Wi-Fi com raios T mais próximo da realidade
Pesquisadores japoneses bateram o recorde de transmissão de dados sem fios na faixa dos terahertz, uma parte ainda inexplorada do espectro eletromagnético. A taxa de dados alcançada é 20 vezes maior do que o melhor padrão wi-fi.
A banda dos raios T fica entre as micro-ondas e o infravermelho distante – 1 THz equivale a 1.000 GHz.
Os raios T, ou radiação terahertz, vêm sendo considerados como altamente promissores para o uso biomédico, eventualmente substituindo os raios X – apesar do nome “radiação terahertz”, trata-se de uma radiação não-ionizante.
Em 2007, pesquisadores demonstraram pela primeira vez que os raios T poderiam ser usados também para a transmissão digital de dados.
Desde então tem havido uma procura frenética pelo desenvolvimento de geradores de radiação terahertz e de antenas capazes de captá-la.
Quase terahertz
Por enquanto, os trabalhos na transmissão de dados na faixa dos terahertz têm adotado uma especificação mais folgada, que vai dos 300 GHz até os 3 THz. Nenhuma agência de telecomunicação até agora regulamentou a faixa dos THz.
Apesar de teoricamente suportar taxas de transferência de dados de até 100 Gb/s – 15 vezes mais do que o wi-fi de próxima geração, que ainda está em fase de especificação – o “wi-fi terahertz” provavelmente terá um alcance mais limitado, por volta dos 10 metros.
Neste trabalho mais recente, os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Tóquio demonstraram uma taxa de transmissão de 3 Gb/s a 542 GHz.
Ou seja, eles estão a meio-caminho dos raios T – o que é muito, considerando-se que é uma tecnologia com poucos anos de desenvolvimento.
Diodo-túnel
O experimento foi possível graças a um componente de 1 milímetro quadrado, chamado um diodo de tunelamento ressonante, ou RTD (Resonant Tunnelling Diode).
Diodos-túnel têm a característica incomum de que a tensão que produzem pode algumas vezes diminuir quando a corrente aumenta.
Eles são projetados de tal forma que este processo faz com que o diodo entre em ressonância, emitindo ondas de frequência muito alta – teoricamente, de vários terahertz.
Os pesquisadores japoneses afirmam que o próximo passo da pesquisa é justamente aproximar a prática dessa teoria, entrando finalmente no regime efetivo dos terahertz.
Antes de qualquer uso prático, será necessário também aumentar a potência do componente.
K. Ishigaki, M. Shiraishi, S. Suzuki, M. Asada, N. Nishiyama, S. Arai
Electronic Letters
Vol.: 48, Issue 10, p.582-583
DOI: 10.1049/el.2012.0849