Inteligência Artificial: Aliada ou Ameaça?

Inteligência Artificial: Aliada ou Ameaça?

Introdução:

Desde o início do século, o foco de todo o mundo da tecnologia está sobre as inteligências artificiais. Grandes investimentos de empresas como Google, Apple e Meta, o estouro da popularidade das IAs, como o Chat GPT e até mesmo a greve dos roteiristas norte-americanos de 2023 ilustram o poder que esta nova indústria tem de afetar todos os setores da economia mundial. Porém, assim como todas as ferramentas que a antecederam, os humanos novamente se perguntam: devemos nos preocupar com o desenvolvimento da Inteligência Artificial?

Origem:

Apesar de inesperado, o início do desenvolvimento das IAs é datado na década de 40. O primeiro modelo computacional para redes neurais foi criado pelo neurofisiologista Warren McCulloch e pelo matemático Walter Pitts. A partir dela, durante a Segunda Guerra Mundial, houveram tentativas de interceptar mensagens alemãs por meio deste tipo de máquinas.

Sendo assim, o avanço das pesquisas de inteligências artificiais começou nos anos 90, até evoluir no que é hoje. Vale destacar a importância de Alan Turing, o pai da computação, neste processo, já que foi o primeiro a propor o termo tão conhecido: “inteligência artificial”. Como recomendação, assista o premiado filme “O Jogo da Imitação”, estrelado por Benedict Cumberbatch e dirigido por Morten Tyldum.

Fotografia de Alan Turing

4ª Revolução Industrial:

Antes de dissertar sobre a questão central, é importante esclarecer que atualmente, vivemos no 4° estágio da Revolução Industrial, sendo a robótica e as IAs suas tecnologias características. Neste sentido, o impacto econômico do processo revolucionário é gigante e direto, podendo ser comprovado pelo fato de que esta área tecnológica é a que mais recebe investimentos das grandes multinacionais, como também a adoção das mesmas, direcionadas para segurança de dados, eficiência de serviços e P&D.

Para exemplificar, drones fabricados pela empresa israelense Tevel estão sendo amplamente comercializados nos setores da agricultura do mundo inteiro. As máquinas possuem como funcionalidade a colheita de frutas e, a partir de uma inteligência artificial, conseguem distinguir frutos, galhos e folhas e selecionar os melhores produtos, descartando os que não se adequam aos padrões de qualidade. Para mais informações sobre o dispositivo, acesse: https://youtu.be/nYl_1TMVwjw?si=j_HWLrTc31XvSsiX

Drone da empresa Tevel

Dilema:

Com todas as considerações feitas, voltamos à questão: as inteligências artificiais serão benéficas ou serão uma ameaça? É inegável que as redes neurais têm muito potencial em auxiliar em todas nossas atividades, visto que a extrema rapidez de seu auto aprendizado faz com que suas informações nas diversas áreas do conhecimento sejam ricas e, consequentemente, conseguem orientar e facilitar a realização de nossas tarefas. Destaca-se a versatilidade, já que elas possuem uma ampla aplicação na educação, medicina, pesquisas avançadas e até mesmo no cotidiano, aumentando a eficiência e a produtividade das atividades humanas.

Também é importante dizer que a história revela que em todas as etapas da Revolução Industrial, as pessoas temeram ser substituídas pelas máquinas. Humanos nunca foram substituídos e nunca poderão ser. A realidade é que os seres humanos perderão seus empregos apenas para outros que saibam utilizar as IAs.

Contudo, nem tudo são flores. O uso destas ferramentas peculiares tem que estar de “mão dada” com a ética. Já foram noticiados casos nas quais IAs foram comandadas a plagiar trabalhos artísticos de outras pessoas, conflitando com os princípios dos direitos autorais. Também já ocorreram situações de roubo de dados, informações pessoais e capital por meio das redes neurais. Neste âmbito, as empresas desenvolvedoras (Open AI, Google, Meta, …) não se excluem da responsabilidade destes mecanismos. É extremamente essencial que seja efetuado a regulação e o direcionamento destas tecnologias, pois inteligências artificiais possuem a plena capacidade de tomarem decisões independentes se não forem controladas.

Para ilustrar, pode-se citar roubos de valores exorbitantes, como o caso de R$ 129 milhões tomados de uma empresa chinesa de nome não revelado, que só foi possível a partir do uso de IAs para gerar a cópia do rosto e vozes do diretor financeiro da organização (ferramenta conhecida como “deepfake”).

Portanto, a resposta para a pergunta deve ser: as inteligências artificiais serão totalmente benéficas, se usadas com total responsabilidade.

Gostaria de recomendar o episódio #3 do Eletricast de 2024: Matrix e Inteligência Artificial, lançado no Spotify e produzido também pelo PET Elétrica UFJF, em parceria com a Rádio FACOM.

IAs no Brasil:

Em território brasileiro, o grande potencial das inteligências artificiais gera entusiasmo na maioria, ou em outras palavras, estão no “HYPE”, principalmente as IAs generativas, como o Chat GPT, Gemini e Copilot.

ChatGPT vs. Microsoft Copilot vs. Gemini: Which Chatbot Should You Get? -  Tech4Law

Dessa forma, em 2020 houve o surgimento da organização governamental EBIA (Estratégia Brasileira de Inteligência Brasileira), cujo objetivo é orientar o avanço científico dessas tecnologias para o benefício do país. Conforme o documento de referência do EBIA: “Espera-se que a IA possa trazer ganhos na promoção da competitividade e no aumento da produtividade brasileira, na prestação de serviços públicos, na melhoria da qualidade de vida das pessoas e na redução das desigualdades sociais, entre outros”.

No entanto, há também preocupações. Marcos legais, leis e regulamentações sobre o desenvolvimento e uso das IAs já são discutidos no Senado Brasileiro, sendo as principais pautas: objetividade em efetuar crimes, Direitos Autorais e roubos digitais.

Conclusão:

A intenção que levou à construção deste texto é tentar mostrar que o grande avanço das inteligências artificiais é justificado pelo potencial delas de transformar a vida humana positivamente, mas exige uma regulamentação para que esta função seja desempenhada corretamente.

Por fim, não é necessário nos sentirmos ameaçados. Apenas devemos aproveitar o que ela tem a nos proporcionar, com responsabilidade, e assim será possível desempenhar um melhor papel enquanto seres humanos.

João Munck