Preço do leilão torna energia eólica viável no mercado livre

Players apontam para chances de ganhos maiores das usinas no ACL

Os parques de geração a partir do vento passaram a ser viáveis para o ACL

O preço alcançado pelos parques eólicos nos leilões de reserva e de fontes alternativas – uma média de R$130,86 por MWh – coloca a fonte em um patamar de tarifa abaixo do que é praticado hoje para energia incentivada no mercado livre. Com isso, abre-se a possibilidade de maiores ganhos para os empreendedores – que poderão vender excedentes a esses consumidores – e interesse no mercado, de negociar preços mais atrativos.

Questionado sobre a comercialização da produção das eólicas no Ambiente de Contratação Livre (ACL), o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo Simões, afirmou que “não há duvidas” sobre a viabilidade dos negócios. “Temos que apenas interagir com o governo de forma a pactuar a contabilização dessa energia”, avalia Simões. Para ele, seria interessante fazer essa contabilização em períodos mais longos, o que ajudaria a mitigar as incertezas quanto à entrega da produção pelas usinas.

O presidente da comercializadora Coomex, José Amorim, afirma que os parques de geração a partir do vento passaram a ser viáveis para o ACL, mas também espera por uma melhor regulação para que os negócios na área engrenem. “Agora cabe aos ‘players’ criar estruturas contratuais competitivas, que dêem condições e sustentação financeira aos empreendedores, para deslocarem-se do Mercado Regulado para o Livre que é mais vantajoso porque pratica preço mais alto”, argumenta.

Para Cristopher Vlavianos, sócio-diretor da Comerc, que também atua na comercialização de energia, há também um apetite dos consumidores pelos parques eólicos. “O preço do mercado livre está, em média, para uma energia de fonte incentivada, entre R$150 e R$155 por MWh – entre 10% e 15% acima do preço praticado no leilão”, ressalta. Para o executivo, as comercializadoras terão papel chave para que as eólicas consigam fechar contratos no ACL. “Elas têm alguns mecanismos para amenizar a imprevisibilidade da geração, então cabe a elas viabilizar essa sazonalidade das usinas”, explica.

O diretor da Comerc, porém, acha difícil atender aos pedidos da Abeeólica, com contabilização da energia em períodos mais longos.”Hoje é difícil um consumidor que faça contrato com energia interruptível. Ele faz uma previsão da carga dele e quer que a energia seja entregue dentro daquele montante”, ressalta Vlavianos. Para ele, a mediação do risco ficará justamente por conta das comercializadoras. Ainda assim, o executivo não tem dúvidas de que consumidores e empreendedores chegarão a um ponto em comum. “A biomassa, quando entrou (no mercado livre) também tinha dificuldade por conta de sazonalidade, mas o mercado foi se adaptando para viabilizar as usinas”.
 

Fonte: Jornal da energia

Lucas Conceição