Medidores eletrônicos podem trazer prejuízo de R$ 20 milhões para distribuidoras

Conta é de grupo de trabalho da Abradee; empresas que já fazem testes dizem que vida útil dos aparelhos é muito menor que o estimado pela Aneel

A qualidade dos medidores eletrônicos, que já estão sendo testados pelas distribuidoras, não tem sido satisfatória, nem tampouco vista como viável para o início da implantação das redes inteligentes no País. A rápida depreciação verificada nas máquinas acarretaria em um prejuízo de R$20 milhões para as empresas. A estimativa foi feita pelo Grupo de Trabalho de Medição da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), através de registros disponibilizados por sete concessionárias de distribuição.

Segundo as empresas, os novos medidores têm apresentado diversos problemas e colocado em xeque a qualidade de alguns dispositivos. Ainda sem regulamentação, a proposta inicial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é para o estabelecimento de um período de depreciação de 13 anos, contra 25 anos do medidor eletromecânico. No entanto, os testes e as aplicações dos novos medidores têm mostrado que a depreciação acontece antes desse período.

A CPFL Energia, única distribuidora brasileira que ainda não comprou medidores inteligentes, realizou estudos que apontaram que os atuais aparelhos eletrônicos não possuem vida útil superior a seis anos. “Achamos que é preciso mudar o projeto dos medidores que estão sendo vendidos. Enquanto não sair a regulamentação da Aneel e a garantia dos fornecedores, vamos continuar comprando e instalando cerca de 500 mil medidores eletromecânicos por ano”, disse o diretor de engenharia da empresa, Paulo Ricardo Bombassaro.

A companhia, inclusive, buscou os fabricantes para apresentar suas dúvidas. Depois de pesquisar casos nacionais e internacionais, detectou entre os componentes, uma depreciação em nove anos dos capacitores eletrolíticos e de sete anos para o visor de LED. “Como garantir a vida útil do medidor se os seus componentes não possuem a mesma depreciação?”, indagou o diretor da CPFL.

A assistente da presidência da Eletrobras Distribuição Amazonas, Elaine França Fonseca, concordou que esse é um assunto realmente grave e que necessita de atenção do regulador e da indústria. “Esse é o caminho para onde estamos indo. Não dá para ter novas funcionalidades com medidores eletromecânicos”.

Fonseca é a coordenadora do Projeto Parintins, que está implantando uma cidade inteligente na ilha, no Estado do Amazonas. A diretora relata que os equipamentos utilizados na região também terão que seguir um padrão mais específico, atendendo a diferentes temperaturas, como, por exemplo, superiores a 75 C. “Acho que tem que melhorar a qualidade. Essa morte precoce dos medidores tem sido relatada”, apontou.

O coordenador do GT da Abradee para o assunto, Jeferson Marcondes, assessor da vice-presidência de distribuição e da diretoria comercial da EDP Bandeirante, relatou que a associação, junto com a Abinee, está trabalhando em diversas ações para melhoria dos equipamentos. A solução, segundo Marcondes, seria que a regulamentação da Aneel estabelecesse a depreciação em 13 anos, e também ações para melhoria da qualidade.

Fonte: Jornal da Energia

1008jia2001