Internet 4G na Lua, na Terra e no Brasil
Já pensou em entrar no Instagram, assistir seus vídeos preferidos do Youtube e acompanhar suas séries favoritas, controlar sondas de forma remota e transmitir vídeos em alta resolução diretamente da Lua? A partir de 2022 isso será possível por meio da tecnologia 4G/LTE.
Histórico
No ano de 2009 se iniciaram pesquisas para desenvolver Wi-Fi na Lua. No ano de 2014 pesquisadores da NASA e do MIT tornaram isso possível. Para isso eles utilizaram quatro telescópios na Terra, com diâmetro de 15 cm que disparavam feixes de luz infravermelha até um satélite que orbitava na Lua. Assim, foi estabelecida uma conexão estável com velocidade de download de 19 Mbps, no Brasil, naquela época a velocidade média da internet era de 2,7 Mbps. Mas a tecnologia que será usada agora é diferente.
Atualidade
Na última segunda feira, a Nokia, empresa finlandesa de telecomunicações, anunciou que foi escolhida pela agência espacial americana, NASA, para construir a primeira rede celular no satélite natural. O plano é que a rede seja construída até o final de 2022, preparando a Lua para a volta de humanos, em 2024, por meio do programa Artemis. O objetivo é tornar a presença humana “sustentável” na Lua até 2028 – são U$379 milhões já investidos em vários projetos em parceria com várias empresas. O plano é construir uma base lunar semi-permanente que permita abrigar humanos em solo lunar por mais tempo.
A rede dará aos astronautas capacidades de comunicação por voz e vídeo, permitirá a troca de dados biométricos e telemétricos, também possibilitara a implantação e o controle remoto de veículos lunares e outros dispositivos robóticos.
Como será?
Para que a rede consiga operar no espaço, ela será projetada para aguentar condições de lançamento e pouso lunar. Aliás, a versão de 4G desenvolvida para a Lua não contará com torres altas que cobrem grandes áreas, a tecnologia será diferente, uma versão mais reduzida e que se adapta a condições adversas, oferecendo sinal para uma região menor. Tudo será compactado a fim de ser enviar para o satélite natural obedecendo as restrições de tamanho, peso e energia das cargas espaciais. Esse será o primeiro sistema de comunicação sem fio no espaço.
A empresa americana Intuitive Machines ficará responsável por construir a sonda que instalará a rede 4G remotamente. De acordo com a Nokia, foi feita a escolha pelo 4G/LTE porque é uma rede mais conhecida e com confiabilidade comprovada, porém o projeto prevê a possibilidade de que o sistema seja atualizado no futuro para o 5G.
Como andam as redes em solos terrestres?
Estudos da CISCO mostram que, em 2018 cerca de 3,9 bilhões de pessoas (51% da população global) estava conectada a Internet. Nesse mesmo ano, a média de dispositivos conectados per capita era de 2,4. A expectativa é que haverá 5,3 bilhões de usuários da Internet no total (66% da população global) em 2023. O número de dispositivos conectados a redes IP será mais de três vezes a população global em 2023, com 3,6 dispositivos em rede per capita em 2023, com 29,3 bilhões de dispositivos em rede em 2023. A expectativa para a América Latina é que em 2023 terá 470 milhões de usuários de Internet (70% da população regional), ante 387 milhões (60% da população regional) em 2018.
E no Brasil?
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) feita em 2019, e divulgada em 2020, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à Internet. O índice de pessoas conectadas varia entre áreas urbana (77%) e rural (53%). Foi a primeira vez que a conectividade no campo ultrapassou a metade dos residentes nesses locais.
Em relação ao dispositivo, os smartphones e outros aparelhos móveis são as ferramentas mais comuns para se conectar (99%), seguidos dos computadores (42%), das TVs (37%) e dos videogames (9%). A alternativa por televisores cresceu 7% de 2018 para 2019, mostrando um novo recurso para a conexão.
Entre os desafios que dificultam a inclusão de mais brasileiros nas redes está a alta carga tributária, as legislações que dificultam a instalação de antenas, a falta de efetividade na aplicação de recursos setoriais e a falta de políticas públicas voltadas para acesso.
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Por Kássia Carvalho