James Webb – Os olhos para o universo

James Webb – Os olhos para o universo

O Telescópio Espacial James Webb (JWST) foi um dos projetos mais aguardados na astronomia e é frequentemente chamado de “sucessor” do famoso telescópio espacial Hubble. Planejado para ser lançado em 2021, mas a data de lançamento foi adiada várias vezes, até que finalmente foi enviado ao espaço em 25 de dezembro de 2021 a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. No dia 24 de janeiro de 2022, chegou ao seu destino, o ponto de Lagrange L2, quando começou a sua operação. o JWST promete revolucionar nossa compreensão do universo com a observação de corpos distantes e a diversos comprimentos de onda da luz.

Aqui estão alguns pontos-chave sobre o JWST:

1. Visão Infravermelha: Uma das características mais distintivas do JWST é sua capacidade de observar o universo principalmente na faixa do infravermelho. Isso permitirá que o telescópio observe objetos muito mais distantes do que o Hubble, já que o infravermelho pode penetrar poeira cósmica e gás interestelar que bloqueiam a luz visível.

2. Grande Espelho Primário: O JWST possui um espelho primário de 6,5 metros de diâmetro, muito maior do que o Hubble. Isso permitirá uma coleta de luz significativamente maior, o que é crucial para observar objetos fracos e distantes.

3. Órbita em L2: O JWST será posicionado no chamado ponto de Lagrange L2, que está localizado a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra na direção oposta ao Sol. Esta posição oferece um ambiente de observação relativamente estável e protege o telescópio do brilho e calor da Terra e da Lua.

4. Objetivos Científicos: O JWST tem uma ampla gama de objetivos científicos, incluindo o estudo das primeiras estrelas e galáxias que se formaram após o Big Bang, a caracterização de atmosferas de exoplanetas em busca de sinais de vida e a investigação de processos de formação estelar e planetária em nossa própria galáxia.

5. Parceria Internacional: O projeto JWST é uma colaboração entre a NASA, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadense (CSA). Cada uma dessas agências contribuiu com instrumentos e tecnologias para o telescópio.

O JWST é esperado para desvendar mistérios cósmicos, expandir nosso conhecimento sobre o universo e transformar nossa compreensão de como as estrelas, galáxias e sistemas planetários se formam e evoluem. Aqui vamos mostrar algumas das principais descobertas deste telescópio:

Foto mais detalhada do Universo

Em 11 de julho, os cientistas alcançaram um marco significativo. A NASA revelou ao mundo a imagem mais detalhada já capturada do Universo, direcionada para uma região repleta de aglomerados de galáxias massivas conhecida como SMACS 0723.

Este não foi o primeiro vislumbre fornecido pelo Telescópio Espacial James Webb dessa área. De fato, uma versão preliminar da imagem já havia sido compartilhada pela agência espacial no início de julho, embora tenha sido parte de um teste de estabilidade do equipamento, sem objetivos científicos específicos.

Chamada de “foto de campo profundo”, a imagem se destaca pela idade das galáxias que revela. Algumas delas estão a mais de 13 bilhões de anos-luz de distância, oferecendo um vislumbre dos primórdios do Universo. O James Webb, com sua capacidade de observação no espectro infravermelho, torna possível a captura desses objetos distantes.

Galáxia mais antiga já detectada

Este é um campo em constante evolução, sujeito a mudanças – e isso já ocorreu. O principal propósito do telescópio é explorar o passado, observando centenas de milhares de anos após o Big Bang. Consequentemente, é comum que ele nos traga imagens das estrelas e galáxias mais antigas já detectadas.

Inicialmente, o James Webb direcionou seu olhar para a GLASS-z13, situada a 13,4 bilhões de anos-luz de distância. Esta foi então considerada pelos cientistas como a galáxia mais antiga já observada no Universo.

No entanto, as descobertas podem ser rápidas e transformadoras. Um novo estudo, também baseado em dados do telescópio, agora sugere que a galáxia mais antiga pode ser a chamada CEERS-93316, localizada a 13,8 bilhões de anos-luz de distância. O novo artigo está disponível no repositório de acesso livre arXiv.

Estrela mais antiga já vista

Mais um feito notável para o Webb: o telescópio conseguiu registrar a estrela mais antiga já observada no Universo, situada a 12,9 bilhões de anos-luz da Terra. Batizada de Aerendel, ela reside na galáxia Sunrise Arc.

Esta não é a primeira vez que os cientistas a identificam no espaço. O Telescópio Espacial Hubble já havia avistado essa estrela, embora a qualidade da imagem obtida por ele seja inferior. Ambas as observações foram realizadas em 2022.

Exoplaneta próximo com suporte à vida

Em setembro, o JWST também detectou a presença de metano e dióxido de carbono na atmosfera de um exoplaneta próximo chamado K2-18 b. Este planeta orbita uma estrela fria a uma distância de 120 anos-luz da Terra e é maior que o nosso próprio planeta. Observações anteriores feitas pelo Telescópio Espacial Hubble sugerem que o K2-18 b pode abrigar uma atmosfera densa e rica em hidrogênio, possivelmente com oceanos de água líquida. As observações mais recentes feitas pelo JWST corroboram essa hipótese, já que os novos dados revelam a presença significativa de metano e dióxido de carbono.

Conclusão

Observar o espaço é essencial para a humanidade, proporcionando uma janela para compreender a origem, a evolução e a vastidão do universo. Através da observação astronômica, podemos desvendar mistérios cósmicos, entender melhor nossa própria existência e buscar respostas para questões fundamentais sobre a vida, o universo e tudo mais. Além disso, a exploração do espaço inspira a curiosidade humana, impulsiona a inovação tecnológica e promove uma perspectiva global da Terra e do cosmos, destacando a importância da colaboração internacional na busca pelo conhecimento e pela exploração espacial.

Gustavo Gomes