Nanotubos fluorescentes mostram órgãos internos do corpo

São Paulo – Com a ajuda de nanotubos fluorescentes de carbono, pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, criam técnica que permite obter imagens dos órgãos internos de um animal. Imediatamente após ser injetados na corrente sanguínea, os minúsculos tubos com paredes de uma camada de átomos de carbono já brilham em órgãos como pulmão, rins e fígado.

Os testes foram feitos com ratos de laboratório. A fluorescência aparece em resposta a um laser direcionado ao rato, enquanto uma câmera capta as luzes infravermelhas emitidas pelos nanotubos. O método é bastante útil para testar o efeito de medicamentos em ratos, uma vez que eles são cobaias em grande parte dos produtos usados em humanos. Com a nova técnica, enxergar o efeito dessas substâncias fica mais fácil.

Atualmente, os nanotubos já são usados para entregar medicação em ratos – como tratamentos anticâncer, por exemplo. Uma possibilidade é associar o medicamento aos tubos fluorescentes, o que indicaria exatamente onde ele está sendo entregue no corpo do animal.

Menos borrões

As tintas atuais usadas para fazer com que os órgãos brilhem em infravermelho criam imagens embaçadas apenas alguns milímetros abaixo da pele. Isso ocorre porque os tecidos orgânicos dos animais naturalmente são fluorescentes, emitindo luz infravermelha com comprimento de onda em torno de 900 nanômetros. Esse é o mesmo comprimento de onda emitido pelas tintas biocompatíveis usadas em laboratório.

Essa coincidência faz com que a fluorescência de fundo, emanando do corpo, borre a imagem. Já o novo método cria imagens coloridas mesmo a centímetros abaixo da pele (o que, no caso de um animal pequeno como o rato, faz muita diferença) com mais clareza do que os convencionais. Isso é possível porque os nanotubos brilham numa parte diferente do espectro luminoso, em comprimentos entre 1.000 e 1.400 nanômetros – o que faz com que a fluorescência de fundo não influa nas imagens.

As imagens ainda passam por um processamento no computador que elimina imperfeições e realça os órgãos em estudo. Embora existam outras técnicas ainda mais precisas para observar órgãos (como ressonância magnética e tomografia computadorizada), as imagens fluorescentes são ainda muito usadas nos laboratórios por requererem equipamentos mais simples. Os nanotubos são mais um passo rumo à popularização ainda maior dessa técnica

Fonte : Exame