Fabricantes investem em orelhões com 3G e apostam no wi-fi

    Parar tentar evitar ‘desaparecimento’, tecnologia é absorvida por aparelhos.
Por dia, cerca de 120 orelhões, em média, somem das ruas do país.

Fábrica em que a Daruma monta seus terminais de telefonia pública, os orelhões. (Foto: Divulgação/Daruma)

Até os orelhões se renderam e passaram a “falar” pelo celular e a acessar a rede de banda larga móvel. Se foram concebidos para funcionar conectados a uma rede física, não é surpresa que os aparelhos públicos de telefonia fixa saiam das fábricas configurados para realizar ligações por meio da rede celular 2G. Já começam a esquentar as linhas de produção, porém, aparelhos que irão operar pelo 3G, rede de banda larga móvel.

A evolução tecnológica é a saída encontrada pela indústria para se manter atraente, já que, com a redução do número de orelhões no Brasil, caem também os pedidos por novos aparelhos. Levantamento feito pelo G1 com base em dados da Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) aponta que, em dez anos, o Brasil perdeu um terço de seus orelhões, uma média de 120 telefones a menos nas ruas por dia.

Apesar de invisíveis aos olhos dos consumidores, são chips usados por celulares que possibilitam o funcionamento desses aparelhos. Segundo fabricantes e especialistas ouvidos pelo G1, a guinada dos orelhões rumo à tecnologia móvel atende a um pleito das operadoras de telefonia, que buscam instalar aparelhos que não elevem seus custos de implantação.

“As operadoras estão sendo obrigadas a atender áreas onde não há a linha física ou a linha física fica mais cara do que uma cobertura com o 2G ou 3G”, afirma o gerente de projetos especiais da fabricante de orelhões Icatel, Francisco Matulovic.

A banda larga de quarta geração não está nos planos, por enquanto. “O 4G exige uma mudança muito grande no aparelho e requer investimento. Hoje não tem essa contrapartida do mercado para investir pesado no aparelho. A gente trabalha de acordo com as necessidades das operadoras e da Anatel”, diz Giselli Farsura, executiva comericla da Urmet Daruma.

Terminal de telefonia pública, o orelhão agora usa tecnologia celular (Foto: Divulgação/Daruma)

Menos custos

O analista da consultoria Teleco Eduardo Tude explica que a aposta nos “orelhões-celular” “foi uma maneira que as operadoras encontraram para otimizar os gastos. As regras do plano geral de metas para a universalização estabelecem que localidades com mais de 100 habitantes devem ter um orelhão instalado. Mas a oferta de linhas telefônicas, com a instalação de infraestrutura, é obrigatória somente naquelas que possuem mais de 300 habitantes.

“Quando você tem uma localidade com mais de 100 habitantes e menos de 300, só precisa ter um orelhão lá, mas não tem que fazer uma rede de cobre. Então se você der uma solução como essa, sai mais barato”, diz Tude.

Por isso, apesar de prestarem um serviço público de telefonia fixa, alguns dos orelhões já constam das estatísticas do setor de celular. No Brasil, são 256 milhões as linhas atendidas por tecnologias 2G e 3G. Para a Anatel, a tecnologia empregada no aparelho de telefonia pública não implica em descumprimento das metas de universalização.

Orelhões-celular

Apesar de similares aos modelos convencionais, há diferenças nos “orelhões-celular”. Umas delas, segundo Matulovic, é que, como não estão conectados a uma linha de telefonia fixa, o abastecimento de energia tem de ser feito por uma bateria interna, ligada à rede elétrica. Com autonomia, ela pode manter o telefone funcionando em caso de apagões por até duas horas.

A Icatel conta com aparelhos 2G e 3G. Já a fabricante Urmet Daruma tem no portfólio, além do modelo 2G, dois telefones 3G: o orelhão acoplado é uma peça única, similar aos orelhões convencionais; já o remoto é um equipamento em que o sistema que capta o sinal do celular é mantido fora da carcaça do orelhão, podendo ficar distante até 1 km. Esse aparelho é apelidado de “montanhês” pelas operadoras. “Isso porque sobe a montanha com a interface celular para chegar mais perto do sinal”, explica Gisele.

De acordo com Matulovic, os “orelhões-celular” podem custar até 50% mais devido às adaptações internas. O executivo diz que a Icatel entregou aproximadamente 400 aparelhos 3G para a Telefônica-Vivo e há mais pedidos em vista.

Tanto Icatel e Urmet Daruma têm incubados aparelhos com capacidade para serem hotspots de wi-fi e terminais multimídia, que fornecem chamadas de videoconferência e conexão à internet. A Daruma já fez testes com orelhões wi-fi em São Paulo há três anos. A pedido da Oi, a Icatel deve fazer um teste com um novo modelo wi-fi no Rio de Janeiro, no bairro do Leblon.

Fonte: g1.globo.comlogopet

1008jia2001