Após saída da Gaia, Norte Energia já busca outros autoprodutores
A desistência da Gaia Energia, do Grupo Bertin, de participar da Norte Energia, companhia que vai construir e operar a hidrelétrica de Belo Monte, anunciada nesta quinta-feira (17/2), já cria movimentos no mercado. Como 10% da energia da usina tem que, obrigatoriamente, ser destinado a sócios autoprodutores, a Norte Energia já iniciou a busca por novos sócios que assumam a posição da Gaia – que detinha 9% no projeto.
Uma fonte próxima às negociações confirmou ao Jornal da Energia que as sondagens estão em andamento e que várias empresas com interesse na autoprodução de energia foram chamadas para conversar com a companhia. O que muda, agora, é o tom da negociação. Antes do leilão da hidrelétrica e, mesmo nos meses seguintes, quem buscava se associar à Norte Energia reclamava da falta de transparência – a empresa não divulgava números exigidos pelos investidores, como orçamento da obra e taxa de retorno. Agora, os autoprodutores esperam mais flexibilidade, uma vez que o grupo responsável por Belo Monte não tem outra alternativa que não fechar com novos associados.
O primeiro nome a ser procurado para entrar na Norte Energia foi a Vale. A mineradora havia participado do consórcio que perdeu a disputa pela usina no ano passado. A forte participação estatal, por meio do BNDES e de fundos de pensão, no capital da empresa também contou a favor do chamado. Ainda assim, a fonte consultada pela reportagem acredita que os 9% que pertenciam à Gaia seriam energia demais para a Vale, que, após deixar de investir em operações ligadas a alumínio, reduziu seu consumo de energia.
Outros nomes que têm sido citados são Votorantim – que estava junto com a Vale no grupo que não venceu o leilão de Belo Monte – e Gerdau. A aposta, porém, é de que negócios devem ser fechados com empresas que busquem energia para consumo no próprio Estado do Pará e na região Norte. Entre essas empresas, está a própria Votorantim. Anteriormente, negociações entre a Norte Energia e esses players chegaram a ser incentivadas pelo próprio governo paraense.
O chamado da Norte Energia, porém, não foi uma surpresa para muitas das empresas. Um interlocutor ouvido pelo Jornal da Energia afirma que o insucesso da Gaia “era previsível”. Isso porque a empresa sequer tinha demanda para consumir a energia da parcela da usina que tinha adquirido e, ao mesmo tempo, necessitaria de um enorme fôlego financeiro para concretizar sua participação.
Fonte: Jornal da Energia