Energia solar deve abastecer rede de clientes em Campinas a partir de 2013
Projeto avaliado em R$ 13,8 milhões reúne três docentes da Unicamp.
Sistema beneficia meio ambiente, mas instalação apresenta preço ‘salgado’.
A energia fotovoltaica, obtida através da conversão direta da luz solar em eletricidade, deve integrar a rede de abastecimento dos clientes de Campinas (SP) a partir de 2013. Um dos 18 projetos aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para diversificação da matriz energética no país, é desenvolvido pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), com auxílio de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e empresas spin-offs – que derivaram da própria instituição.
O professor Ennio Peres, do Instituto de Física Gleb Wataghin, explica que 1 megawatt (MW) será produzido em uma usina a ser instalada na subestação Tanquinho, que pertence à concessionária. Além disso, outros 75 quilowatts (kW) terão origem na universidade. O projeto é pioneiro no estado de São Paulo.
“A inauguração está prevista para o mês de novembro e o início de funcionamento, que é a injeção de eletricidade na rede, para o mês de janeiro. A produção da usina é suficiente para abastecer pelo menos 650 clientes, cujo consumo médio é de 200 kWh / mês”, explica o pesquisador. Os projetos aprovados pela Aneel, na ‘Chamada 13’, devem gerar 25 MW de energia, valor quatro vezes superior à produção nacional atual desta fonte, com capacidade para abastecer pelo menos 16,5 mil clientes.
Peres salienta que o olhar mais atento do governo federal para a ampliação da tecnologia deve trazer benefícios aos consumidores a longo prazo. “Por enquanto, o ideal é que os clientes não vejam diferença em suas residências, pois a energia deve ser injetada com qualidade necessária para não perturbar o fornecimento. Além disso, determinar quanto de fato será produzido e como isso variará durante o dia também é um dos objetivos”, diz o pesquisador. O projeto da CPFL tem investimento de R$ 13,8 milhões.
Como funciona?
Compostos por estruturas chamadas células solares, os painéis fotovoltaicos têm a propriedade de criar uma diferença de potencial elétrico entre os terminais por ação da luz. Ela faz com que as células absorvam a energia solar e façam a corrente elétrica fluir entre duas camadas com cargas opostas, como uma bateria.
“A Aneel permite que as residências utilizem painéis fotovoltaicos e se conectarem à rede, usando e eventualmente fornecendo a energia elétrica produzida durante o dia e retirando eletricidade da rede durante a noite”, explica Peres.
Benefícios x ‘preço salgado’
O pesquisador da Unicamp valoriza os benefícios ambientais atrelados ao uso da energia fotovoltaica, como a não emissão de gás carbônico ou comprometimento de áreas alagadas pela construção de hidrelétricas. Entretanto, admite que a popularização das instalações deve ocorrer a longo prazo.
“Um estudo da Empresa de Planejamento Energético mostra que há viabilidade em vários estados, mas é necessário um investimento de quase R$ 40 mil”, explica Peres, antes de fazer uma recomendação aos clientes que desejam economizar. “O mais prático hoje é o consumidor instalar um coletor solar de aquecimento de água, que pode economizar de 25 a 50% de sua conta de luz, com um investimento inferior a R$ 2 mil”.
Créditos de carbono e uso mundial
Ao considerar que a implantação do sistema fotovoltaico pode ser usado em negociações de créditos de carbono pelos países, Peres ressalta a entrada da China no mercado e entende que a valorização pode ser maior, caso a energia nuclear seja deixada de lado.
“O uso cresceu muito em vários países nos últimos anos, principalmente na Espanha e EUA. Por conta da crise, o crescimento foi refreado. Outro ponto importante é a energia nuclear. Se os países desistirem como a Alemanha fez, e o Japão diz que fará, então novo impulso será dado às energias renováveis”, avalia o pesquisador.
Fonte: G1