Nova teoria pode revolucionar a cosmologia e explicar a energia escura

do-que-e-feito-o-universoEm trabalho sobre energia escura e relatividade, o professor Edward Kipreos, da Universidade da Geórgia (EUA), afirma que a energia escura pode ser um simples efeito causado pela dilatação do tempo, um dos previstos pela Teoria da Relatividade.

Só para refrescar, na década de 1990 alguns astrônomos descobriram que a expansão do universo estava acelerando. Até então, era um mistério o que aconteceria no futuro, se o universo pararia de expandir e então começaria a contrair, revertendo o Big Bang, se ele continuaria a expandir cada vez mais lento sem nunca parar, ou se ele entraria em expansão acelerada.

Examinando a luz de um tipo especial de supernova, os astrônomos descobriram que o brilho delas era menor do que o previsto pelo modelo cosmológico, indicando que elas estavam mais longe do que o esperado, e chegaram à conclusão que a expansão estava sendo acelerada. Uma energia, que ninguém sabia que energia era, estava acelerando a expansão. O apelido de energia escura foi dado à ela.

O professor Edward Kipreos, que é na verdade um biólogo celular, conta que a teoria da relatividade sempre o intrigou, e de uns anos para cá ele se pôs a pensar no assunto relatividade e cosmologia, e o problema da energia escura. Particularmente, o curioso fenômeno da dilatação do tempo o intrigava: você viaja cada vez mais rápido, e o tempo “anda” cada vez mais devagar para você.

Baseado em seus próprios cálculos, ele publicou um trabalho no periódico aberto PLOS ONE, chamado“Implication of an Absolute Simultaneity Theory for Cosmolgy and Universe Acceleration”. Nele, o professor alega que deve have um referencial preferencial na hora de medir a dilatação do tempo, e este referencial seria o ponto de maior concentração de matéria nas proximidades.

No caso do observador aqui no nosso planeta, este referencial preferencial está bem debaixo de nossos pés, a Terra. Utilizando este referencial, o professor alega normalizar as velocidades de expansão, fazendo desaparecer a aceleração da expansão: tudo não passaria de uma ilusão causada pela dilatação do tempo destes objetos que estão viajando longe de nós.

O professor ainda alega que várias observações ficam bem explicadas pelo seu novo modelo, e não é preciso procurar a energia escura, por que a expansão do universo não estaria em aceleração.

Os problemas com a nova teoria

O primeiro sinal de alerta vem da maneira que o biólogo encontrou a solução, usando um referencial privilegiado. O que ele sugere é considerado por alguns uma espécie de retorno ao geocentrismo: vemos o universo em expansão por que estamos aqui neste ponto de observação privilegiado.

Outro sinal de alerta é que o veículo escolhido para publicar é o PLOS ONE. Este periódico tem publicado bons trabalhos, mas como é uma publicação aberta, a revisão por pares deixa um tanto a desejar. Além disso, o editor, que também é da área de biologia, pode deixar passar algo que não tem condições de revisar.

Finalmente, tem mais um problema: o autor se concentrou em explicar o brilho das supernovas, mas não são elas as únicas evidências da expansão acelerada do universo, como a chamada oscilação acústica bariônica (perturbações na radiação cósmica de fundo), e a densidade de aglomerados de galáxias. Estas e outras observações confirmam que o universo está em expansão acelerada.

Lembrando que novas hipóteses e teorias não substituem antigas teorias; apenas explicam um fenômeno único. O professor Kipreos alega que seu trabalho explica o desvio para o vermelho e a anomalia no brilho das supernovas que foi a primeira pista para a expansão acelerada, mas não fala nada sobre os outros aspectos do universo que também confirmam a expansão acelerada.

Infelizmente para o professor Kipreos, sua nova teoria para explicar a energia escura parece que já nasceu morta. 

Fonte: Hypescience logopet

1008jia2001