Energia limpa com dejetos de suínos

Um projeto piloto no Estado. Os produtores rurais Nelson Pasqual e Maria Salete Pasqual, do município de Videira, na região Meio-Oeste, serão os primeiros catarinenses a vender energia elétrica produzida a partir da fermentação de dejetos de suínos.

Isso deve ocorrer a partir de janeiro de 2011. Por enquanto, toda a energia produzida é utilizada nas quatro granjas da família. A iniciativa está gerando uma economia e deve trazer lucros no futuro. Um contrato já foi assinado com as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) para a comercialização do excedente, que poderá abastecer até 1,2 mil residências.

A venda pode garantir um ganho entre R$ 18 e R$ 25 mil mensais à família. Além disso, trará benefícios ao meio ambiente com a diminuição de emissão do gás metano na superfície.

Quesitos que devem compensar o investimento de mais de R$ 3,5 milhões. Os equipamentos comprados com este dinheiro também garantiram à Granja São Roque o posto de terceira do país a ter autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para comercialização deste tipo de energia.

Segundo Nelson, a energia é gerada a partir de dejetos de 47 mil suínos. Tudo vai para uma central de fermentação. O gás resultante desse processo, o metano, é canalizado para alimentar os geradores.

– Todo esse gás era eliminado na natureza e provocava a destruição da camada de ozônio. Agora, com a produção de energia, teremos um retorno imediato.

Mudança de destino dos dejetos que fará bem também para a Celesc, que incentiva a produção de energia limpa no Estado. O projeto está sendo usado como modelo pela empresa e deverá servir de base para outros produtores interessados.

O engenheiro eletricista da Celesc Geração, André Milanezi, explica que a empresa pretende lançar outros leilões para compra de energia limpa. Foi por um processo como esse que os quilowatts gerados na Granja São Roque poderão ser distribuídos para qualquer parte do país.

– Como a energia é de fontes alternativas, existem incentivos do Governo do Estado. A empresa que comprar essa produção, por exemplo, poderá ter subsídios – revela.

Só que, para chegar ao patamar que a Granja São Roque atingiu, foram necessários seis anos de estudos de viabilidade e de investimento. Todo o processo para produção da energia a partir dos dejetos de suínos começou a sair do papel em 2004. Neste período, foram realizados ajustes necessários à prática.

Para o bem

Para se ter uma ideia da importância do projeto, os dejetos de suínos do plantel catarinense, que é o maior do país, têm um potencial de poluição equivalente ao de 24 milhões de pessoas.

Pesquisas apontam que o principal problema ambiental é que os dejetos são muito ricos em fósforo, o principal nutriente das chamadas algas azuis, um tipo de floração que contamina e deteriora a água, e que pode causar sérios problemas à saúde de pessoas e de animais. Há, ainda, a questão do metano, que é o gás exalado pelo material orgânico e que provoca danos na atmosfera.

 

Fonte:Blog do meio-oeste