Petróleo e gás mantêm hegemonia, mas aposta nas renováveis aumenta
É necessária uma maior eficiência energética e tem de haver complementaridade entre as diferentes formas de energia para que o mundo possa continuar a evoluir defendeu Nobuo Tanaka, presidente executivo da Agência Internacional da Energia (AIE) durante a conferência “Energia, os próximos 30 anos”, organizada pelo Diário Económico e pela Galp Energia, que se realizou sexta-feira no Hotel Ritz, em Lisboa. Na opinião de Tanaka a hegemonia do petróleo e do gás natural vai manter-se nos próximos 30 anos.
O presidente da AIE também destacou a necessidade de reduzir em cerca de 50% as emissões de dióxido de carbono (CO2) ao longo dos próximos 20 anos. Para isso, diz, serão necessários investimentos massivos nas energias renováveis.
A aposta em renováveis é consensual no mundo e Nobuo Tanaka frisa “haver vontade e empenhamento político em vários países do Mundo” e acrescenta que “Portugal está no pódio dessas preocupações”. Mas adverte que os países desenvolvidos podem fazer ainda mais, sobretudo através da capacidade de capturar e armazenar CO2.
Tanaka diz ainda que a redução de CO2 “não deve ser analisada individualmente, mas em conjunto com as mudanças climáticas e o aquecimento global”. Sobre a redução de CO2, Tanaka frisa que 2/3 dessa redução vai sentir-se nos países fora da OCDE, principalmente na China. Aquele é um dos países mais poluentes, a par da Índia, mas serão também aqueles que, acredita, mais vão evoluir nesta área.
A AIE, integrada por 28 países, “tem como função mais importante acudir a situações de instabilidade dos mercados e colaborar na resolução de problemas do lado da oferta”, explica. Mas não só. Nas prioridades da agência está a segurança energética, área para a qual “está a conceber um plano de contingência para eventuais problemas de abastecimento que surjam nos mercados, incluindo o gás natural”, garante.
Segurança energética
E em matéria de segurança energética, Tanaka teme que os governos não vão tomar medidas de prevenção, apesar do aumento da procura projectado para 2050 ser de 84%. Grande parte dessa procura vai estar focada no carvão e vai registar-se principalmente nos países emergentes. Mas o presidente da AIE não tem dúvidas: para que se concretize a redução do CO2 em 50%, “a procura de gás natural terá de baixar”.
A AIE trabalha igualmente para mobilizar reservas, suprimir os défices de combustíveis, estabilizar o fornecimento da electricidade e promover a eficiência energética que Tanaka disse dever ser o primeiro ponto a considerar. Sobre isso, a AIE já propôs 35 medidas, das quais destaca a questão das lâmpadas. Aliás, o presidente executivo da Agência Internacional da Energia defende que os LED devem dominar o mercado da iluminação dentro de 40 anos . No mesmo horizonte temporal, Nobuo Tanaka acredita que a dependência do gás natural que actualmente é de 81%, pode descer para 49%. Mas adianta que o gás “vai posicionar-se como uma fonte muito importante no futuro próximo” e vai ter “um um papel relevante na transição para as energias mais verdes”.
Na conferência ‘Energia, os próximos 30 anos’, o presidente executivo da AIE disse prever que o preço do petróleo aumente para mais de 120 dólares por barril em 2050, se nada for feito, e advertiu os presentes “que a era do petróleo barato acabou”.
Sobre as energias alternativas, Tanaka coloca a eólica e a fotovoltaica em destaque, abordando ainda a questão dos veículos eléctricos, prevendo que sejam sete milhões os que estarão a circular em 2020, número que poderá ultrapassar os mil milhões em 2050.
Fonte:Sapo.pt