O futuro das telas é flexível?

O futuro das telas é flexível?

Protótipos de telas sensíveis ao toque que também são flexíveis são figurinha carimbada em eventos; agora, elas devem realmente chegar ao mercado.

Popularizada pelos smartphones, a tela sensível ao toque mudou o jogo não apenas no mercado de celulares, mas em toda a indústria de tecnologia. Afora ter escanteado os telefones com teclado físico, a tela sensível ao toque foi o ponto de partida para novas categorias de produtos como e-books, tablets e mesmo os notebooks 2 em 1, sejam eles conversíveis ou destacáveis. Desde 2013 que os especialistas observam com atenção a próxima inovação em termos de display: a flexibilidade. Nos três últimos anos, grandes empresas mostraram seus protótipos em feiras como a CES e até em eventos próprios, como fez a Lenovo no seu Tech World de 2016, mas sempre param por aí. Uma notícia recente da Bloomberg de que a Samsung estaria preparando dois smartphones com tela flexível para 2017 reacendeu o debate em torno assunto. Afinal, é esse o futuro das telas dos mais variados equipamentos, de pulseiras à televisores?

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Quando o assunto é tela flexível, a Coreia do Sul sai mesmo na frente. A LG, por exemplo, já mostrou para jornalistas do mundo inteiro seus mais diferentes displays OLED, incluindo nessa demonstração não apenas telas flexíveis, mas dobráveis, enroláveis e até transparentes. A própria Samsung já vem experimentando em seus produtos há bastante tempo: em 2013 surgiu um protótipo, o Galaxy Round, e, em 2014, o Galaxy Note 4 Edge, com o qual descobrimos que é possível ter pelo menos parte do display curvo e funcional. Por mais que a tela Edge dos aparelhos da Samsung não seja exatamente flexível, ela é parte da evolução dessa tecnologia, uma etapa já percorrida do caminho. A próxima, a confirmar em 2017, seria de criar um celular que dobra ao meio como um pó compacto.

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A Samsung é a maior fornecedora de painéis OLED (Organic Light Emitting Display) para produtos móveis, logo a adoção da tela flexível deve movimentar todo o mercado e seus concorrentes. “Esse produto pode ser um divisor de águas se a Samsung obtiver sucesso com uma interface adequada para telas dobráveis. (…) Seu maior obstáculo estava relacionado a fabricação de plásticos transparentes e o desafio de torná-los duráveis, o que parece resolvido agora”, disse Lee Seung Woo, analista da IBK Securities Co. em Seul, à Bloomberg. De fato, os desafios não eram poucos, como ressalta Kelvin Stiles, gerente de desenvolvimento de negócios, no site Hongkiat.com.

A primeira das dificuldades diz respeito a memória. Pensando em termos de arquitetura, é preciso encontrar um design adequado, que não seja tão grande, caso contrário vai consumir muita energia, e nem tão pequeno que se torne um gargalo. O segundo obstáculo, e um dos mais evidentes, é o design da bateria, que é rígida. As baterias de íon de lítio convencionais são organicamente retas e não há uma alternativa flexível. É preciso ir atrás de um componente maleável. O OLED flexível também tende a consumir mais energia, logo, é necessário pensar em uma forma de não gastar mais bateria que o OLED convencional.

Os circuitos eletrônicos também são um desafio na evolução dessa tecnologia, uma vez que a placa em que os componentes se encaixam é feito de silício, material que não permite muita flexibilidade. O desafio para a fabricante é encontrar alternativas orgânicas de baixo custo para substituir os circuitos de silício tradicionais. Por fim, a própria tecnologia OLED é uma barreira, uma vez que é extremamente sensível ao oxigênio, umidade e água. A solução para os fabricantes manterem o display OLED flexível livre de rachaduras, por exemplo, é isolar ele de um ambiente corrosivo, o que também não é assim tão simples.

Para Bill Liu, da Royole, empresa que colocou um display flexível em seu óculos de realidade virtual chamado Royale-X, há outros fatores que são de mercado. “É uma área de alto investimento, de modo que ninguém tem experiência na concepção de produtos com telas flexíveis porque ninguém está fazendo o suficiente”, disse ao Android Authority. Para ter produtos com telas flexíveis não basta apenas uma tela flexível, é preciso adaptar os outros componentes. Ou seja, tudo tem que ser criado quase que do zero. Para Liu, “as pessoas querem um dispositivo para ter todas as funções de PCs tradicionais, smartphones e de outros equipamentos mais. As telas flexíveis têm o potencial de combinar todas estas funções num único dispositivo. Isso vai mudar fundamentalmente toda a paisagem da indústria eletrônica”, explicou.

Mas quais os benefícios?

Em termos gerais, ao falar de telas flexíveis nos referimos ao diodo emissor de luz orgânico (OLED), que é feito de um material flexível como o plástico em vez do vidro tradicional. A principal característica de um display OLED é que ele produz sua própria luz, por isso não requer a espessura da luz de fundo, que é pesada e faz do display LCD uma alternativa inflexível. E razões para querer um produto flexível não faltam. A primeira delas é que essas telas flexíveis empregam OLEDs feitos de plástico, que proporcionam maior durabilidade em comparação com telas de vidro tradicionais. O plástico também é mais leve que o vidro, o que deve resultar em dispositivos mais leves e também mais finos. As telas flexíveis devem, inclusive, permitir que novas formas, diferentes de tela retangular convencional, nasçam.

Por mais que o grande o foco das telas flexíveis hoje sejam os smartphones, afinal, é o setor mais competitivo da atualidade, isso não significa que não veremos essa tecnologia em outras categorias de produtos. Essa inovação deve chegar inclusive a outros campos, como o de dispositivos biomédicos e de energia solar segundo o site Phys.org. Embora os desafios permaneçam, a tecnologia está cada mais mais próxima do ponto em que dispositivos com telas flexíveis, inclusive computadores, se tornarão onipresente em nossas vidas diárias, como foi com a tela sensível ao toque no passado.

Fonte:Intel iQ Brasil

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