Turbinas chinesas podem viabilizar PCHs três vezes mais baratas

Crédito: Ersa/Divulgação

Os resultados dos últimos leilões de energia promovidos pelo governo, que contaram com amplo domínio das usinas eólicas entre os vendedores, geraram protestos dos investidores que apostam em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Para esses empresários, o valor que o governo tem oferecido para a energia gerada pelas mini-usinas, que ficou na média de R$141,93 por MWh no último certame, em agosto, não é suficiente para viabilizar a maior parte dos projetos. A opinião era compartilhada pelo sócio-proprietário da Itacá Energia, Carlos Freitas. O engenheiro conta que já estudava iniciar negócios em outras áreas quando encontrou uma solução para enfrentar os atuais impasses das PCHs.

A Itacá Energia opera três centrais geradoras hidráulicas (CGHs) e possui uma fábrica de equipamentos elétricos. Uma das usinas da empresa estava parada devido a um defeito em uma turbina. Em uma viagem para importar peças para sua fábrica, Freitas resolveu também o problema de sua CGH. Na China, o empresário foi conhecer um grupo que atua na produção de turbinas hidrelétricas do tipo Francis. Acabou comprando o equipamento e ainda fechando uma parceria. A Itacá passou a ser representante comercial, no Brasil, da empresa chinesa, da qual ele afirma não ter autorização para divulgar o nome.

“Estamos começando agora a trazer mais equipamentos. Vamos ampliar nossa CGH Cajuru, colocar mais uma máquina para aumentar a capacidade. E estamos também fazendo cotações para outros clientes”, afirma Freitas. Segundo ele, já existem 37 propostas de fornecimento circulando entre agentes, sendo que muitas “estão bastante próximas de serem fechadas”. Um dos compradores, inclusive, seria uma fabricante de turbinas que, para sua própria usina, preferiu optar pela máquina chinesa.

“É um novo patamar para as PCHs, sem dúvidas. Vai ficar muito mais viável (construir uma usina), com um retorno muito mais rápido. Não faz sentido você comprar, por exemplo, um gerador de 1MW aqui no Brasil e te pedirem R$1,6 milhões, se um similar chinês você traz por R$550 mil. Isso com o custo de importação, taxas, impostos, frete”, destaca o investidor.

Freitas ainda afirma que ficou surpreso ao ver a qualidade das turbinas, “de primeiríssima linha”. O executivo da Itacá Energia revela que a assistência técnica aos produtos será oferecida no País por sua própria empresa e que, por meio da parceria fechada com o fornecedor, haverá um técnico chinês disponível para eventuais necessidades. Para Freitas, os impostos e custos da indústria nacional vão inviabilizar o uso de equipamentos brasileiros nas PCHs.

Um empecilho para o uso em larga escala das turbinas importadas pode ser o financiamento, uma vez que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não ofereceria empréstimos para projetos com máquinas trazidas de fora. A questão, porém, não preocupa Freitas. O empresário afirma que mesmo a Itacá Energia, ao trazer a unidade chinesa para sua CGH, conseguiu obter recursos junto a um banco na própria China e com “taxas muito competitivas”.

Eólica
O executivo também quer marcar posição no setor de energia eólica. Segundo ele, alguns dos equipamentos trazidos para as PCHs podem ser utilizados em parques eólicos com poucas adaptações, como a parte de panéis e o gerador. “Isso já significa 35% do equipamento eólico”, explica. Freitas, porém, diz que estuda como aumentar o número de peças que poderiam ser direcionados para esse mercado, que tem crescido com vigor no Brasil nos últimos anos.

Fonte: Jornal da Energia

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