Goldemberg defende revisão do programa nuclear brasileiro
Prudência
O físico da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, defendeu que o Brasil reveja os planos de construção de novas usinas nucleares, motivado pelos acidentes ocorridos no Japão após o tsunami.
Goldemberg é um especialista em energia de renome mundial, tendo ajudado a lançar as bases científicas para o programa de biocombustíveis do Brasil. Ele foi recentemente agraciado com o prêmio internacional Ernesto Illy Trieste Science Prize.
“Acho que é de toda a prudência adotar uma postura, como estão adotando os países europeus, de rever os programas de expansão nuclear,” disse o físico.
Além da Usina Nuclear Angra 3, que deverá ser concluída em 2015, estão previstas pelo menos mais quatro usinas nucleares no Brasil, duas no Nordeste e duas na Região Sudeste.
Hipóteses irrealistas
Nem a demanda por energia do país justifica, segundo Goldemberg, a construção de novas usinas atômicas. “A matriz energética prevê a expansão do parque nuclear brasileiro baseado em hipóteses que são irrealistas”, afirmou.
De acordo com o físico, a estimativa da necessidade de energia para os próximos anos está baseada na expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Ele ponderou, no entanto, que, nos países como os Estados Unidos, a economia se expandiu a um ritmo muito maior do que a demanda por eletricidade. O planejamento energético brasileiro deveria, na opinião de Goldemberg, dar prioridade ao uso mais eficiente da eletricidade.
O outro lado
O engenheiro Leonam dos Santos Guimarães, da Eletrobras Eletronuclear, tem uma visão oposta.
Para ele, a expansão do parque nuclear é necessária para complementar a matriz brasileira. “Não existe uma opção, ou conjunto limitado de opções que seja capaz de resolver ou atender as necessidades [energéticas do país]”.
Guimarães não acha que os acidentes ocorridos no Japão sejam motivo suficiente para que o Brasil mude os planos de construção de novas usinas.
Segundo o especialista, os benefícios da geração nuclear são maiores do que os riscos. “O problema é a sociedade entender quais são esses riscos e quais ela aceita, porque esses riscos não são grandes”, afirmou.
O engenheiro também descartou a possibilidade de que a adoção de novos procedimentos após os acidentes de Fukushima, no Japão, aumente significativamente os custos da eletricidade gerada por esse tipo de usina.
“A ferramenta fundamental para aumentar a segurança é aumentar a confiabilidade dos equipamentos, procedimentos e pessoas. Essa mesma confiabilidade aumenta a produtividade”, afirmou.
Fonte: Inovação Tecnológica