cosmética. No filme podemos ver Ralph, um coelho cobaia conformado com seu “trabalho”, afirmando veementemente a importância da sua função para vida humana. 

As cenas são assustadoras e comoventes e  quanto mais Ralph fala, podemos perceber uma tristeza escondida ao realizar um trabalho “vendido” para ele como algo essencial e honroso. A campanha é focada em 16 países prioritários, incluindo Brasil, Canadá, Chile, México, África do Sul e 10 nações do sudoeste asiático.

Embora proibida em 40 países, a prática dos animais que servem de cobaia é legalizada em várias nações e está, inclusive, voltando em algumas regiões, fazendo com que milhares de animais sejam submetidos ao sofrimento e morte. Porém boas iniciativas existem, e uma delas está aqui no Brasil.

Hoje viemos falar sobre a vida e trabalho da cientista brasileira Carolina Motter, que  virou destaque internacional com projetos que substituíram animais por pele 3D em testes com cosméticos.

Trajetória Acadêmica

Formada em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia na Universidade Federal do Paraná, Carolina fez  estágio na L’Oréal em 2012 onde trabalhou com pele humana reconstruída como alternativa aos testes com animais.

Depois de formada, fez mestrado em Farmácia na Universidade de São Paulo, quando desenvolveu um modelo de epiderme reconstituída in vitro feito na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, com orientação da professora Silvya Stuchi, no Laboratório de Biologia da Pele. Quando ainda era estudante de mestrado, Carolina participou do Congresso Mundial de Métodos Alternativos e Uso de Animais nas Ciências da Vida, em Praga, na República Tcheca. No evento, a curitibana conheceu pesquisadores e grupos de pesquisa que estavam trabalhando na área.

Posteriormente, Carolina iniciou seu doutorado no Instituto Politécnico Rensselaer, em Troy, no estado de Nova York, onde trabalhou no desenvolvimento de modelos de pele humana usando a tecnologia de impressão 3D. 

A pesquisa

Utilizando amostras de células de pele humana, é possível criar biotintas, com as quais imprime-se o tecido para ser utilizado em testes de segurança e eficácia de substâncias usadas em produtos como maquiagens. Como a pele reconstruída in vitro têm fisiologia mais parecida com a humana, se comparado com outros animais usados para testes, essa tecnologia pode aumentar a segurança dos futuros usuários destes produtos, além de diminuir a exploração animal.

Foto: Carolina Motter/Arquivo pessoal

Em 2017, o projeto de Carolina virou destaque internacional. Ela venceu o prêmio Jovem Pesquisador, na categoria Américas, concedido pela Lush, uma empresa britânica de cosméticos, que promove cientistas que buscam formas de acabar com a necessidade de uso de animais em pesquisas envolvendo testes de produtos químicos. A curitibana foi laureada na categoria Jovem Investigadora, das Américas, ganhou um troféu em formato de lebre e 10 mil libras para suas pesquisas e sua formação.

“Como cientista, tenho a responsabilidade de usar os melhores recursos para criar alternativas. Como ser humano, tenho todas as motivações para seguir em frente, lutando pelos meus objetivos”

Carolina Motter

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Juliana Quinelato