Cientistas recebem Nobel de Física pela descoberta do Bóson de Higgs
Peter Higgs e François Englert são os vencedores do prêmio Nobel da Física por terem identificado, há 50 anos, partículas que explicam a formação do Universo e a vida como a conhecemos hoje. Trata-se do bóson de Higgs, teoria que os cientistas haviam formulado nos anos 60 e que apenas no ano passado, depois de gastar US$ 8 bilhões, é que testes conseguiram provar suas teses e identificar o que seria o bóson.
A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou os vencedores do prêmio em uma coletiva de imprensa realizada na manhã de 08/10, em Estocolmo. Os dois cientistas vão dividir um prêmio de oito milhões de coroas suecas (o equivalente a 1,2 milhões de dólares), que serão entregues em uma cerimônia na mesma cidade no mês de dezembro.
Para o Nobel, o prêmio vai para uma descoberta que abriu uma nova dimensão da física e que seria equivalente na ciência apenas ao descobrimento do DNA ou das teorias de Isaac Newton.
O responsável por comprovar que Higgs e Englert estavam certos foi o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), que anunciou em Genebra que identificou uma nova partícula subatômica que poderia ser o bóson de Higgs.
A revelação foi a mais importante prova da existência da peça que faltava para a teoria que explica a formação do Universo, redefinindo o mundo da ciência. Mas seu real valor, para muitos no Cern, é de que abre uma nova era desconhecida para a física.
A teoria – conhecida como Modelo Padrão e que explica o comportamento das forças e peças na natureza – indica que essa seria a partícula que garante massa a todas as demais e, portanto, central na explicação do Universo. Conhecida vulgarmente como “Partícula de Deus”, tratava-se da última fronteira não resolvida pela física.
Nos anos 60, o cientista Peter Higgs desenvolveu a teoria e indicou que uma energia invisível preencheria um vácuo no espaço. Ao se moverem, partículas são puxadas uma contra as outras, dando massa a um átomo. Já as partículas da luz não sentem essa atração e não contam com massa. Sem a particular responsável por unir as demais, átomos não conseguiram ser formados no início do Universo e a vida como a conhecemos hoje simplesmente não existiria.
Ao apresentar sua tese, nos anos 60, Higgs foi alvo de duras críticas, com comentários de que a pesquisa seria irrelevante que “nada adicionava” à física. Levaria meio século para sua comprovação. Ao mesmo tempo, Englert chegava à mesma conclusão, em uma pesquisa separada.
O problema é que suas partículas hipotéticas – hoje conhecido como o bóson de Higgs – jamais foram encontradas, pelo menos até o Cern desenvolver seu acelerador de partículas.
Depois de acumular dados a partir do maior acelerador de partículas do mundo, construído entre a Suíça e França e que custou US$ 8 bilhões, os cientistas praticamente confirmam a existência de sinais do bóson. Dois experimentos diferentes – os detectores Atlas e o CMS – se lançaram na corrida pela partícula no Cern, promovendo 500 trilhões de choques de átomos a uma velocidade recorde. A esperança era de a energia usada e a capacidade dos computadores de detectar os eventos permitiria visualizar o Higgs.
No Cern, cientistas insistem que o resultado final e a revelação sobre o “Santo Graal” da física só teria como rival a descoberta da estrutura do DNA, há 60 anos. Outros preferem comparar com o impacto da teoria da gravidade, de Isaac Newton, em 1687.
Quanto às aplicações, todos admitem que nenhum cientistas tem hoje ideia do como a descoberta será usada e que, provavelmente, outros 50 anos se passarão para que ela tenha um uso prático. Esse foi o caso do próprio DNA ou das ondas eletromagnéticas.
Fonte: Engenhariae