Aquecimento Global Irreversível: Quem vai arcar com o caos climático?
Recentemente o globo todo tem vivenciado fenômenos climáticos extremos, desde temperaturas absurdamente altas no Canadá ao frio e estiagem duradoura no Centro-sul do Brasil.
O que está acontecendo com o clima?
No dia nove de Agosto de 2021 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, estrutura coordenada pela ONU, divulgou um extenso relatório sobre o aquecimento global e o impacto do ser humano na terra. Segundo o documento, o estado se agrava e a situação beira ao irreversível.
“O aumento de temperaturas aumenta a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis em todo o mundo”
Infelizmente, em todos os cenários analisados, mesmo aqueles que consideram uma redução drástica da emissão de gases poluentes, a temperatura irá subir continuamente pelo menos até 2050. Ou seja, a situação atual ainda vai piorar e alguém, querendo ou não, irá pagar essa conta.
A produção agropecuária terá que passar por uma reformulação, as plantações deverão ser planejadas para aguentar o tempo seco e a falta de água, caso contrário sucumbirão ao calor e a seca. O preço dos alimentos irá subir ainda mais, pois a produção ficará mais cara. A geração de energia também sofrerá com isso e o impacto no preço do kW/h irá afetar todos os setores da economia.
É perceptível que as pessoas mais impactadas pela situação de declínio ambiental são exatamente as mais economicamente vulneráveis. O aquecimento global é um verdadeiro algoz para os pobres, para os agricultores e pequenos produtores de carne e de leite.
Mais uma vez a justiça climática é corrupta, pois os países mais ricos são exatamente aqueles que mais poluem o meio-ambiente. Os Estados Unidos ficaram no topo do ranking de emissão de CO2 por décadas até que foi ultrapassado pela China. Ironicamente, juntos chegaram a ser responsáveis por emitir o equivalente a vinte Alemanhas.
É estimado que apenas na conta dos EUA podem ser colocados 40% do excesso de CO2, já o conjunto da União Européia com Japão, Rússia e Canadá, deveriam ser responsabilizados por 45% da dívida ambiental.
A escala é tão absurda que para comparar é preciso fazer um paralelo com os continentes da Ásia e da África, os quais junto com a América Latina ficam aí com 8% da dívida.
O consumismo exagerado e a produção em larga escala levada para países subdesenvolvidos para abusar da mão de obra barata é um tapa na cara da sustentabilidade. De acordo com o Instituto Ambiental de Estocolmo, quando se compara a relação do acúmulo de capital com a taxa de poluição do meio ambiente, o resultado é que o 10% mais rico fica responsável por 52% das emissões de CO2. Coincidentemente, os países com os maiores mercados consumidores do mundo também estão na lista dos países mais poluentes. EUA, UE, China.
Para eles, porém, a conta não chega. Os lugares mais afetados pelas mudanças climáticas são exatamente os que menos contribuem para a destruição do globo. As ondas de calor que destroem plantações estão arrasando a África, os furacões e tornados dão intensificados nos trópicos e causam terror com a destruição e inundação de cidades. O nível do oceano sobe enquanto os rios e as fontes secam, é um cenário de desolação.
Enquanto isso, grandes corporações aproveitam da fome e desespero dos agricultores para forçá-los a abandonar a agricultura tradicional enquanto buscam implementar grandes monoculturas de alimentos transgênicos – que são capazes de suportar o caos climático – patenteados por empresas e inacessíveis ao produtor familiar. Na Índia, a estimativa é que desde 1995 esse processo tenha causado o suicídio de 400 mil agricultores.
Ao invés de cobrar indiscriminadamente responsabilidade ambiental dos países subdesenvolvidos, os culpados pela situação atual deveriam se responsabilizar e pagar uma indenização para os afetados pelo fenômeno do aquecimento global. Pois enquanto eles cresceram e prosperaram com a destruição nada fizeram, agora querem impedir os demais e culpá-los pela crise climática. A hipocrisia chega a ser palpável.
Sustentabilidade? Preservação? Redução das emissões? Tudo soa muito bonito e agradável agora. Pois bem, então ofereçam uma e proposta paguem o Brasil para que consiga preservar a Floresta Amazônica ao invés de ameaçar o país com embargos ou com propagandas para destruir o potencial comercial de uma nação. Comprem as patentes das sementes transgênicas e liberem o uso delas para os agricultores para que eles possam ter uma chance de sobreviver à realidade que vocês causaram.
Enquanto isso não começar a ocorrer, o mundo continuará a andar a passos largos para a destruição do clima, da fauna, da flora e das pessoas. Principalmente das pessoas que não conseguem pagar para viver em um mundo desequilibrado.