Três em um – Água, energia e internet
Watly, um gerador solar renovável que purifica água e provê acesso à internet.
Água limpa é universalmente reconhecida como uma necessidade para existência humana e para geração de energia em muitos países. Mas essa importância se estende atualmente para a tecnologia da informação: computação, internet, conectividade e comunicação móvel.
Logo, temos três problemas (água, energia e conectividade) que necessitam de três soluções distintas?
Algumas pessoas se fizeram essa pergunta e decidiram que a resposta era “não”. Marco Attisani é fundador e CEO da Watly, uma companhia que está desenvolvendo uma máquina que acreditam poder satisfazer essas três necessidades de forma integrada.
A máquina com o nome de Watly (mesmo da empresa) compreende uma central de painéis solares conectados a quatro unidades asa, cada uma abrigando um banco de tubos de destilação de vapor comprimido, que por sua vez, podem ferver água não potável de fontes como rios e a limpa a ponto de ser utilizada para consumo humano.
Mas um fator crucial é que a energia usada para fazer funcionar esse processo de purificação não vem dos painéis solares. Ao invés disso, o processo é energizado pela perda de calor dos painéis, coletado por um sistema de circulação de ar – uma técnica ingênua que Attisani descreve como auto energização efetiva. “Ele não usa nenhuma energia de outra fonte externa”, ele confirma.
Há vários benefícios propiciados por essa máquina. Entre eles, temos a otimização dos painéis solares – mantidos a sua temperatura de operação mais efetiva de 25ºC, independentemente das condições ambientes – além da entrega de toda a energia elétrica gerada para alimentar outros equipamentos. Ele pode fornecer energia para o carregamento de um smartphone, permitir de uma conexão na internet pela “nuvem” além de forncer de eletricidade convencional por um inversor interno que realiza a conversão DC-AC.
Quanta energia uma máquina dessas de grande porte pode gerar depende de vários fatores – não menos importantes do que o número de painéis solares – apesar disso, Attisani diz que cerca de 150kWh devem ser alcançados por dia. “Nós aproveitamos duas coisas do Sol – o calor e a luz”, ele diz. “O calor purifica a água e a luz gera eletricidade.”
Esse é um ousado e engenhoso conceito em que Attisani está trabalhando há quase quatro anos. De fato ele pode apontar precisamente quando ele decidiu embarcar nesse projeto para desenvolver a máquina: 9 de Março de 2013. Desde que o trabalho tem progredido por alguns protótipos menores, um dos quais, testado em campo em Gana com o auxílio de uma combinação de financiamento privado, uma iniciativa de financiamento colaborativo e com o apoio de recurso públicos, incluindo dois milhões de Euros da iniciativa European Horizon 2020.
A companhia em si está bem distribuída em suas operações, nas áreas de design e marketing tomando forma na Espanha, TI trabalhando no norte da Itália e a manufatura atualmente na região de Apulia, sul da Itália. Attisani, que é italiano, disse que o governo italiano é um parceiro particularmente entusiasmado com o projeto.
No pico de sua eficiência, um Watly 3.0 pode purificar 5000 litros de água por dia.
Sem surpresas dado esse volume de água, o tamanho da máquina é substancial; de uma ponta a outra são 40 metros de comprimento. Além disso, ele enfatiza, que devido o processo de purificação em si é uma destilação, ele pode dar conta de qualquer tipo de contaminação – bacteriana, química e física. “Não há circunstâncias em que a qualidade da água que sai seja dependente da água que entra”, ele enfatiza.
De fato, Attisani adiciona, que a água resultante do processo é quase excessivamente pura desde que o seu conteúdo mineral é efetivamente zero. Assim sendo, a máquina fornece o espaço para pedras serem colocadas, através das quais a água passará em um segundo processo de filtragem a fim de ser remineralizada de forma análoga ao que ocorre na natureza. “Nós podemos adicionar potássio e magnésio e alterar o nível de ph da água, então de certa forma a máquina é uma fonte de água artificial”, ele diz.
Ele também reforçou que por conta de o processo de purificação em si não utilizar filtros, não necessita de manutenção. Mesmo assim, contaminantes que foram removidos da água e depois guardados na máquina necessitarão serem retirados periodicamente, mas deve ser uma tarefa simples. O mesmo é verdade para o processo inicial de alimentação de água. A máquina teste usada em Gana simplesmente tinha uma gaveta na qual a água poderia ser despejada de um container portátil com o líquido purificado e, então, acessada por uma torneira.
Enquanto isso, as funções de TI embarcadas na máquina prometem ir além do que simplesmente suportar comunicação pessoal. Attisani disse que cada máquina poderia ter uma zona de conectividade sem fio de talvez um quilômetro no entorno.
Como essa capacidade pode ser explorada é outra questão mas, por agora, deve permitir que informações especializadas sejam acessadas através da internet para propósitos locais. Um exemplo que ele sugere é o de um médico checar os sintomas do paciente através de uma base de dados em outro local.
Ainda mais espetacularmente, Attisani revelou que Watly está atualmente trabalhando com a Agência Espacial Europeia para criar uma aplicação que poderia permitir a maquina guiar aviões drones para entregar suprimentos urgentes. Attisani deixa claro que ele não considera essas capacidades baseadas em TI em segundo plano, como adição ao processo de purificação da água. Todos são elementos integrais do conceito como um todo. De fato, sua própria descrição da máquina é de um “computador termodinâmico”.
Dada ao seu vasto potencial, o custo completo de uma unidade do Watly 3.0 é algo que varia. Attisani sugere algo entre 600000 e 1 milhão de Euros por unidade dependendo da tecnologia com que for construído.
A mostra da primeira máquina completa está marcada para Maio de 2017 e a companhia tem, atualmente, a capacidade para produzir 50 máquinas ao ano. Attisani espera estar pronto para entregar as primeiras cinco unidades aos consumidores antes do fim desse ano (2017).
Fonte: The Engineer