Economia de Carbono Azul

Economia de Carbono Azul

Introdução

“Se fosse a sétima maior economia do mundo, o oceano seria membro do G7 e sentaria à mesa (dos países poderosos)”, diz Sonia Ruiz, especialista em sustentabilidade do Instituto Esade de Inovação Social e fundadora do Noima.

Os mares e costas do mundo inteiro, além de terem uma alta importância em inúmeros fatores para o mundo, como por exemplo, história, política e economia, é de extrema importância para garantir o futuro das próximas gerações e reduzir inúmeros impactos climáticos que têm se intensificado no mundo atual. Dessa forma, no contexto se sustentabilidade e a necessidade de desenvolver técnicas para reduzir os impactos ambientais e talvez até recuperá-los, destaca-se o carbono azul e os oceanos como um grande atuante nisso.

O que é o carbono azul?

É o carbono sequestrado por esses ecossistemas marinhos e costeiros, armazenando-o em suas plantas e no solo. Esses ecossistemas são caracterizados por uma rica diversidade de fauna e flora, os quais destacam-se pântanos salgados, prados de ervas marinhas e manguezais quanto à economia de carbono azul. Todos esses três ecossistemas apresentam, além de diversos outros benefícios, a filtragem da água de poluentes. No entanto, eles também compartilham do desmatamento evidenciado nos últimos anos. 

O carbono azul é de extrema importância para o retardamento das mudanças climáticas, uma vez que os ecossistemas costeiros e marinhos sequestram de forma significativa gases do efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global. Dessa forma, temos que o carbono azul é imprescindível para que as metas do desenvolvimento sustentável sejam cumpridas e para a transição energética no uso de energias limpas e renováveis, além de muitos outros fatores aos quais ele também se aplica. 

O que é um projeto carbono azul?

Quando áreas de ecossistemas como os exemplificados acima são desmatadas, a emissão de gases do efeito estufa aumenta muito, uma vez que elas são grandes fontes de armazenamento desses gases, e isso contribui de forma significativa para o aquecimento global. Dessa forma, esses projetos usam o discurso da mudança climática para apoiar a conservação, restauração e uso sustentável desses ecossistemas. Esses projetos, em níveis locais, além de serem extremamente importantes para o meio ambiente, podem gerar uma fonte de renda e subsistência para as cidades costeiras ali localizadas, além do que, além de manter os gases estufa armazenados, eles ainda sequestram mais gases de outros lugares. 

Ao mesmo tempo que os projetos de carbono azul são muito defendidos, existe uma resposta também a esses projetos contestando alguns fatores como a incerteza da quantidade de armazenagem de carbono por esses ecossistemas e a acidez dos oceanos ao longo do tempo, uma vez que esses ecossistemas absorvem muito mais carbono do que deveriam, podendo gerar um grande impacto negativo no ambiente marinho e costeiro, como é indicado o link abaixo para a leitura desta resposta. Esse link mostra também alguns projetos carbono azul que o autor indica e se solidariza. 

Ambos os argumentos são de extrema importância ao analisar os benefícios e os prejuízos de um projeto como esse, uma vez que é sempre necessária essa observação da capacidade da natureza e de como esses projetos impactarão os ecossistemas a longo prazo. Cabendo, neste e em diversos casos, uma ampla discussão sobre a melhor forma na qual devemos garantir a sustentabilidade. 

Alguns projetos carbono azul

  • conservação de zonas úmidas: a degradação desses solos pode gerar uma alta emissão de CO2, portanto, sua conservação é de extrema importância. As atividades para execução do projeto incluem controle de fontes de estresse (como por exemplo poluição costeira) e trabalho com planejadores do uso da terra. 
  • restauração e criação de zonas úmidas florestadas: este projeto conta com inúmeras atividades que podem o ajudar e desenvolver zonas úmidas florestadas, entre elas a melhoria da qualidade da água para ervas marinhas, redução do nível da água em antigos pântanos represados e aumento do suprimento de sedimentos (removendo barragens). 
  • Instituto de investigação marinha e da pesca no Quênia: o projeto objetiva a redução da degradação e promoção da utilização sustentável desses habitats, favorecendo, também, a pesca e subsistência local.

