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Como fim iminente da produção da tradicional lâmpada incandescente, a primeira na lista das substitutas é a fluorescente. O problema, neste caso, é o descarte de um produto que tem em sua composição materiais tóxicos
Brasil – Com o fim iminente da produção da tradicional lâmpada incandescente, a primeira na lista das substitutas é a fluorescente. O problema, neste caso, é o descarte de um produto que tem em sua composição materiais tóxicos. Uma das gigantes do setor de iluminação, a Philips anunciou, em fevereiro, que não produzirá mais lâmpadas incandescentes no Brasil. A decisão da empresa segue uma tendência irreversível: o mercado agora é das fluorescentes e dos LEDs, muito mais eficientes em uma realidade que valoriza o baixo consumo energético.
Mas o que parece uma solução pode virar um grande problema. Feitas com materiais tóxicos, as fluorescentes – opção mais barata (por enquanto) e popular do que os LEDs – poluem o ambiente e podem causar problemas à saúde se descartadas de forma incorreta. Elas precisam ser levadas a uma fábrica especializada para serem descontaminadas.
Neste caso, porém, nem sempre basta a boa vontade e a consciência do consumidor. Ainda são poucos os locais que recebem essas lâmpadas após o fim de sua vida útil, apesar de existirem decretos e resoluções que regulamentam o descarte. Em algumas cidades do país, inclusive, não há o que fazer com o produto, obrigando o cidadão a estocá-lo em casa.
Segundo a bióloga Arlinda Cézar, diretora administrativa do Instituto Venturi para Estudos Ambientais, com os grandes geradores – indústrias, hospitais e universidades – não há problema. Como podem ser enquadrados na lei de crimes ambientais, eles acabam obrigados a contratar empresas para recolher as lâmpadas, descartadas em muita quantidade. Os pequenos é que são o grande problema.
“Se não há uma fábrica perto, você precisa ter um volume muito grande de lâmpadas para justificar que eles venham pegá-las”, explica Arlinda, acrescentando que é necessária também uma licença ambiental para estocar o produto.
Esse obstáculo deve cair em breve, com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos – legislação que tramitou no Congresso por 19 anos, foi aprovada em março pela Câmara dos Deputados e agora espera apreciação do Senado. Quando aprovada, a lei regulamentará a logística reversa, ponto polêmico que por muito tempo sofreu forte oposição da indústria de eletroeletrônicos. Ela tornará obrigatório que todos os fabricantes, comerciantes e importadores recolham lâmpadas usadas e levem a uma fábrica para descontaminação. Do contrário, as empresas serão penalizadas com base na lei de crimes ambientais.
A previsão do secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano da Costa, é de que a Política de Resíduos Sólidos seja sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva até 5 de junho – e que entre em vigor, de fato, a partir de 2011. Ainda não está certo, porém, como será feita a sistemática da coleta das lâmpadas.
Para Arlinda, o período após a aprovação da lei será “um Deus nos acuda”. Ela acredita que o melhor modelo seja uma parceria com estados e municípios para instalar pontos de coleta que facilitem a vida do consumidor. A procura não é pouca.
“A gente recebe cerca de 100 e-mails por semana de pessoas perguntando o que fazer com as lâmpadas”, observa o biólogo Eduardo Sebben, diretor da Brasil Recicle.
Os danos
> Os metais pesados utilizados nas lâmpadas fluorescentes são um risco para a saúde humana e para o ambiente.
> Entre eles, o principal é o mercúrio, substância tóxica e cancerígena que pode contaminar solos e mananciais, além de oferecer muitos riscos em contato com a pele.
> Uma única lâmpada pode contaminar até 15 mil litros de água.
Fonte: Zero Hora