Rali de barcos movidos a energia solar é realizado pela primeira vez em Florianópolis

Desafio Solar Brasil é uma oportunidade de testar projetos de universidades brasileiras

Participam das provas do Desafio Solar Brasil barcos da UFSC e de instituições do Rio de Janeiro Foto:Guto Kuerten

Começou neste domingo, em Florianópolis, o Desafio Solar Brasil. O campeonato de barcos elétricos abastecidos com energia solar vai até o próximo sábado, no Lagoa Iate Clube (LIC), na Capital. O evento é uma oportunidade de testar projetos de universidades brasileiras que pesquisam a tecnologia para que, no futuro, possamos ter embarcações não poluentes para uso comercial.

Participam das provas barcos dos Departamentos de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) —campus Florianópolis — e de Engenharia da Mobilidade — Joinville —, além de outros 10 montados por instituições do Rio de Janeiro.

A competição será realizada em sete dias. No domingo foi a vez de inspecionar os barcos e apresentar os projetos. Nesta segunda-feira começa o rali, com provas de até 36 quilômetros, além de contornos de boias nas águas da Lagoa da Conceição, Canto e Costa da Lagoa.

Inspirado no Frisian Solar Challenge – competição realizada a cada dois anos na Holanda, a versão brasileira foi criada pelo Pólo Náutico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que organizou o evento em 2009, em Paraty. São duas categorias: monocascos e catamarãs (embarcações com dois cascos). Das equipes, a que somar o melhor tempo final é a vencedora. A disputa é uma forma de fazer os universitários buscarem a superação nos projetos para beneficiar o meio ambiente.

Como a equipe Vento Sul, da UFSC, ganhou o troféu pela primeira colocação com seu catamarã em 2009 e 2010, Florianópolis foi escolhida para sediar a primeira etapa da competição deste ano. Haverá ainda mais duas fases da prova até o fim do ano, no Rio de Janeiro, mas os locais e datas ainda não foram confirmados. Não há premiação em dinheiro.

— Barco solar é o futuro. A manutenção é baixa, a energia é de graça e não polui — explica o coordenador do desafio na Região Sul, Tassio Simioni.

Desafio Solar Brasil

Como funciona o barco
O barco de seis metros de comprimento por 2,3 metros de largura conta com seis placas de silício, responsáveis por captar a energia solar — que é transformada em elétrica — e carregar as baterias. Quando está na água, também faz o motor elétrico, que é ligado à hélice, trabalhar e movimentar o barco. Para potencializar a velocidade da embarcação, os cascos são feitos de materiais leves, como fibra de vidro. O modelo chega a uma velocidade de 15 quilômetros por hora.
O que é energia solar
A luz do sol é uma energia com diversas utilizações. No caso das plantas, é aproveitada para o processo de fotossíntese. Com uso de equipamentos de captação, é possível transformar essa força em outros tipos de energia, como a elétrica e de calor — normalmente usada para aquecimento de água. A vantagem da energia solar é ser uma fonte limpa e renovável. A principal desvantagem é o alto custo do aparato tecnológico para captação.
Tecnologia na Lagoa do Peri
O Laboratório de Energia Solar (Labsolar) da UFSC está desenvolvendo um barco com capacidade para cinco pessoas para ser utilizado pelo Instituto Ekko Brasil, que monitora as lontras da Lagoa do Peri. Como trata-se de uma área de proteção permanente (APP), é proibido o uso de embarcações movidas a combustível. O projeto vai facilitar o trabalho dos pesquisadores, que hoje utilizam canoas para percorrer os 5,2 quilômetros quadrados da lagoa. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) liberou uma verba de R$ 100 mil para o projeto.
Falta investimento
O maior trabalho dos estudantes não é montar a “engenhoca”, mas conseguir investimento. A equipe Babitonga, do Departamento da Mobilidade da UFSC de Joinville trabalhou mais de 12 horas por dia no último mês para aprontar o barco. Isso porque não foi fácil conseguir recursos — que só vieram por meio da iniciativa privada. Os painéis solares e os cascos foram fornecidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), promotora do evento. Ferramentas e peças foram doados por empresas. 

— Trabalhamos dia e noite para deixar pronto —  lembrou o estudante Rafael Batista, 23 anos. Nas próximas etapas do Desafio Solar Brasil, outras duas instituições catarinenses devem participar; a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

1008jia2001