Sensor feito com tecnologia livre pretende medir poluição do ar em regiões críticas
Os softwares livres oferecem uma gama de possibilidades e têm sido usados em diversos projetos que facilitam a vida das pessoas. Uma iniciativa está criando uma rede de sensores que vão captar amostras de ar, analisar e informar a qualidade do que estamos respirando nas grandes ou pequenas cidades.
O protótipo do projeto, feito com arduino, faz uma medição de partículas de combustível fóssil ou de queimadas e informa, em tempo real, as alterações ocorridas ao longo do dia. “Ele consegue detectar partículas de 2,5 e 10 micômetros, e a leitura de partículas desse tamanho no ar consegue inferir em tempo real se existe queima próximo a uma floresta que represente perigo de devastação, por exemplo”, explica Ricardo Guimarães, o Guima, desenvolvedor da Associação Ecologia Digital.
Mapa colaborativo
Todas as informações são enviadas para a plataforma Opendustmap, onde é possível clicar em cada um dos pontos e ver uma linha do tempo com as medições. A ideia é que o mapa colaborativo cresça, com a participação de pessoas comuns interessadas em medir a qualidade do ar em seus bairros. Para instalar, basta configurar o wifi e geo-referenciar a posição da sua casa.
O processo de instalação e configuração tem sido ensinado em hackerlabs (oficinas hackeres) realizados no Largo da Batata, em São Paulo, junto com o coletivo Garoa Hacker Clube. É no Largo da Batata, também, que está instalado o primeiro dos protótipos de medição da qualidade do ar. Em uma banca de revista na Avenida Faria Lima, ligada ao sensor, foi instalada uma fita de led que informa os índices de qualidade do ar às pessoas na região.
O sensor é um projeto colaborativo feito com o Dustduíno.org, que está implementando o software, e o Earth Journalismo Network, que financiou a prototipagem e o desenvolvimento, e a Associação Ecologia Digital, que já tem algumas iniciativas como o Código Urbano.
A primeira etapa do projeto tem dois protótipos já em funcionamento, no Largo da Batata e no Minhocão, em São Paulo, e mais 35 prontos para instalação. O critério utilizado para escolher os locais será a criticidade dos pontos, como avenidas que têm intensa movimentação de veículos.
O custo atual de um equipamento desses é de aproximadamente 100 dólares, incluídos o módulo de qualidade particulado, o arduino e a wifi. “É um valor bom se considerar que é um instrumento científico de alta precisão”, considera Guima. Ele afirma ainda que o valor tende a diminuir, uma vez que o equipamento deve passar a ser prototipado em larga escala.
Por ser feito em plataforma aberta, as pessoas podem adicionar mais componentes como sensores diferentes para captar CO², temperatura, umidade. Assim, ele pode passar a enviar mais dados para a plataforma, de acordo com as necessidades de cada ponto.
Fonte: EBC