Empresa quer instalar no País usina termosolar com energia a preço de PCH
Erguer no município de Coremas, na Paraíba, uma usina termosolar com 50MW de potência para produzir energia a preços que possam competir com outras fontes renováveis, como as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Esse é o objetivo do CEO da Braxenergy, Helcio Camarinha. O empresário acaba de chegar dos Estados Unidos, onde participou de evento para apresentar as perspectivas de negócios no setor solar brasileiro. Segundo ele, há um imenso apetite dos investidores em projetos nessa área, o que vai facilitar a implantação daquela que será a primeira planta termosolar em território nacional.
O executivo afirma que o projeto já possui licença prévia, emitida pelo órgão ambiental estadual, e uma primeira autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), faltando apenas a outorga para o uso de água para conseguir o aval pleno do órgão regulador. A expectativa da Braxenergy é de obter a licença de instalação para o empreendimento até o final do ano e iniciar as obras no começo de 2011.
Para erguer a usina, Camarinha acredita que sejam necessários 18 meses e investimentos na casa dos R$275 milhões – o equivalente a R$5,5 milhões por MW instalado. O valor é próximo do aporte necessário para a viabilização de parques eólicos e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Segundo o executivo, o custo da geração termosolar está caindo vertiginosamente. “Partimos de um orçamento, feito por investidores americanos, de US$220 milhões. Hoje, também com a nacionalização de algumas fases, chegamos a esse valor menor”, explica o executivo.
O executivo também destaca o baixo preço alcançado pela energia termosolar. “A tarifa vai ser competitiva, próxima da de uma PCH”, revela. Segundo Camarinha, o aproveitamento se deve ao forte sol na região, que tem sido alvo de medições da Braxenergy “há quase três anos” e à eficiência da fonte. “O sol no semi-árido dura de 10 a 12 horas. Gerando 50MW nesse tempo, você já tem um fator de carga próximo de 50%”.
Um dos trunfos para a energia barata é justamente essa nacionalização. De acordo com o CEO da Braxenergy, estão sendo feitas negociações com empresas interessadas em instalar fábricas para fornecer equipamentos para a usina de Coremas. Já há até um acordo para a localização da futura planta, que ficaria no porto de Cabedelo, na Paraíba. O local é apontado pelo empresário como estratégico, devido à facilidade para escoar a produção para outros Estados e até mesmo para América Latina e África.
O que teria de ser importado no projeto seriam apenas os filmes refletores para os painéis e o óleo térmico. Os coletores, fabricados no País, serão espalhados por uma área de 50 hectares. Camarinha, no entanto, lembra que o terreno separado para a usina tem 400 hectares, o que permitirá futuras expansões. “A ampliação dessas usinas é mais fácil. É só aumentar o número de coletores e a ilha de potência”, esclarece.
Entre as negociações que estão em andamento para concretizar a planta, o executivo destaca as que vão realmente viabilizar o empreendimento. A parceria com uma comercializadora, para vender a energia produzida pelo parque termosolar no mercado, e os financiamentos. Camarinha afirma que o acordo para a venda da energia está próximo e deve ser assinado “na semana que vem”. Outra das pendências é em relação ao financiamento para o projeto milionário. A questão não assusta o CEO. Segundo ele, já se iniciaram tratativas com o Banco do Nordeste (BNB) e com fundos internacionais. “Temos quatro fundos interessados. Mesmo que não fechemos com o BNB, podemos conseguir todo o crédito lá fora”, garante.
Para aumentar a lucratividade, a companhia vai atuar ainda outras duas frentes. A troca de calor nos coletores termosolares será utilizada para alimentar uma usina a biomassa movida a resíduos industriais, que será utilizada para dar mais eficiência e elevar o fator de capacidade da planta. O terreno em que será instalado o empreendimento também receberá, debaixo dos coletores solares, estufas para produção de leguminosas herbáceas, que servirão para aplicações fitoterápicas e fabricação de cosméticos. “A termosolar permite que você faça isso, e é um negócio interessante, porque fecha o conceito de sustentabilidade do projeto”, conclui Camarinha.
Fonte: Jornal da Energia