Uso de fontes renováveis de energia deve disparar nas próximas décadas, acredita painel de mudanças climáticas da ONU

O uso de fontes renováveis de energia deve disparar nas próximas décadas, ajudando a diminuir a dependência global de combustíveis fósseis e a consequente emissão de gases do efeito estufa. A previsão faz parte do esboço de um relatório que faz uma revisão de 164 cenários traçados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), que está reunido em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Segundo o IPCC, as fontes renováveis responderam por 12,9% de toda a produção de energia do mundo em 2008, mas dependendo do cenário têm o potencial de dobrar esta participação até 2035, podendo chegar a até 77% do total em 2050. A conta, no entanto, exclui a bioenergia proveniente da queima de lenha para cozinha e aquecimento em países pobres e em desenvolvimento.

O rascunho do relatório do IPCC aponta a queda nos custos da energia renovável como um dos principais fatores para o crescimento da participação destas fontes na geração global. “Os custos da maioria das tecnologias de energia renovável caiu e esperam-se mais avanços tecnológicos significativos”, diz trecho do documento.

Dependendo do cenário, a geração de energia a partir de fontes renováveis pode triplicar ou ser multiplicada por 20 até 2050. Segundo o esboço do IPCC, esse aumento poderá acontecer mesmo sem a interferência dos governos para estímulo da adoção das mesmas. “Também esperam-se mais quedas nos custos, resultando em um maior potencial de mitigação das mudanças climáticas e redução da necessidade de medidas políticas para sua rápida adoção”, acrescenta o relatório.

Apesar do otimismo, o custo permanece um dos principais obstáculos para a adoção de fontes renováveis, reconhece o painel da ONU. “O custo da energia de muitas tecnologias renováveis ainda é maior do que os preços da energia no mercado, embora em alguns casos a energia renovável já seja economicamente competitiva”, destaca o texto.

Dessa forma, as previsões de investimentos em fontes renováveis também variam muito. Em quatro cenários ilustrativos, o IPCC prevê gastos entre US$ 1,36 trilhão e US$ 5,1 trilhões ao longo desta década e de US$ 1,49 trilhão a US$ 7,18 trilhões entre 2012 e 2030. Dependendo do cenário de uso das fontes renováveis, as emissões de gases do efeito estufa podem ser reduzidas entre 220 bilhões e 560 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente entre 2010 e 2050, período para o qual um cenário de referência prevê emissões cumulativas totais de 1,53 trilhão de toneladas.

Fonte: O Globo Ciência

1008jia2001