ONS prioriza energia eólica na operação do sistema elétrico

Previsões de geração eólica orientam programação de outras fontes no SIN

A energia eólica, que recebeu um empurrão do governo com a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e, mais recentemente, com um leilão específico, também vem sendo priorizada na gestão do Sistema Interligado Nacional (SIN). O Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável por programar e interligar a geração de diversas fontes por meio da administração das redes de transmissão, afirma que a operação foca a inserção da energia eólica no sistema.

“Como a eólica é uma fonte renovável e limpa, a estruturação hoje dá prioridade a ela. Desde que tenha vento e as usinas estejam gerando, o sistema tem que receber essa energia. Nem que para isso seja necessário desligar uma turbina hidráulica e diminuir a geração hidrelétrica”, explicou à reportagem do Jornal da Energia uma fonte da área de operação do ONS, que pediu para não ser identificada.

Segundo o órgão, a interligação da rede brasileira de energia torna mais fácil o controle da operação e permite que as hidrelétricas e eólicas atuem em complementaridade. Isso porque, nos períodos com menos chuvas o vento é mais forte, o que possibilita uma maior geração eólica e o acúmulo de água nos reservatórios. “Esse fator facilita e faz com que consigamos usar melhor os recursos e não precisemos jogar água fora”, ressalta técnico do operador.

A energia eólica tem como uma de suas características a intermitência, já que depende do regime de ventos de cada região. Para lidar com essa particularidade, o ONS conta com um sistema que calcula o quanto as usinas serão capazes de gerar. Com base em dados estatísticos referentes à localização dos parques, ao histórico de operação dos empreendimentos e em previsões metereológicas, o operador pode ter uma noção do comportamento dos ventos até um limite de 72 horas. A margem de erro, porém, aumenta de acordo com a antecedência da previsão. Na operação do sistema, o ajuste do despacho das usinas é feito com um dia de antecedência.

“Nós temos a previsão, então fazemos o ajuste da geração hidráulica e, eventualmente térmica, para que a energia eólica possa entrar no sistema. E, durante a operação, em tempo real, pequenos ajustes são feitos em cima desse trabalho anterior”, detalha a fonte. O órgão, contudo, ressalta que seu aplicativo de cálculos ainda não está totamente desenvolvido. O ingresso da eólica no Brasil é pequeno, então ainda não dispomos de um sistema, como existe na Espanha e na Alemanha. Lá são utilizados programas pesados, que levam em consideração vários aspectos para fazer as previsões. Aqui estamos ainda para começar um projeto e desenvolver ou adquirir programas como esses”, explica o operador.

A ocorrência de fortes ventos, aliás, nem sempre é sinônimo de eólicas girando a todo vapor. Nesta semana, há expectativa de ciclones no Sul do País, com ventos de até 100 quilômetros por hora. Nesses casos, por precaução, muitas turbinas podem até mesmo paralisar a geração. “Depende da característica do vento e das intensidades para as quais a máquina foi projetada. Ela pode não suportar e até deixar de gerar, como uma proteção. Isso também é levado em conta na programação diária do sistema”, destaca o ONS.

Por Luciano Costa

Fonte:Jornal da Energia

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