Todos os projetos carbono azul devem apresentar um planejamento, um estudo e um objetivo principal que reforce sua importância e necessidade. Dessa forma, existem elementos imprescindíveis para que os projetos ocorram: 

  • escopo: potenciais interessados para a participação do projeto, que podem ir desde empresas e cientistas interessadas no desenvolvimento sustentável a atividades de subsistência, por exemplo, que podem se beneficiar com o seu andamento; além disso, essa parte do projeto conta com a sua viabilização técnica, jurídica, financeira e de avaliação do projeto como um todo, risco de não permanência e como o projeto irá auxiliar sustentavelmente, socialmente e economicamente o local;
  • planeamento: essa parte do projeto conta com a identificação dos objetivos mensuráveis do projeto, garantir suas parcerias, desenvolvimento de estratégias de monitoramento e métodos de avaliação de carbono azul, conclusão da análise e avaliação de gênero e criação de um plano de ação. 
  • demonstração: inclui avaliação do carbono azul e sua demonstração, mostrando como ele será usado para a melhoria do sistema político e do ecossistema, através de acordos e financiamentos, por exemplo;
  • implementação: nessa fase deve-se garantir sempre o bom desenvolvimento e monitoramento do projeto e realizar análise de todos os parâmetros envolvidos (financeiro, político, social e sustentabilidade) além de observar a efetividade do projetos e como as metas estão sendo alcançadas. Os projetos devem, também, ser verificados em órgãos de verificação. 
  • monitoramento e avaliação: observar possíveis problemas do projeto e reformular estratégias para solucioná-los, por exemplo.

Economia Azul

“Indústrias importantes ao redor do mundo dependem da saúde dos oceanos e têm impacto sobre ela. A economia oceânica movimenta entre US$3 e 6 trilhões a cada ano, segundo dados da ONU”.

Os oceanos são de extrema importância para diversos fatores que rodeiam a Terra. Dentre assuntos mais abrangentes possíveis, podemos citar a história, geografia, política, sociedades, das mais variadas que existem, cultura, idiomas, alimentação, clima, ciência e economia. Todos esses tópicos apresentam íntima relação com as águas e foram extremamente influenciados por elas durante milhares de anos, ainda sendo hoje de uma importância gigantesca. Focado esse texto somente na economia, o oceano possui e garante a prosperidade de grandes potências mundiais. 

Dentre diversos exemplos de como o oceano atinge a economia mundial temos por exemplo, a pesca, o turismo, agricultura, transporte marinho, recursos naturais (petróleo, gás natural), serviços ecossistêmicos (sustentando a economia, filtrando água, proteção costeira e reservando carbono), diminuem impactos climáticos, desenvolvimento de tecnologia e criando novas oportunidades de negócios e empregos. 

Em termos de como nós nos beneficiamos dele de maneira ecossistêmica e sustentável, temos inclusos outros diversos fatores como aumento da biodiversidade, recursos alimentares, fontes de energia renováveis, ciclo da água, regulação do clima, entre diversos outros. 

No entanto, apesar de ter sido citado aqui enormes impactos positivos sobre o oceano, como podemos utilizá-lo de maneira sustentável, de forma que não acabe com os nossos recursos, que o proteja e que, além disso, consiga auxiliar o combate ao aquecimento global e redução da emissão de gases do efeito estufa? Nesse caso recorremos ao carbono azul, a economia azul. Sua importância está em todos os fatos já mencionados anteriormente, a proteção desse ambiente marinho e costeiro, além de utilizá-lo a nosso favor, protegendo espécies e ecossistemas do desmatamento, garantindo de forma sustentável o crescimento e desenvolvimento das sociedades do mundo. Tal atitude pode garantir, além da prática sustentável e aumento do tempo de vida na Terra, diminuir também o aquecimento global, desenvolver práticas de subsistência locais, fomentando a economia local ao lugar que pratica projetos de carbono azul. A economia local não só será aumentada pela prática da subsistência, como também pela ciência desenvolvida no local e novas tecnologias, que abrem espaço para uma ampla categoria de empregos, gerando um impacto enorme em diversos parâmetros da sociedade.

Conclusão

O oceano é, e sempre foi, muito importante para a economia, política e sociedade mundial durante diversos anos. O crescimento enorme ao longo dos últimos anos, no entanto, tem tornado recursos extremamente importantes, escassos e têm contribuído para um aumento considerável de gases poluentes que aumentam o efeito estufa. Contudo, economias marinhas e costeiras podem nos auxiliar ainda nesse processo e se cuidarmos de forma sustentável dos oceanos, levando em conta a importante economia azul, podemos reduzir drasticamente impactos de diversas vertentes, evidenciando ainda mais a importância dos oceanos e a necessidade de cuidar deles. 

Anna Ridzi